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[Creepypasta] O estranho quarto

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Mensagem por Subba-kun Ter Dez 04, 2012 5:00 pm




[Creepypasta] O estranho quarto Computer

O estranho quarto
(Meu amigo, meu demônio)

03/01/07



    Me chamo Marcos. O que vou contar é algo que ainda vem atormentando-me desde daquele angustiante dia, não encontrei uma forma melhor de externar este meu desespero do que a maneira na qual estou fazendo agora.

    Era uma noite de terça-feira, estava tento um momento um pouco conturbado em casa, uma correria constante, colchões, caixas e gavetas eram levadas e trazidas de todos os lugares, parecia que a gente ia se mudar invés de recebermos a visita dos parentes de papai que estava pra chegar. Não que isto fosse a contento dele, Meu pai era do tipo que ao telefone mostrava-se gentil e acolhedor mas que no instante em que este retornava ao gancho, ele mostrava nitidamente que tal situação fora indesejada.

    Na verdade eu não estava nem aí, vinha permanecendo na frente do meu computador desde a noite anterior como costumava fazer sempre, apenas percebendo as alterações do ambiente quando um ou outro esbarrava em mim pra levantar alguma cadeira ou pegar alguma coisa acima do escaner. Não era do meu feitio me importar muito com as coisas ao meu redor, apenas captava a situação por osmose.

    O que eu havia entendido – ou quase, sei lá – era que viriam uns parentes do meu pai, mas meus pais queriam viajar ou passar o dia fora ou coisa assim, parecia que eu tinha me revoltado como sempre e tinha dito que iria ficar em casa e que eles tinham dito que se eu ficasse,isso iria arruinar com a desculpa deles pros tais parentes, sei lá, realmente não lembro, minha cabeça é meio que dispersa, mas, não dou muito à mínima, contanto que eu fique na frente do meu PC, pra mim está ótimo.

    Mas eu lembro da minha mãe mandando que eu fosse dormir:
    - Mas mãe, tá cedo, ainda nem são quatro da manhã!
    - Vai logo menino, vai dormir!!



    Acho que nessa hora meu pai acordou, daí foi uma bagunça completa.

    Enfim, acabei indo dormir. E o engraçado foi que realmente parecia ter dado sono.

    Apaguei geral..



    Acordei com a cabeça meio que atordoada, a visão um tanto enevoada, que foi melhorando com o passar do momento. Sei lá, eu tava com uma sensação meio estranha, como se tudo tivesse diferente mas eu não sabia o que, realmente a casa estava diferente, com os móveis em outros lugares, vozes de pessoas diferentes vindas da cozinha, malas ainda fechadas ao lado do sofá, mas não era isso, era algo ainda mais.. sei lá... surreal.

    - Você fica o dia todo naquela porcaria e depois fica assim! – Era algo que minha mãe costumava falar quando eu dizia que as coisas estavam meio estranhas.

    Lembro que do lado do quarto onde ficava o meu computador – o cômodo em que meu PC ficava é onde fica minha “mesa de estudo” livros, minha televisão, etc.. – tinha um outro quarto que eu não lembrava de ter visto nenhuma vez. Mamãe disse depois que estava o tempo todo lá, só que tinha tanta bagunça nele que nem parecia mais um quarto, tava mais pra dispensa fechada.

    Engoli essa. Realmente eu era desligado da vida, nem me importava com nada mesmo, bastava ter meu computador e a internet a toda hora (ainda mais depois que papai me deu um novo, preto, bem mais veloz e mais legal).

    Fui apresentado aos tais parentes – eles tinham duas filhas muito bonitas por sinal – como era de praxe, papai fazendo a babação toda dizendo “olha, meu filho faz isso, meu filho sabe fazer aquilo, ele estuda em tal canto, já viram as medalhas que ele já ganhou em tal coisa?” como sempre, e eu da mesma maneira acabava saindo de fininho e indo pra o meu computador.

    Nesse dia, Sara, minha prima por parte de mãe, também estava lá em casa. Ela costumava passar alguns dias lá, isso era normal. Foi quando ela me pediu pra procurar o carregador do tal celular novo dela que acabei entrando nesse tal quarto de hóspedes que eu não tinha percebido antes.

    Uma das filhas – a mais velha – estava diante de um PC e volta e meia falava com a irmã que estava sentada na cama revirando as malas. Como viciado em coisas eletrônicas que sou, fui direto a mais velha e fui perguntar que tipo de máquina que ela usava, qual era a velocidade, à quantos mega ela acessava a net e por aí foi.

    - Pronto, já adicionei você! – Ela me falou prontamente depois de uma meia-hora de conversa. Agora com o contato dela já na minha lista de amigos, mal podia esperar pra voltar ao meu quarto pra colocá-la na minha lista de jogadores, fórum e tudo mais.



    O pai delas chamou, pouco depois elas tiveram que sair, os pais queriam conhecer a cidade e tal, o meu pai disse que iria logo em seguida, e como sempre não parava de andar pela casa, fazendo isso e aquilo.

    Voltei ao meu quarto. Como era legal estar de volta a ele e ao meu PC amigo de todos os momentos depois de algumas horas perdidas! Sim, pois esse tempo que eu dormir demais – dez horas! Praticamente eu entrei em coma! – eu poderia estar baixando músicas, novos games, filmes...

    Fui entrando na net direto, peguei o contado da garota, fui conferir os usuários e jogadores on-line, quanto tempo eu iria demorar pra baixar os episódios da serie americana que tinha conhecido uns dias antes e coisas do tipo. Nesse meio tempo minha prima entrou no quarto (realmente era algo que eu me incomodava um pouco: quando pessoas entravam e saiam demais do meu quarto) encontrando o tal carregador em cima da estante.

    - E você nem pra avisar que tava aqui, né! – Disse já saindo, não sem antes dar um cocão na minha cabeça, rindo como sempre. Nem me importei, só fiz o “Uhum, tá” habitual.

    Segundos depois minha mãe me chamou na cozinha.

    E depois de chamar umas quatro vezes, e já gritando:
    - Aaaaaaaaaaaaaaff! – Meti o dedo no botão de desligar o monitor (não gosto que andem xeretando o que faço) , me levantei da cadeira e fui até ela à passos rápidos e pesados.

    Meu pai tava precisando de umas chaves ou sei lá o que.

    - Ah, sei lá, você não tinha deixado ali perto do portão quando voltou? – Perguntei logo e ele saiu pra pegar a chave, apressado por vida como sempre.
    - Depois olha isso aqui na mesa que eu já vou sair! – Minha mãe pediu.
    - Uhum, tá. – Passei rápido e direto para o corredor sem ver o que tinha na mesa.



    Abri a porta do quarto e....

    ... o gabinete do computador estava debaixo da minha mesa.



    No instante me assustei um pouco, mas o susto foi maior quando eu vi que ele estava instalado perfeitamente lá, com todos os fios em seus devidos lugares, algo praticamente impossível de se fazer em tão pouco tempo e sem arrastar a mesa, caixa, ou cadeira!

    O susto me deu um baque no estômago. Era impossível! Os fios passavam por trás dos minúsculos espaços entre a parte de trás da minha mesa e a parede, sem falar por debaixo do baú que ficava embaixo da minha mesa. Tudo estava lá, perfeitamente instalado.

    Liguei o monitor. Tudo estava assustadoramente normal.

    - Mãe!! Mãe!!! Vem cá! VEM CÁ!! CORRE!!! – Gritei desesperado e corri até minha mãe, trazendo-a para o quarto.
    - Olha!! Olha onde o computador tá!!!- Apontei.
    - Menino!! Tira isso daí, você é doido! Por que botou aí???
    - Não, mas não fui eu, mãe!! Ele tava em cima da mesa dele ainda agora quando eu saí do quarto!!!!
    - E porque ele tá aí???!? – Minha mãe também não entendia nada.
    - E eu sei lá!!!!

    Meu pai ia passando pela porta da sala nesse momento.

    - PAAI!!! Vem cá!! O gabinete do computador apareceu sozinho embaixo da mesa!!
    - O quê? – Não perdi tempo e fui arrastando meu pai até o quarto.
    - Olha! Olha!!

    Ele coçou a cabeça.

    - Por que você botou aí?
    - NÃO FUI EU!! Ele apareceu sozinho!!
    - Sozinho?!?
    - Sim, eu tava mexendo nele ainda agora quando você me chamou, foi só o tempo de quando eu saí do quarto e voltei! Não foi nem um minuto!!!!
    - Ah! Deve ter sido Célia! – Célia parecia ser o nome da tal moça irmã da mulher que veio com os parentes do meu pai, era alguma conhecida dele. – Ela gosta de mexer nessas coisas!
    - Mas é impossível!! Não foi nem trinta segundos!! – Eu realmente estava em desespero. – Foi sozinho, pai! Sozinho!! Ele apareceu aí!!
    - Ah! Mas foi ela sim! Ela deve ter feito isso pra me irritar.
    - Não foi ela!
    - Então quem foi!!
    - Eu não sei!!!!
    - Ah! Tira esse negocio daí! – E saiu, voltando aos seus afazeres apressados.

    Meu pai era extremamente cético, não acreditava em absolutamente nada, tudo tinha que ter alguma explicação, já minha mãe era mais fácil de convencer, à princípio tentou seguir o meu pai e pensar que foi alguém pra não ter mais preocupações.

    Fiquei olhando pro gabinete, virei-o para um lado e conferi como estavam as conexões. Realmente perfeitas, teria sido preciso que alguém tivesse deslocado as duas mesas, as cadeiras, os livros e todo o baú debaixo da minha mesa de estudo, sem falar em desligar e ligar a CPU e deixar tudo como eu tinha deixado antes.

    Fiquei intrigado.

    Voltei pra a minha mesa e fui desligar o operacional pra tentar refazer as conexões, mas quando ia fechando as janelas dos aplicativos, subitamente a tela ficou preta e o que eu ouvi foi um berro gutural assustador das caixas de som e numa fração de segundos, tudo desligou.

    Gelei. Aquele “ÔÔôoôÔurr” bizarro ainda ecoava na minha cabeça, saí correndo do quarto e a porta logo atrás bateu (normalmente eu iria pensar que fosse o vento, como sempre acontecia, mas desta vez não).

    Minha mãe me viu completamente pálido e mandou que eu tomasse água com açúcar, o que fiz de imediato, com as mãos tremendo.

    - Isso é o que dá passar tempo demais na frente daquela tela.
    - Mas mãe, aquilo foi de verdade!! Você viu!!
    - Vá descansar e ficar mais calmo, depois você vê isso. – Logo depois minha mãe teve que sair pra deixar alguma coisa na casa de alguém perto de casa.

    Passei reto pelo corredor e fui até meu quarto e sentei na cama, minha prima me viu lá e perguntou o que tinha acontecido, foi aí que eu contei tudo.

    Ela foi até o quarto, intrigada, abriu a porta, olhou lá dentro e voltou.

    Fiquei observando-a da ponta da cama, olhando direto para o corredor. Ela me disse que estava tudo normal.

    - Como assim normal?!?!?
    - Normal, ué! – O celular dela tocou e ela saiu pra atender.
    - Normal, normal... – Fui até porta e vi que o gabinete estava do lado do monitor normalmente. Fiquei boquiaberto e sem entender absolutamente nada. Fechei a porta.

    Sei lá, achei que estava enlouquecendo. Fui até o espelho do banheiro e permaneci lá olhando meu reflexo.

    Pouco depois minha prima entrou no banheiro.

    - Dá licença, vou escovar os dentes.
    - Mas o quarto não estava assim...
    - Você tá ficando doido, bem que minha tia falou!
    - Não, mas foi sério, ele tava caído e... – fui até a porta com ela e abrimos.

    Ela levou um susto deixando a escova cair, quando viu finalmente como o quarto estava quando eu o deixei pela penúltima vez, apenas com o diferencial de que a CPU estava agora virada e tombada para um lado.

    - Meu Deus!! Vai assustar outro!
    - MAS NÃO FUI EU!!!
    - Então quem foi??
    - EU NÃO SEI!!!!! – Gritei..
    - Ah! – E foi até a cozinha.

    Fui até o monitor e o liguei., a tela continuou preta, percebi que era por causa do brilho e o contraste baixo, o que logo fiz aumentar. E então o que vi a seguir foi uma tela comum de download ativa.

    Um download incomum, sem link de destino ou coisa alguma. Tentei cancelá-lo mas as teclas não respondiam. O drive de CD ejetou-se sozinho e voltou, continuamente, a tela tornou-se a ficar negra e tive a impressão de ter visto alguma coisa passar por trás de mim pelo reflexo da tela. Levantei-me de sobressalto e sai do quarto mais uma vez., batendo a porta, ainda podendo ouvir o barulho do drive de CD abrindo e fechando.

    Pus as mãos na cabeça sem saber o que fazer, tentei convencer a minha prima a ir ver novamente e entender que era impossível ser eu o autor daquilo.

    - Ótimo, como eu vou entrar com a porta trancada?! – Ela perguntou ao final do corredor, eu estava sentado numa cadeira da cozinha.
    - Trancada?!? Como assim trancada?! – Fui até lá e vi que ela realmente tinha razão.

    Ao que parecia estar trancada tentei forçá-la a abrir, puxando e empurrando a maçaneta repetidas vezes. Mas foi quando ouvi um baque seco de lá de dentro que a porta se fez abrir.

    A CPU agora estava mais adiante da mesa, ainda virada.

    - Se ele tiver quebrado a culpa não vai ser minha, nem pense nisso! – Ela falou. – Mas... que forno aqui! – realmente, o quarto estava muito quente, e isso porque estava com a janela aberta.

    Então um líquido viscoso começou a sair por debaixo do equipamento. Parecia.... sangue!

    - Meu Deus!!! – Ela exclamou, em seguida a impressora ligou.

    O tal líquido continuou a se espalhar pelo quarto, realmente tão viscoso e tão vívido como sangue. O calor ajudou a difundir o odor do equipamento novo aquecido misturado ao acre que invadia levemente nossas papilas gustativas.

    Saímos do quarto.

    - Isso não é normal! – Finalmente mais alguém percebeu!

    Ouvi o barulho de chaves, minha mãe estava retornando.

    - Dessa vez vão acreditar em mim! Vou perguntar onde está meu pai! – Atravessei o corredor e já ia na sala quando escutei Sara gritar.
    - O que foi?!?! – Voltei de prontidão.

    Ela me disse que havia visto sombras se movimentando por debaixo da porta.

    - Eu vou sair daqui! – Foi para a cozinha.

    Meu coração parecia que iria explodir e jorrar pela boca.

    Segurei a maçaneta tremendo. Tremendo tanto que começei a sentir tonturas. Prendi a respiração e abri a porta de supetão.

    Lá estava a CPU no chão, o monitor com a tela alternando entre o claro e o escuro e o sangue... não mais espalhado, agora todo ele formava a intrigante palavra “murder”.

    - Murder?!?

    Tentei me aproximar mas o medo parecia tomar conta de mim, a tontura tornou-se mais forte e... minha mão não conseguia soltar a maçaneta.

    - SARAAAAAAA!!!!!!! – Senti que dessa vez iria morrer, o pânico foi total, a sensação de mais gente no quarto, um zumbido na minha cabeça, o calor e o desespero por não conseguir soltar a minha mão, tudo em poucos segundos.

    Consegui me soltar e saí do quarto aos tropeços quase caindo para frente.

    Sentei no chão do corredor, ofegante. Dava pra sentir as leves vibrações do quarto, como se tivesse pessoas andando por lá.

    - Calma, respira!
    - Calma?!?!? – Realmente, eu precisava me acalmar, mas eu estava num nervosismo generalizado.
    - O que foi que aconteceu? Vem pra a cozinha! – Disse já me puxando.
    - Murder. – murmurei..
    - Hã?
    - Tava escrito isso no chão. Que é isso agora?! Um filme de suspense por acaso?!?
    - Como assim?! – Ela não havia entendido.
    - Murder é assassinato em inglês, agora porque diabos ISSO estava escrito no chão eu NÃO sei!
    - O que tem a ver estar escrito isso lá?
    - É o que eu queria saber.

    Tudo parecia ficar cada vez mais estranho e sem nexo a cada minuto que passava.

    - E a minha mãe?! Que a meio século eu ouvi entrando mas nada de aparecer aqui.
    - Cheguei! – A ouvi passar pela porta da sala.
    - Até que enfim!! Porque a demora pra entrar?!
    - Eu fui ali deixar umas roupas, eu avisei à você.
    - Não é isso, foi pra entrar em ca.. ah, deixa pra lá! Mãe, a coisa tá piorando!! Chama alguém!
    - O que tá piorando?
    - O computador, o quarto, tudo lá dentro!
    - O que vocês fizeram?
    - Nada tia, é o quarto que tá estranho!!
    - Eu vou lá olhar.
    - NÃO! – Respondemos.
    - O que vocês fizeram de errado dessa vez?!

    No desespero de convencer todo mundo que eu estava certo eu levei a minha mãe e de súbito abri a porta sem pensar em nada.

    Novamente, tudo parecia estranhamente normal.

    De certa forma. O PC desligado, a CPU no meio do quarto, a impressora desligada, clima ambiente... sem nenhuma mancha de sangue ou o que quer que fosse...

    - Você ainda não ajeitou isso? Seu pai vai brigar com você.

    Uma fina corrente de ar fria passou pelas nossas nucas.

    - Você sentiu também? – Perguntei à minha mãe, quando a vi arrepiar-se.

    Então ouvi o barulho de algo trincar. Imediatamente me virei e vi, no alto da estante, meu antigo cofrinho de sapinho de gesso com uma rachadura na cabeça. As caixas de som emitiam um leve zumbido contínuo e perturbador.

    - Vamos benzer esse lugar. – Minha mãe estava com um olhar sério, realmente ela percebeu que ali não estava nada normal. O melhor era fazer o que tivesse a nossa altura.

    Saímos com ela e fomos até a cozinha pegar algumas velas.

    - Tia, eu vou pegar um pouco de sal! Dizem que é bom!

    Quando voltamos, ambos os calendários de imagens santas que ficavam nas paredes haviam sumido.

    Minha mãe e eu fizemos o sinal da cruz e colocamos as velas perto da mesa. Fiz um círculo de sal Quando começamos a rezar, o monitor começou a acender e apagar, assim como o drive de CD e a impressora entraram em função.

    Nos concentramos muito, fechei os olhos bem forte e senti como se estivesse entrando em transe. Rezei mais forte então subitamente não ouvi mais nada, apenas senti um peso muito forte em mim, uma forte tontura, tudo girando e girando. Quando abri os olhos, um pouco zonzo, estava jogando o cofrinho contra a parede debaixo da minha mesa, com tamanha força que deveria tê-lo feito partir em pedaçinhos, mas que só conseguiu estranhamente acabar apenas com a metade que se chocou contra a parede.

    - Você está bem?!

    Sentia como se tivesse uma queda de pressão, tudo ficou meio turvo e o zumbindo mais forte.

    A reza parecia não ter tido efeito algum. “Mas como?!?! Eu realmente estava com uma grande força de vontade!! Já sonhei várias vezes com momentos assim e sempre conseguia!” era o que eu pensava.

    - Vamos sair daqui. – Falei e saímos, agora eu estava com uma sensação muito forte de que alguém bem atrás de mim me seguia até eu sair do quarto.

    Saímos e senti a maçaneta gelar.

    Eu estava suando frio.

    Nós três sentamos no sofá pra respirar um pouco, temerosos com o que realmente estava fazendo aquilo lá no quarto.

    Ouvi barulhos de pessoas passando pelo portão. Pela janela da sala vi meu pai e o homem que veio de viagem falando com ele, eles riam.

    - Vou falar pra o meu pai.
    - Ele não acredita nessas coisas.
    - Mas ele vai ver!

    Foi o que fiz, corri até ele. Lá fora ele vinha falando ao homem que ambos tinham esquecido alguma coisa e que tiveram de voltar no meio do caminho. Meti-me no meio da conversa, troquei algumas palavras às pressas com meu pai e o fiz vir até o quarto.

    Mas chegando lá, tudo voltara ao estado anterior: Sem sal, sangue, movimentos, pedaços de porcelana, altas ou baixas temperaturas ou que quer que fosse de anormal, apenas o fato do gabinete ainda estar no chão.

    - Você ainda não tirou isso daí?!? O que você andou fazendo, hein?!? Você é muito irresponsável...

    E começou o falatório pra cima de mim, nos discutimos, mamãe tentando me convencer a não gritar mais do que meu pai, eu respondendo a altura, o homem olhando por cima dos nossos ombros o estado do quarto sem entender nada....

    Findou meu pai atravessando o corredor, indo buscar o que esqueceu e saindo pelo outro lado da casa. Eu ainda falava e segurava a porta, olhando para o final do corredor gritando quase chorando de raiva que não era a minha culpa e que ele não confiava em mim. Eu já ia fechando a porta pra ir atrás dele quando inesperadamente a ela foi puxada de volta, como se tivesse alguém do outro lado dela, ouvi um zumbido rápido seguido de uma batida forte na parede. Olhei para o interior do quarto e vi o monitor jogado na parede, com a tela estilhaçada. Fechei a porta pelo medo e reflexo.

    Já estava quase no final da tarde, e com toda essa confusão as luzes do interior da casa não haviam sido acesas como de costume, o que deixava a casa mais e mais escura e sombria a cada minuto que passava.

    - Mãe, a gente tem que avisar a alguém!! Tem que ter um jeito pra resolver isso tudo!!!!!!

    Nessa hora meu pai, que já estava saindo de casa, voltou perguntou à minha mãe se ela iria ficar, já que ele só estava esperando o homem voltar de uma dessas mercearias de lá perto e iriam embora no carro. Minha mãe disse que iria logo.

    - O que a gente faz? – Perguntei, mas a cada tempo que passava, mais e mais o interior da casa tornava-se escuro e assustador.
    - Primeiro vamos sair daqui! Depois a gente tenta resolver isso, vamos!
    - E quando a gente volta?
    - Não sei, quem sabe é seu pai, talvez amanhã.

    A esta altura já passava das seis da tarde, o céu estava num tom azulado e o interior da casa quase imerso pelo breu total (não tanto a sala, já que tinha duas janelas mais a porta aberta, ainda recebendo o resto de luminosidade, mas o resto da casa, como do corredor em diante tudo parecia mais macabro).

    - Vamos? – Chamou mamãe.

    Ainda hesitei um pouco até ouvir a porta do quarto começar a bater.

    Saímos imediatamente da casa.

    Íamos passando pelo portão quando...

    - MEU CELULAR!!! – Exclamou Sara.
    - Esqueça ele! Depois a gente pega!
    - Não, eu preciso dele!! – E deu meia-volta.
    - Não acredito que você vai voltar por causa da porcaria de um celular!!! – Exclamei.
    - Você sabe que a minha mãe só tem o número dele e se meu pai ligar e eu não atender ele já vai pensar besteira e descontar tudo nela e...
    - Tá, tá, vamos pegar esse celular!! – Já subíamos os degraus para a entrada de casa quando mamãe perguntou o que íamos fazer.
    - Pegar o celular dela. – E depois da mamãe ter a mesma reação que eu, voltamos ao interior da casa.

    Cada vez mais sombria.

    Cada vez mais fria.

    - Onde ele tá?!
    - Sei lá, eu tinha deixado perto do telefone aqui na sala!

    Procuramos pela sala o mais rápido que pudemos, em vão.

    - A menos que... – Ela começou, o que eu não quis ouvir o final.
    - A menos que...? – Mas por teimosia insisti.

    Não precisamos dizer nada.

    - Nem pensar! – Decidi.
    - Mas... você sabe.
    - Aaaaaarr!! – Fomos de imediato e sem tomar fôlego até a porta do quarto diante do corredor escuro. Tudo parecia estar normal pelo lado de fora, nenhum barulho sequer.
    - No três... – ela começou.

    Não fiz rodeios e abri logo de uma vez.

    Como vinha acontecendo, tudo estava aparentemente calmo, mas dessa vez o monitor estava ligado – toda a luz da casa agora partia dele – tocando uma música qualquer, e com o leve detalhe que ele estava... de ponta cabeça.

    - Vai, pega logo o celular!
    - Cadê?
    - Tá ali! – Apontei pra a outra mesa do quarto.

    E lá fomos pegar.

    A musica aumentou de repente, o pânico voltou a nos tomar, de súbito, Sara deixou o celular cair embaixo da mesa, numa área não iluminada pela luz do monitor.

    - Eu não consigo ver!
    - Se abaixa e pega logo!!

    Meu coração voltou a disparar, mais do que antes.

    Quando ela se abaixou, janelas começaram a se abrir na tela, mostrando arquivos e vídeos meus os quais me deixaram mais ainda em pânico se mais alguém os vissem.

    - Anda logo!!!! – Bati o monitor contra a parede.
    - Tá fazendo sombra!
    - PEGA LOGO!!!

    A tela então ficou naquele modo de visualização quando se ouve música com objetos e cores espalhadas pela tela.

    Sara pegou o celular. A música aumentou ainda mais assustadoramente. A porta ameaçou fechar quando eu a segurei bem a tempo.

    - Passa!!! – Sara passou pela porta, e quando fui passar ela tornou-se a se pressionar para fechar, ouvi algo no chão e só pude ver com o canto do olho o que parecia ser a CPU se arrastando no chão na minha direção.

    Minha prima empurrou a porta e eu consegui sair.

    Disparamos correndo pelo corredor e fomos passando pela sala, quando vi de relance uma macabra mão do breu vindo na nossa direção, quase perdi as forças das pernas de medo, mas me apressei o quanto pude e passei pela porta da sala, fechando-a, ou melhor, quase se não fosse pelos três dedos assustadores que nos impedia.

    Forcei a porta e consegui fechar, fazendo com que a tal mão voltasse pra dentro da casa e começasse a bater na porta.

    Sara me puxou e saímos da casa.

    Quando estávamos passando pelo quintal, meu celular tocou, peguei-o do fundo do bolso de minha calça mas então a chamada sumiu..

    - Quem era?!?!
    - Não quero ver o número.... porque eu sei que veio de lá de dentro de casa.

    Um forte arrepio passou pela minha espinha.



    - Que demora! – Meu pai exclamou quando finalmente saímos.

    Estava frio e já começava a chover.

    - A casa tá mal-assombrada!! – Disse Sara, perdendo o fôlego.
    - Deixem de conversa! Vamos, daqui a pouco saímos. – Papai atravessou a rua e foi até próximo ao carro estacionado.

    Fui tentar olhar a hora no meu celular, mas então ele começou a mostrar a data com fontes de letra estranhos, apertei em todos os botões, bati nele, mas continuava a mostrar números estranhos, desenhos de nuvens com chuva e por fim números estranhos.

    Tudo na rua estava calmo demais, parecia mais uma tarde de feriado geral num domingo do que um início de noite de uma quarta-feira. Tudo estava fechado, as drogarias, padarias, lojas de conveniência e afins.

    - Mãe! Mãe!!! Precisamos fazer alguma coisa!! Chamar um padre ou qualquer coisa, sei lá!!!
    - Eu já tentei falar com um padre, eu liguei pra um da igreja da sua tia agora, mas ele veio com a conversa de que não existia mais essas coisas de mal invadindo as pessoas, que precisava de permissão e coisas assim...
    - Chama qualquer um! Chama um pastor daqui de perto! Chama alguém! – Eu estava totalmente desesperado. – Olha, tem uma dessas igrejas abertas ali, olha!! – Realmente, a única luz de toda a rua que iluminava um pouco era a de um templo universal à uns trezentos metros de distância.
    - A gente chama alguém pra vir aqui em casa e eles vêem o que tem lá e tentam fazer alguma coisa, agora qualquer coisa serve!!!
    - Sim, mas você sabe, seu pai vai ficar reclamando se vier mais desconhecidos lá em casa, vai dizer que são um bando de desocupados ou algo assim, você sabe como ele é.
    - Mas a gente tenta, vamos lá!

    Eu e minha mãe fomos na direção dele, ela continuava hesitante.

    - Seu pai daqui a pouco vai perguntar pra onde estamos indo ou o que vamos fazer ali.
    - Não vai! Vamos logo!
    - Você vai por essa rua do lado e eu vou aqui na frente pra ele não perceber.

    Eu iria, se a rua não estivesse totalmente deserta e completamente escura, e eu estando no estado em que se encontrava.

    - Não vou por aí, mãe!!
    - Você liga pra mim!
    - Mas meu celular pifou!!!
    - Então corra logo e chegue do outro lado!!!
    - Aaaaaaaaaaahh, eu vou com você!!!!

    O stress e o desespero iam tomando todo o meu corpo,minha pressão pareceu baixar novamente, perdi o fôlego e me apoiei nos joelhos.

    - O que está acontecendo???

    A visão ficou turva, o zumbido voltou, senti um peso muito forte na minha nuca, como se tivesse um balão de ar dentro dela enchendo e prestes a explodir.

    - O que houve, meu filho????

    Fiquei com falta de ar, senti tudo girar e cair sobre meus pés, tudo apagou....



    ***

    A primeira coisa que me lembro depois disso foi ter puxado o ar com toda a minha força e depois sentar na cama.

    Quando notei a casa inteira às escuras, novamente voltou aquela sensação de pânico. Pulei da cama e abri a porta do outro quarto, ofegante.

    A CPU estava... tranquilamente ao lado do monitor como sempre.

    Senti o ar livre retornando ao meus pulmões junto com o alívio.

    Conferi se existia mais um outro quarto..... não, realmente não. Eu não estava alienado demais com o computador.

    Fui até a mesa da cozinha e vi o aviso dos meus pais dizendo que tinham viajado e que só voltariam no dia seguinte.

    Finalmente pude sentir o alívio.

    Tudo não tinha passado de um pesadelo.

    Tratei de ir acendendo as luzes da casa, já passava das cinco e meia da tarde. Realmente eu tinha dormido muito tarde.

    Fui ao banheiro tranquilamente, depois à geladeira... e logo depois ao meu velho amigo PC, vê quem iria me atazanar primeiro quando eu ligasse o live messenger.

    Olhei pra debaixo da mesa e vi as conexões perfeitas, comecei a rir. Estava completamente de bom humor, até estranharam por eu estar assim quando comecei a conversar com alguns amigos on-line, contei a um deles como foi esse pesadelo todo.“Uuuuhh, cuidado com a loira do banheiro, ela agora sabe q no Windows num pega a globo, ela gostou du teu comp. =p” alguns tiravam sarro.

    Era o aniversário de um dos jogadores, então resolvemos brindar com refrigerantes pela web cam.

    “Kct, aki num tem refri, só água!”

    “E eu tenho 3 garrafas d vinho, hehe!”

    “Lol!!!”

    Falavam adoidado, me levantei e fui buscar refrigerante. Idéias de gravar toda a bagunça e por num vídeo do Youtube me passavam pela cabeça quando eu ia voltando até o quarto...

    Deixei os copos e a garrafa caírem pois...

    ...chegando lá...

    ... o gabinete do computador estava debaixo da minha mesa.




~Fim~



            Epílogo



            Lembro que virei a noite do lado de fora de casa, encostado no muro e olhando pro nada até meus pais chegarem no outro dia pela manhã. Brigaram muito comigo, dizendo que eu era um louco alienado, eu tentei explicar tudo mas o máximo que fizeram foi dizer que eu sonhei com tudo e depois tentei repetir.

            Meu pai não deixou mais eu sair de casa sozinho e minha mãe não me deixou mais dormir em casa sozinho. Fui a psicólogos, mas de nada resolveram a minha situação. Diziam que as vozes que eu continuava a ouvir cada vez que eu entrava naquele quarto vinham da minha imaginação, uma imaginação tão forte que conseguia instalar os computadores em poucos segundos, derramar sangue de equipamentos, congelar maçanetas... além de escrever mensagens embaixo da minha cama constantemente, uma imaginação que me permitia vez reflexos de pessoas enforcadas ou sem cabeça em monitores ou televisores desligados e coisas assim.

            Quando eu comecei a ter reações mais violentas cada vez que me obrigavam a entrar naquele quarto como forma de reabilitação, foi quando meus pais resolveram que deveríamos nos mudar.

            Já se passaram três anos desde quando tudo aconteceu. Alguns dos poucos amigos com quem eu ainda tive contato me disseram que mais ou menos um ano depois que nos mudamos, um garoto da nossa idade cometeu suicídio naquele mesmo quarto.

            É, ele não teve a mesma sorte que eu. Ele não pôde aprender a mudar, tornar-se alguém de verdade e não apegado a coisas eletrônicas demais.



            Com base em todos os acontecimentos, aprendi que não devo gastar meu tempo com coisas que fazem com que eu me torne cada vez mais alienado.

            Sim, acho que enlouqueci depois de todas aquelas horas diante daquele computador, meus pais tiveram sempre razão.

            Aprendi que alienar-se a coisas como essa só fazem com que ponhamos nosso tempo precioso a perder, que a real vida está ao nosso redor.

            Aprendi muito.... muitas coisas...



            Muitas coisas das quais eu poderia sim passar tooooooooodo o meu tempo falando, mas agora eu não tenho tempo a perder, preciso checar se já concluiu mais um download de filme.

            Aprender é uma coisa, por em prática é outra muuuuuuuuito diferente.

            Fazer o que.






~Aguarde enquanto o Windows está sendo reiniciado....~




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[Creepypasta] O estranho quarto Empty Re: [Creepypasta] O estranho quarto

Mensagem por Kyo-kun Qui Dez 06, 2012 2:21 pm

Cara, muito interessante essa história. O jeito que o personagem conta, como se estivesse digitando para postar num blog ou fórum, é muito legal. A linguagem casual usada deixa a história mais próxima da gente, como se fosse um amigo dizendo algo que realmente aconteceu. E esse quadro todo preto deu todo um climax, a imagem também é muito boa e se encaixa perfeitamente na história.

Eu falei que não iria ler o seu antes de fazer o meu, mas não me aguentei de curiosidade uhsauhsahusa no fim, acabou sendo bem diferente do que eu tinha imaginado, ainda bem! Ç_Ç Tá de parabéns, Subba <3
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