The magic of Halloween

É possível dizer que o mal existe até no coração daqueles que praticam o bem. As vezes é necessário apenas um pequeno impulso ou motivo para que ele se mostre presente e o memento em que todos os motivos possíveis para que o mal se torne algo natural é na noite em que todas as orações se tornam inúteis, a noite de Halloween. Mas não pense que essa é uma realidade distante de você, pois da mesma forma que “o mostro do armário” se esconde nos guarda-roupas das crianças americanas, o bicho-papão se esconde embaixo das camas das crianças brasileiras.

Uma pequena cidade formada próxima a um rio e muito próxima de uma parte de floresta ainda preservada. Nela vivem habitantes tanquilos que possuem uma vida calma e sem grandes problemas, pelo menos na maior parte do tempo.
Na cidade existe uma propriedade interessante, uma pequena fazenda, onde há criação de gado e uma casa toda feita de madeira. Os limites da propriedade terminam quando começa a floresta e por isso ela é bem próxima do rio. Na varanda da residência uma garotinha de não mais que oito anos brinca com sua boneca de pano.

- Vamos brincar de que hoje senhora Sally? – Pergunta a garotinha para seu brinquedo e começa um dialogo falso com o mesmo.

Já estava anoitecendo, a escuridão já tomara grande parte do céu e a menina podia ouvir o pai tocando o gado no lado esquerdo da casa. Porém ela também ouviu barulhos vindos de um rumo de feno que ficava do lado direito. Curiosa ela foi até lá carregando sua boneca por um dos braços. No lugar havia uma lebre presa em meio ao feno.

- Olha senhora Sally, um coelhinho. – A menina soltou a boneca no chão e tomou o bicho nas mãos.

Por um momento ela o manteve consigo, porém a lebre a mordeu e a garota a deixou escapar, correndo em direção à floresta, passando através da cerca da propriedade. A menina teve receio de ir atrás, mas logo passou por entre as barras e correu para a floresta. Seu pai quando veio chamá-la não a encontrou e ao procurá-la viu que sua boneca estava no chão e que havia pegadas dela indo em direção à floresta. Então rapidamente chamou o seu irmão e o seu filho mais velho e correu em direção à floresta.
Eles chamavam pela garota incessantemente, mas não obtiveram resultados. Porém quando chegaram a um ponto da floresta se depararam com uma crianças estranha, com rosto deformado, tufos de cabelo ruivo na cabeça e com pés ao contrário agachada ao lado do corpo da menina enquanto comia o interior de seu estomago.

- Meu Deus! – O pai da menina falou horrorizado.

Assim que a criatura notou a presença deles emitiu um som estranho e agudo mostrando os dentes pontiagudos e o sangue que escorria as sua boca, em seguida sumiu repentinamente. Eles notaram pegadas no chão e as seguiram, queriam a qualquer custo saborear o gosto da vingança, mas quanto mais seguiam os rastros, mais parecia que se afastavam do alvo. Então chegaram a uma pequena clareira, ao redor do espaço eles ouviam barulhos de coisas se movendo em várias direções diferentes, ora parecia barulho de cobra ora de um tipo de bovino.

O barulho ficava cada vez mais próximo, o irmão mais velho da menina então ouviu gritos do tio e quando ele e seu pai olharam ele havia sumido, então sua cabeça veio voando de entre a escuridão formada por alguma arvores e caiu aos pés de ambos. Eles gritaram em desespero. Da escuridão saiu uma imensa criatura com corpo de serpente, porém com pelos no lugar de escamas, sua cara era de um boi com chifres e focinho, porém os olhos eram de cobra, olhos de um vermelho vivo e de sua boca brotava uma língua bifurcada por entre dentes de boi com presas de cobra. Os dois tentaram corres, mas o mostro foi mais rápido e os abocanhou, mastigando-os e deixando seus membros se descolarem jorrando com o sangue vermelho e bonito.

•••

À beira do rio, um casal de adolescentes saciava as suas vontades carnais, permaneciam recostados em um conjunto de pedras bem próximo à água. Eles trocavam beijos e caricias, o rapaz se sentia pronto para partir para a próxima etapa e já tentava desabotoar a calça da moça, mas ela não se sentia à vontade.

- Espera Rick, não sei se isso é uma boa idéia, vai que alguém aparece aqui e vê a gente? – Disse a garota.
- Ninguém vem aqui Jane, muito mesmo hoje que está acontecendo o festival na cidade e mesmo que vissem, que problema teria, somos dois adolescentes normais fazendo sexo. – O garoto respondeu.
- Eu também não avisei ao papai que estava aqui, vai que ele vem me procurar e acaba nos encontrando? – Ela falou. – Vou em casa avisar que voltarei mais tarde hoje e já volto, daí a gente pode ficar mais à vontade. – Completou e mal esperou uma resposta do namorado, foi logo correndo em direção à casa de fazenda ali próxima.

O namorado ficou ali olhando a água do rio enquanto esperava, as pequenas ondas que a correnteza formava. Então ele notou que havia algo na água, parecia que alguém estava nadando no rio, aos pouco foi se aproximando dele cada vez mais até que começou a sai andando de dentro do rio. No inicio ele só podia ver uma cabeleira loira, longa e cacheada aparecer, logo depois percebeu que era uma bela mulher que vinha andando em sua direção, completamente nua.

- Que... Quem é você? – Disse o rapaz impressionado.

Ela se aproximou e pôs o dedo na frente dos lábios dele para que não dissesse nada.

- Me chamo Iara e espero que possa me fazer um pequeno favor. – Ela falou ao seu ouvido.

Então ela o pressionou contra a rocha e abriu o zíper da sua calça, pouco tempo depois ele já estava sem as calças, apenas com a camisa. Ela fez com que ele deitasse no chão e sentou sobre. Ele mal conseguia acreditar naquilo, queria parar naquele momento, sua namorada iria chegar e veria aquela cena, mas o prazer que sentia ao ter aquela mulher gemendo enquanto ele a penetrava fazia o seu corpo querer mais e mais.

- Que estranho, eu fui em casa mas não tinha ninguém lá, nem meu irmão e meu tio, acho que ele devem ter ido ver o festi... – Jane chegou ao lugar falando, mas assim que se aproximou das pedras viu o que acontecia.

Ela chegou bem a ponto de ver o corpo de o seu namorado secar e envelhecer rapidamente enquanto ele a olhava com uma feição de horror e o corpo da mulher que transava com ele se tornar o corpo de uma adolescente.

- Mas o que... – Ela tentou falar, mas a então adolescente foi até ela e a empurrou lançando-a para longe.
- Estou faminta. – Disse Iara.

Então ela se jogou sobre o corpo da garota e sua mandíbula se abriu em um tamanho enorme e abocanhou a cabeça dela.

As ruas da cidade estavam repletas de pessoas andando de um lado para o outro, todas usando fantasias. Os adolescentes e jovens caminhavam em direção ao centro para assistir a um show de rock oferecido pela prefeitura, os adultos iam para os bailes e as crianças ficavam brincando pela rua e comendo doces.
Em uma pequena precinha da cidade um grupo de crianças se reunia para brincar, era um grupo de mais ou menos dez crianças. Elas ficavam ali rindo e trocando doces, tudo parecia normal, até que um outro grupo chegou, eram cinco garotos, eles pareciam ser mais velhos.

- Olha só se não são os pestinhas do sexto ano. – Disse o que parecia ser o mais velho entre o segundo grupo.
- O que vocês querem aqui? – Disse uma menina.
- Nós só queremos brincar com vocês ué. – O mesmo garoto falou com um sorriso torto no rosto. – O que acham de brincarmos de o mestre mandou?
- Eu acho uma boa idéia. – Disse um outro garoto do segundo grupo.
- Sim, é uma boa idéia... – Concordou o grandão. – Então, eu serei o mestre primeiro. Quem quer brincar?

As crianças ficaram assustadas, elas cogitaram em ir embora, mas os mais velhos começaram a chamá-las de covardes e coisas do tipo, então dois meninos ficaram.

- Nós não temos medo de você! – Disse um deles.
- E porque teria? – Falou o grandão. – Vamos começar... As regras são o seguinte, eu vou mandar vocês fazerem alguma coisa e se não obedecerem nós vamos dar uma surra em vocês, alguma objeção?

Os meninos ficaram tensos, mas já haviam se envolvido nisso e agora tinham de ir até o fim.

- O mestre mandou que vocês nos entreguem todos os doces que tem. – O “mestre” falou e os meninos obedeceram. – Agora o mestre mandou que você de um soco na barriga dele. – Ele falou enquanto apontava para os ordenados. O que teria de dar o soco ficou relutante, mas os outros começaram a ameaçar e ele o fez.

Eles ficaram um bom tempo fazendo os dois fazer coisas que não os agradava, bater um no outro, comer um doce que caiu no chão, se beijarem. Tudo aquilo os divertia muito, mas então o mais velho notou uma residência velha que havia na cidade, talvez a mais antiga.

- Eu quero que vocês invadam aquela casa. – Ele apontou na direção.

Eles sabiam o que significava entrar naquela casa, por anos ouviram falar que era amaldiçoada, ou que morava uma bruxa nela, nem mesmo se atreviam a passar pela frente da mesma.

- Não precisam demorar lá, é só entrar e sair rapidamente, se fizerem isso vocês estarão livres.

Os garotos então decidiram fazer. Foram até o muro da casa e pularam com a ajuda dos outros. Quase uma hora depois eles não voltaram.

- E agora cara, eles não voltaram ainda, será que aconteceu alguma coisa? – Um dos mais velhos falou.
- Não tem ninguém lá, com certeza eles devem ter fugido pelo outro lado. – O “mestre” falou.

Então o portão da casa se abriu sozinho. Eles tomaram um susto, mas acharam que era os garotos e decidiram entrar para pegá-los, mas então o portão fechou e não queria mais abrir novamente. A porta da casa se abriu, não dava para ver nada de dentro, era a mais pura escuridão, então surgiu um foco luminoso vindo de lá e na varanda da casa apareceu uma velha, ela usava um xale sobre a cabeça que não permitia mostrar seu rosto, em sua mão trazia uma pequena vela sobre uma estrutura de metal.

- Droga! É a bruxa! – Um dos garotos falou e a velha deu uma risada aguda.
- Não tenham medo crianças, eu não sou uma bruxa, sou apenas uma velhinha que está tão cansada.- Disse a velha. – Queria pedir um favor a vocês... Eu não aguento mais alimentar o meu bichinho de estimação, vocês poderiam fazer isso para mim?
- E depois a gente vai poder ir embora? – Um deles perguntou.
- Claro que sim... – A velhinha então apagou a vela. – Cuca, o mestre mandou você se alimentar.

Então uma criatura bípede com aparência de um jacaré saiu de dentro da casa e foi andando na direção das crianças.

- Quando terminar não deixe restos no gramado. – Ela terminou de falar e entrou na casa, enquanto deixou o seu bichinho saciar a sua fome.

Bom, no fim o dia amanhece e tudo que aconteceu no dia anterior não passa de lembranças, lembranças guardadas de mais um dia mágico de Halloween.