Homenagem à Tezuka
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Homenagem à Tezuka
esse é um texto,eu achei na internet http://xsil.blogspot.com/2010/06/homenagem-tezuka.html
é do dia 3 de Novembro de 2006
Se o velhinho estivesse vivo, ele estaria com 78 anos e provavelmente trabalhando. Para terror e alegria de seus colecionadores, que além de comprar todos os cinco títulos em que ele trabalhava simultaneamente na maior parte de sua carreira, teriam que correr atrás de cada reencadernação de seus trabalhos. Tezuka chegava a refazer até 90% das páginas de trabalhos anteriores sempre que recebiam novas edições.
Com os mais de vinte anos desde que se foi, as 170 mil páginas que ele produziu durante a vida toda poderiam ser 200 mil, mas provavelmente seriam muito mais. Tezuka era workaholic, produzir era seu vício.
alvez ele aparecesse de ponta no programa que o filho dele, Makoto Tezuka, tem na rede NHK. Talvez fosse confundido com Jackie Chan, ou quem sabe o contrário… Provavelmente, continuaria sendo uma figura influente do mangá, e, espero eu, estaria sendo genial como sempre.
Tezuka se foi com muitas idéias guardadas na cabeça, sem tempo de passar para o papel. Ele produzia muito, de deixar os mangakás de hoje envergonhados de perder o prazo de míseras 20 paginas semanais. E ele NUNCA deixava a qualidade cair e SEMPRE teve muito cuidado com a narrativa e a diversão principalmente.
Por que hoje ele é considerado o Deus do mangá? Porque ele criou, ele expandiu e ele estipulou os principais mandamentos do manga. E, apesar de não ser um desenhista excepcional, escreve certo por linhas tortas. Seus desenhos cumprem seu papel. Não é a toa que ele criou todo o sistema de narrativa dinâmica que define o quadrinho japonês.
O próprio costumava dizer que não desenhava bem e se gabava disso. Ele pode. Tezuka não fazia rascunhos. Desenhava direto com a pena em papel branco. E nao é só. Ele não tinha cópias de suas historias, mas lembrava de cada página de cabeça e passava instruções aos assistentes por telefone.
De acordo com o ele, desde a produção da história Gachaboi Ichidaiki, o deus do Mangá tomou seu corpo e usou todo o seu tempo de vida para contar as maiores histórias de sua época e de várias outras por vir.
Mas Tezuka não acreditava em divindades. Ele era um humanista por auto-definição, e isso pode ser sentido em cada um de seus trabalhos. Os homens lá não são seres passivos, destinados. Somente os esforços humanos levam a prosperidade. Ele acreditava nisso. E por isso, Tezuka nunca parou de se esforçar. Quebrou barreiras.
Ele foi e sempre será o maior nome do Story Manga, como ficou conhecido o mangá com começo, meio e fim, e em geral pra um público juvenil. Vertente que já bateu de frente com o Gekigá, de Takao Saito, que defendia que o story manga de Tezuka atrasava o amadurecimento da indústria. Por um tempo, Tezuka perdeu. Mas ele nunca disputou de verdade. Acabou absorvendo o Gekigá, e foi além.
Ele trabalhou em praticamente todos os gêneros possíveis dos mangás, mas sempre teve um ponto fraco: não sabia o que fazer em um mangá de esportes. Por isso, invejava Eichi Fukui, a quem considerava seu rival. Os dois até já dividiram quarto na época da Manga Shonen, a maior até o inicio da Shonen Sunday e Shonen Jump.
A dupla Fujiko Fujiyo, que já trabalharam como assistentes de Tezuka, são seus principais seguidores no Story Manga. E eles são os criadores do Super Dínamo e do Doraemon! Não é à toa que Tezuka cedeu até o quarto em que morava no Tokiwa Sou, lar daquela geração de artistas, para os dois aspirantes. Entre outros assistentes dele estava Hiroshi Sasagawa, que viria a levantar o estúdio Tatsunoko Production, que fez diversos animes como Speed Racer. Tezuka ensinou e ajudou muito os artistas que o seguiam.
Mas ele não era tão simpático como parece pelas fotos sorridentes. Sempre bem objetivo e ácido mesmo em conversas simples, Tezuka chegou a criticar o trabalho de Shigeru Mizuki, pai do mangá de terror japonês, na sua frente, sem nem o cumprimentar direito antes.
Dizia que seus desenhos eram feios e rabiscados e que ele próprio poderia fazer aqueles mangás quando quisesse. Mizuki, canhoto, tinha perdido sua mão esquerda durante a Segunda Guerra Mundial e reaprendeu a desenhar com a mão direita. Mas existe um certo entendimento entre os seus conhecidos, de que ele não enxergava barreiras, não havia motivo para dar chances especiais para uma deficiência. Todo tipo de bloqueio deveria ser quebrado, nada era impossível. De novo, seu tema de vida, o esforço para alcançar algo maior.
Também tinha uma rixa com mangás de esporte e falava abertamente que não via graça em Kyojin no Hoshi (Star of Giants no Ocidente), clássico mangá de beisebol e decepcionou um grande admirador e antigo assistente, Shotaro Ishinomori, quando criticou duramente um de seus trabalhos dizendo "isso não é mangá". Tezuka sempre foi áspero ao criticar pessoas próximas. Gosto de pensar que isso foi para que essas pessoas não se acomodassem.
Com Takao Saito, ele teve uma grande briga. Saito costumava dizer que "o Deus do mangá sabe mais sobre diagramação do que sobre mangá". O episódio da derrubada do story mangá para o Gekigá, em meio a um período duro de transição social do Japão, fez Tezuka ficar literalmente sem trabalho, correndo atrás de editoras que o publicassem. Teimou por anos que os quadrinhos eram feitos para agregar o sonho na vida das pessoas, e o Gekigá, que tem por premissa a valorização do real, era sua antítese.
Saito declarava que sonhos eram inúteis, as pessoas não queriam sonhar, queriam se ver lá e ver seus ideais.
Tezuka viria a voltar aos quadrinhos com Black Jack, não se rendendo completamente à forma do Gekigá, mas atribuindo realismo à sua mensagem de que a vida é única e só o esforço faz ela valer a pena.
Ele ainda se valia de sua posição de importância para pregar peças em seus admiradores. Uma de suas favoritas era fazer udon (macarrão japonês bem grosso) de chocolate, e servir aos desavisados. Leiji Matsumoto e Go Nagai já cairam nessa. Nagai só veio ficar sabendo que era uma brincadeira em um programa de TV, a poucos anos atrás. Jurava que era um gosto peculiar de um gênio.
Também judiava de seus editores, dizendo coisas como "eu quero um melão, senão não entrego a história" no meio da madrugada. Naquela época, melão era raro no Japão e as lojas não abriam a noite. Costumava fazer pegadinhas com os editores novatos, para ver se valia a pena trabalhar com eles. Além disso, a ordem de entrega de seus trabalhos era decidida pela ordem dos editores que ele mais gostava. Isso tudo era por causa da exigente personalidade dele, aliada ao ostracismo do sistema de empregados do Japão, que tornava editores meros atravessadores de material, sem grandes esforços na vida.
Uma das poucas pessoas que ele admirava na nova geracão foi Katsuhiro Otomo, a quem elogiou muito por Akira. Para Tezuka, que sempre dizia que o desenho não tinha tanta importância, o desenho de Otomo chegou a fazer Tezuka repensar sua falta de talento no traçado.
Ainda, ele tinha inveja assumida do talento de Hayao Miyazaki, porque Miyazaki conseguiu fazer nas telas o que Tezuka sempre quis mas não pode fazer na época de seu estúdio de animação. Tezuka elogiou Cagliostro no Shiro na ocasião da estreia do filme em cinemas japoneses.
Tezuka era uma figura grandiosa pelo seu trabalho e também era um ser humano, com vários defeitos. Mas de frente para sua mesa, ou encarando algum editor, ou lendo o material de seus assistentes, Tezuka sempre foi claro em sua mensagem: a vida é importante e só o esforço a recompensa.
Hoje é Natal para o mangá. O dia em que Deus nasceu na terra dos homens.(3 de Novembro)(o esse poste é de 3 de Novembro de 2006)
é do dia 3 de Novembro de 2006
Se o velhinho estivesse vivo, ele estaria com 78 anos e provavelmente trabalhando. Para terror e alegria de seus colecionadores, que além de comprar todos os cinco títulos em que ele trabalhava simultaneamente na maior parte de sua carreira, teriam que correr atrás de cada reencadernação de seus trabalhos. Tezuka chegava a refazer até 90% das páginas de trabalhos anteriores sempre que recebiam novas edições.
Com os mais de vinte anos desde que se foi, as 170 mil páginas que ele produziu durante a vida toda poderiam ser 200 mil, mas provavelmente seriam muito mais. Tezuka era workaholic, produzir era seu vício.
alvez ele aparecesse de ponta no programa que o filho dele, Makoto Tezuka, tem na rede NHK. Talvez fosse confundido com Jackie Chan, ou quem sabe o contrário… Provavelmente, continuaria sendo uma figura influente do mangá, e, espero eu, estaria sendo genial como sempre.
Tezuka se foi com muitas idéias guardadas na cabeça, sem tempo de passar para o papel. Ele produzia muito, de deixar os mangakás de hoje envergonhados de perder o prazo de míseras 20 paginas semanais. E ele NUNCA deixava a qualidade cair e SEMPRE teve muito cuidado com a narrativa e a diversão principalmente.
Por que hoje ele é considerado o Deus do mangá? Porque ele criou, ele expandiu e ele estipulou os principais mandamentos do manga. E, apesar de não ser um desenhista excepcional, escreve certo por linhas tortas. Seus desenhos cumprem seu papel. Não é a toa que ele criou todo o sistema de narrativa dinâmica que define o quadrinho japonês.
O próprio costumava dizer que não desenhava bem e se gabava disso. Ele pode. Tezuka não fazia rascunhos. Desenhava direto com a pena em papel branco. E nao é só. Ele não tinha cópias de suas historias, mas lembrava de cada página de cabeça e passava instruções aos assistentes por telefone.
De acordo com o ele, desde a produção da história Gachaboi Ichidaiki, o deus do Mangá tomou seu corpo e usou todo o seu tempo de vida para contar as maiores histórias de sua época e de várias outras por vir.
Mas Tezuka não acreditava em divindades. Ele era um humanista por auto-definição, e isso pode ser sentido em cada um de seus trabalhos. Os homens lá não são seres passivos, destinados. Somente os esforços humanos levam a prosperidade. Ele acreditava nisso. E por isso, Tezuka nunca parou de se esforçar. Quebrou barreiras.
Ele foi e sempre será o maior nome do Story Manga, como ficou conhecido o mangá com começo, meio e fim, e em geral pra um público juvenil. Vertente que já bateu de frente com o Gekigá, de Takao Saito, que defendia que o story manga de Tezuka atrasava o amadurecimento da indústria. Por um tempo, Tezuka perdeu. Mas ele nunca disputou de verdade. Acabou absorvendo o Gekigá, e foi além.
Ele trabalhou em praticamente todos os gêneros possíveis dos mangás, mas sempre teve um ponto fraco: não sabia o que fazer em um mangá de esportes. Por isso, invejava Eichi Fukui, a quem considerava seu rival. Os dois até já dividiram quarto na época da Manga Shonen, a maior até o inicio da Shonen Sunday e Shonen Jump.
A dupla Fujiko Fujiyo, que já trabalharam como assistentes de Tezuka, são seus principais seguidores no Story Manga. E eles são os criadores do Super Dínamo e do Doraemon! Não é à toa que Tezuka cedeu até o quarto em que morava no Tokiwa Sou, lar daquela geração de artistas, para os dois aspirantes. Entre outros assistentes dele estava Hiroshi Sasagawa, que viria a levantar o estúdio Tatsunoko Production, que fez diversos animes como Speed Racer. Tezuka ensinou e ajudou muito os artistas que o seguiam.
Mas ele não era tão simpático como parece pelas fotos sorridentes. Sempre bem objetivo e ácido mesmo em conversas simples, Tezuka chegou a criticar o trabalho de Shigeru Mizuki, pai do mangá de terror japonês, na sua frente, sem nem o cumprimentar direito antes.
Dizia que seus desenhos eram feios e rabiscados e que ele próprio poderia fazer aqueles mangás quando quisesse. Mizuki, canhoto, tinha perdido sua mão esquerda durante a Segunda Guerra Mundial e reaprendeu a desenhar com a mão direita. Mas existe um certo entendimento entre os seus conhecidos, de que ele não enxergava barreiras, não havia motivo para dar chances especiais para uma deficiência. Todo tipo de bloqueio deveria ser quebrado, nada era impossível. De novo, seu tema de vida, o esforço para alcançar algo maior.
Também tinha uma rixa com mangás de esporte e falava abertamente que não via graça em Kyojin no Hoshi (Star of Giants no Ocidente), clássico mangá de beisebol e decepcionou um grande admirador e antigo assistente, Shotaro Ishinomori, quando criticou duramente um de seus trabalhos dizendo "isso não é mangá". Tezuka sempre foi áspero ao criticar pessoas próximas. Gosto de pensar que isso foi para que essas pessoas não se acomodassem.
Com Takao Saito, ele teve uma grande briga. Saito costumava dizer que "o Deus do mangá sabe mais sobre diagramação do que sobre mangá". O episódio da derrubada do story mangá para o Gekigá, em meio a um período duro de transição social do Japão, fez Tezuka ficar literalmente sem trabalho, correndo atrás de editoras que o publicassem. Teimou por anos que os quadrinhos eram feitos para agregar o sonho na vida das pessoas, e o Gekigá, que tem por premissa a valorização do real, era sua antítese.
Saito declarava que sonhos eram inúteis, as pessoas não queriam sonhar, queriam se ver lá e ver seus ideais.
Tezuka viria a voltar aos quadrinhos com Black Jack, não se rendendo completamente à forma do Gekigá, mas atribuindo realismo à sua mensagem de que a vida é única e só o esforço faz ela valer a pena.
Ele ainda se valia de sua posição de importância para pregar peças em seus admiradores. Uma de suas favoritas era fazer udon (macarrão japonês bem grosso) de chocolate, e servir aos desavisados. Leiji Matsumoto e Go Nagai já cairam nessa. Nagai só veio ficar sabendo que era uma brincadeira em um programa de TV, a poucos anos atrás. Jurava que era um gosto peculiar de um gênio.
Também judiava de seus editores, dizendo coisas como "eu quero um melão, senão não entrego a história" no meio da madrugada. Naquela época, melão era raro no Japão e as lojas não abriam a noite. Costumava fazer pegadinhas com os editores novatos, para ver se valia a pena trabalhar com eles. Além disso, a ordem de entrega de seus trabalhos era decidida pela ordem dos editores que ele mais gostava. Isso tudo era por causa da exigente personalidade dele, aliada ao ostracismo do sistema de empregados do Japão, que tornava editores meros atravessadores de material, sem grandes esforços na vida.
Uma das poucas pessoas que ele admirava na nova geracão foi Katsuhiro Otomo, a quem elogiou muito por Akira. Para Tezuka, que sempre dizia que o desenho não tinha tanta importância, o desenho de Otomo chegou a fazer Tezuka repensar sua falta de talento no traçado.
Ainda, ele tinha inveja assumida do talento de Hayao Miyazaki, porque Miyazaki conseguiu fazer nas telas o que Tezuka sempre quis mas não pode fazer na época de seu estúdio de animação. Tezuka elogiou Cagliostro no Shiro na ocasião da estreia do filme em cinemas japoneses.
Tezuka era uma figura grandiosa pelo seu trabalho e também era um ser humano, com vários defeitos. Mas de frente para sua mesa, ou encarando algum editor, ou lendo o material de seus assistentes, Tezuka sempre foi claro em sua mensagem: a vida é importante e só o esforço a recompensa.
Hoje é Natal para o mangá. O dia em que Deus nasceu na terra dos homens.(3 de Novembro)(o esse poste é de 3 de Novembro de 2006)
Re: Homenagem à Tezuka
Tezuka-sensei, Descance em Paz, que o senhor merece ^^
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