Verso, refrão, verso. [16+]
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Verso, refrão, verso. [16+]
Título: Verso, refrão, verso.
Autor: Neoshadow.
Categorias: Concurso de Fanfics Yaoi 2.0, romance histórico, Segunda Guerra Mundial, POV em segunda pessoa, angst.
Advertências: Slash (?) e angst.
Classificação: R
Resumo: ele quebraria o seu coração - se você tivesse um.
A guerra é tudo e nada, como você achou que seria.
Existem, obviamente, pessoas morrendo. Todos os dias, a todo maldito momento você vê pessoas morrendo - homens e meninos, heróis e covardes. Nunca é justo, você aprendeu. Você também aprendeu que é besteira se importar com cada um deles; que a sua frieza e falta de sentimentos, defeitos que te acompanharam por toda a sua vida, são qualidades ímpares na guerra.
As pessoas morrem o tempo todo à sua volta e você descobriu que não há nada de sobrenatural e místico a respeito da morte: em um momento você está respirando, no momento seguinte você não está mais. Vocês são britânicos sendo atacados por alemães em território francês, porque vocês precisam impedir o avanço econômico alemão ainda que o preço a se pagar por isso seja destruir o próprio avanço nacional, e você podia continuar divagando sobre as causas e os efeitos da guerra por horas a fio apenas para chegar à única conclusão que você sempre suspeitou: nada disso faz o menor sentido. Exatamente como você esperava.
Os sons de tiro são ensurdecedores, cada estrutura destruída pelos bombardeios alemães parece ecoar no vazio debaixo de suas costelas, você não sente nada enquanto aponta o rifle para o inimigo e rouba a vida dele. Verso, refrão, verso. Você sabe como as coisas funcionam.
Você se lembra do antes - de quando você era Richard Gibbons, e não havia um tenente antes do seu nome. Você gostava de não saber como as coisas funcionavam, não saber qual era a sensação de ter sangue manchando o uniforme, de não saber qual é o som de corpos se despedaçando ao longe. Você não se importa, agora, mas você gostava de quando você era uma pessoa que se importaria. Mas isso foi antes, e você não pensa nisso. Você não pensa em como você já teve um coração, e em como ela - não ela, a guerra, mas ela, Elizabeth - arrancou-o de seu peito. Você não pensa nela.
Você nunca pensa nela, e você é o Tenente Richard Gibbons.
O que você se permite fazer, às vezes, é tentar descobrir quando foi que você deixou de pensar nela. Você não sabe, porque quando Elizabeth fugiu com você, a sua vida estava perfeita e subitamente completa. Não havia mais nada a fazer a não ser vivê-la, porque Elizabeth era tudo o que você queria e ela jurou que você a fazia feliz. Você acreditou, por que você não acreditaria?, e ela enfiou todos os pertences em uma maldita mala e desapareceu, sem nem se despedir, pedir desculpas, gritar com você, nada. Ela enfiou os malditos pertences dela em uma mala e voltou para o marido dela, de quem você a tinha salvo.
Você sente a sua garganta arder com a risada amarga que toda essa ironia lhe desencadeia, e você sabe que o olhar de Stephen cai sobre você, vindo do outro lado do quarto. Você se revira na cama, encarando o teto para não ter que olhar para ele. Você não pode lidar com ele agora.
Sim, então houve aquele momento em sua vida em que você precisou aprender a se manter de pé sem um coração em seu peito. Foi fácil, você precisa admitir, muito mais fácil do que ter um coração - você percebe hoje. E, talvez, você até agradeça por isso a alguma força superior, caso você acorde um dia se sentindo muito religioso. Quer dizer - foi fácil, até você começar a se preocupar com ele.
No início, você não achou que pudesse existir alguém mais inapropriado para a guerra do que Stephen Walcott. Ele usava suéteres de lã por cima da camisa da farda, calçava tênis branco de civil, os cabelos curvavam-se em perfeitos cachos cor de cobre. Walcott ficava inquieto quando ouvia tiros ao longe, as mãos dele tremiam convulsivamente a cada menção a um irmão-de-armas morto, os olhos dele se enchiam de lágrima a qualquer notícia de um novo massacre - britânico, francês ou alemão.
Você entende a razão dele estar aqui, ostentando um título de capitão antes do nome; ele é inteligente, um engenheiro escocês simplesmente brilhante, que nunca falhou em conseguir o esquema perfeito para cavar os mais improváveis túneis em terreno hostil para dinamitar o inimigo. Ninguém mais faz o que ele faz, e você sabe disso.
Você entende a razão de Stephen Walcott estar aqui, nessa guerra. O que você não entende é como tiveram coragem de olhá-lo nos olhos - aqueles olhos azuis e grandes e brilhantes e vivos - e jogá-lo nesse inferno.
"Gibbons", ele te chama, quebrando o silêncio. Você ainda não quer lidar com ele - basicamente porque você não pode lidar com ele; você não tem um coração, você não tem tato, você não tem misericórdia.
E você tem medo de quebrá-lo.
Você se ergue da cama, atravessa o cômodo sob o olhar inquisitivo dele, puxa uma cadeira para si à mesa precária em que ele está bebendo e se senta. A garrafa de whiskey está pela metade, você percebe enquanto se serve em um copo de vidro, e as pálpebras dele já estão pesadas de embriaguez. Ele fecha os olhos com força, aperta os próprios braços contra si e se encolhe na cadeira. Walcott já não tenta esconder essas coisas de você, e às vezes você se pergunta o que você fez para conquistar tanto a confiança dele - você não acredita em nada, não se importa com nada, não é gentil com ele. É mais uma das coisas que, nessa guerra, não faz sentido nenhum.
Mas você se importa com ele. Deus te ajude, nada disso faz sentido.
"Você acha que Seth—", ele começa, mas se interrompe para soltar uma grande lufada de ar, largando os braços densamente sobre a mesa. Você percebe que o bombardeio, ao longe, cessou. "Você acha que ele... Que Seth sofreu demais?"
As mãos dele tremem quando ele pega a garrafa de whiskey, e o som de vidro se chocando é estranho e repentino e não pertence àquele ambiente. Você leva o seu próprio copo aos lábios, sentindo o álcool te queimar por dentro. É claro que ele sofreu, você estava lá, você o viu, é o que você quer dizer. Ele estava lá, caído, com as costelas abertas e o maldito coração ainda palpitando, é claro que ele sofreu. Mas você olha para Walcott, os olhos cheios de esperança como se pedissem por uma mentira. E isso você não podia negar a ele.
Ele vai acabar se quebrando, mais cedo ou mais tarde - essa guerra, algum oficial, o mundo fora daqui que vocês não conhecem mais. Você.
Você faz isso com as coisas que ama. Você as protege de tudo, tudo, só para poder quebrá-las com as próprias mãos. E cada medida que você toma para protegê-lo prova que você está certo. Verso, refrão, verso. É inevitável - você vai quebrá-lo.
Pior, é inegável - você o ama.
A sua garganta ainda te incomoda, então você termina o seu whiskey e puxa um maço de cigarro do bolso. Walcott te passa a caixa de fósforo prontamente, e você observa como suas mãos tremem quando você aciona a chama que inflama a ponta do cigarro pendurado entre seus lábios. Você está bêbado, é o álcool. É só álcool.
Nunca medo.
"Não sei", você responde, com a voz rouca por causa da fumaça. "Ele estava tentando falar, mas não sei dizer se ele estava consciente"
"Ele era um garoto, só um garoto...", ele diz, as palavras se enrolando no nó que prende a garganta, no álcool, no choro.
Você também é, você quis dizer. Você quer dizer que ele é mais frágil e precioso do que qualquer um dos outros garotos, que quando você ajudou Seth a morrer, você olhou no rosto delirante dele e imaginou Walcott - alvo, imaculado e vivo, e imaginá-lo morrendo impediu que o ar chegasse aos seus pulmões, e você não sabe o porquê. Ou sabe, mas preferia não saber.
"Esquece isso, Walcott", é o que você consegue dizer, e você desvia os olhos dele e volta a tragar o cigarro, esperando que você esqueça também.
"Não consigo", ele torna a dizer, e você ouve a cadeira sendo arrastada contra o assoalho, os passos leves dele fazendo o chão vibrar ligeiramente. "Ele— Gibbons, o que nós estamos fazendo? Matando crianças, fazendo pessoas sofrerem, o que nós estamos fazendo?"
Você não sabe como ou porque acontece - se foi o tom trêmulo e quebrado da voz dele, se foram as lágrimas que ele não conseguia conter, se foram as malditas perguntas que não tinham respostas. Talvez tenha sido você, mesmo, sem saber como lidar com essa afeição estranha que você sente por ele. Você não sabe. O que você sabe é que você se levanta da cadeira, abandonando o seu cigarro, seu whiskey e o seu bom senso, e segura Walcott pelos braços, empurrando-o até o armário atrás de vocês porque você quer que doa. Deus te ajude, você quer que doa.
"Eu não sei", você responde, com raiva. Você consegue sentir o medo emanar da respiração dele, do jeito como ele treme, do olhar perdido dele, e você o empurra com força outra vez só porque você pode. Walcott só te olha – ele não reage, não te manda parar, não pergunta o que você está fazendo, tenta te bater. Nada.
O nada te lembra de Elizabeth – de como era tudo, e de repente passou a ser nada.
Você odeia o nada.
"Eu não sei", você repete, mais alto e mais claro e você aperta o braço dele com mais força porque você não sabe o que você é capaz de fazer se ele não reagir. Você precisa que ele lute com você, e te amaldiçoe com todos os nomes que você sabe que merece, que ele te prove que ele não é puro como ele parece ser. Você precisa que ele grite com você e te mande sair, porque você não sabe o que você pode fazer se você continuar aqui.
Você tem a sua reação – a mão dele segurando firme a gola da sua camisa, te puxando contra ele com força, enterrando o rosto no seu peito – e você não sabe exatamente o que fazer com ela. É absurdo, você pensa, enquanto inconscientemente solta o aperto no braço dele. Você ouve a respiração dele diminuir, procurar o ritmo normal, e as mãos dele te seguram com tanto desespero que ele partiria o seu coração, se você tivesse um.
Porque você não tem um coração. Essa coisa martelando em seu peito como se quisesse te matar é só um fantasma de uma coisa que, um dia, existiu, e você odeia Walcott por isso. Ele não é como nada que você conheça; ele não é verso, nem refrão, nem verso.
Ele ergue os olhos para te encarar, e você não merece nenhum dos sentimentos que brincam nos orbes cor de céu dele; a inocência e a gratidão daquele olhar te queimam, deixam marcas e fazem coisas com você que você se recusa a entender, e é por isso que você cola seus lábios aos dele.
Não tem nada a ver com essa necessidade louca que você sente de fazer as lágrimas dele cessarem, ou de calar os soluços dele. É porque o olhar dele é insuportável, e não porque você quer sujá-lo com as suas próprias mãos só para que o mundo não leve o crédito por isso – ninguém além de você pode levar o crédito por isso.
Então, é tudo culpa do olhar insuportável dele. E do álcool.
Nunca da sua vontade de roubá-lo dessa guerra e quebrá-lo você mesmo.
Walcott tem gosto de redenção, de algo puro e intocado, de algo que você nunca deveria ter feito. Ele tem gosto de vida, de algum sentimento que um dia você conheceu e que hoje está distante demais para que você se lembre. Ele tem gosto de algo sagrado, e você não seria você se ignorasse essa vontade incontrolável que você sente de corrompê-lo.
Você desenha a cintura dele com um braço, sentindo o beijo dele queimar em sua língua como um lembrete de que esse é o seu maior pecado enquanto as mãos dele ainda tentam se firmar nas suas roupas, como se ele não confiasse nas próprias pernas para se manter em pé. A boca dele se abre desajeitadamente sob a sua e você se lembra de quando ele te disse que ele nunca teve ninguém, ele é só seu para corromper. Ele nunca teve ninguém, e você não vai conseguir parar – o arrepio indecente tentando reduzir a sua espinha a pó deixa bem claro que você não vai conseguir parar.
"Eu não consigo—Richard," ele começa, os lábios movendo-se sobre os seus, as lágrimas dele molhando o seu rosto, fazendo você se perguntar há quanto tempo você não sente as suas lágrimas molharem o seu rosto. Você não tem uma resposta. “Eu não consigo esquecer, me faz esquecer. Por favor, me faz esquecer..."
Você segura o rosto de anjo dele com uma mão e diz que sim com a cabeça porque você pode fazer isso, você pode fazê-lo esquecer. Você pode invadir a boca dele com a sua língua e empurrá-lo até a cama e roubar a inocência dele e quebrá-lo em tantos pedaços diferentes que ele não vai conseguir se reconhecer depois, quem dirá se lembrar de alguma coisa – isso você pode fazer. E você pode se convencer de que é tudo pelo bem dele, ele pediu, e não porque você é um desgraçado egoísta que sente essa necessidade absurda de marca-lo como seu, de alguma forma. Talvez, se você conseguir se convencer de que é pelo bem dele, você até durma à noite.
Mas não é do seu feitio tentar se enganar, assim. Não, você quer poder olhar nos olhos azuis corrompidos dele, quando tudo acabar, e sentir o seu peito se encher de orgulho porque foi obra sua.
De mais ninguém.
As suas mãos desprendem o cinto e os botões da calça dele sem gentileza, e você deixa os seus dedos roçarem na pele macia descrevendo o abdômen dele com reverência – ele deixa um gemido baixo escapar entre o beijo e você não sabe como ou se faz algum sentido, mas é a coisa mais excitante e preciosa que você já ouviu. Você sente raiva de si mesmo pelo dia em que teve a ideia de levá-lo até aquela cortesã, e chega à conclusão de que você não é melhor do que nenhum dos oficiais que olharam Walcott nos olhos e jogaram-no nessa guerra.
Você olhou Walcott nos olhos e jogou-o nos braços de uma mulher qualquer, só para que ele perdesse a inocência – a sua sorte é que ele não conseguiu. Os lábios dele não responderam aos dela, as mãos dele não se seguraram às vestes dela em desespero, a garganta dele não gemeu por ela. Porque ele não quis, não porque você o salvou.
Não, você não é melhor do que os desgraçados que jogaram Walcott nesse lugar. E é porque você ainda deve ter algum resquício de dignidade e de capacidade de amar que você se afasta dele e desiste de quebrá-lo.
A respiração dele está ofegante – por sua causa, não por causa do bombardeio ou porque ele viu alguma coisa horrorosa – e os lábios dele estão inchados e abertos. Os olhos dele nunca estiveram tão azuis e nem tão inocentes, e você precisa respirar fundo para ter a certeza de que essa é a realidade antes de voltar as suas costas para ele, apanhar a garrafa de whisky quase vazia e encher o seu copo abandonado.
Você ouve Walcott respirar fundo também, se afastar do armário e caminhar até a mesa lentamente. Ele não está mais tremendo, você repara quando ele apanha o seu maço de cigarros da mesa e risca um fósforo para acender um para si, e isso deve ser um bom sinal, então você termina o seu copo cheio de whisky em dois goles porque você fez a coisa certa. Você fez a coisa certa mas você quase fez a coisa errada e não existe ar suficiente para vocês dois nesse quarto.
"Richard—" ele começa, a voz irregular por causa do álcool, ou de você, mas você o interrompe.
"Não diz nada. Não diz nada, Walcott, fica quieto", você pede, porque você não pode lidar com ele agora. Você não pode lidar com ele nunca, porque você não tem um coração, se lembra?
"Eu esqueci", ele diz, ignorando o seu pedido e sorrindo, como se estivesse tudo bem. Como se você não tivesse quase feito uma coisa horrível, como se isso tudo fosse normal. Como se fosse verso, refrão, verso. "Você disse que ia me fazer esquecer, e eu esqueci".
Ele leva o cigarro aos lábios e traga profundamente, escondendo o sorriso que você sabe que está lá com os dedos, e você sente vontade de sorrir também, porque faz algum sentido, ainda que, talvez, seja só porque vocês dois estão completamente bêbados. Mas ele te pediu para fazê-lo esquecer e você fez e ele está inteiro. O gosto dele ainda está queimando nos seus lábios e você nunca sentiu tanta vontade de fazer algo proibido antes e ele está inteiro.
Você o ama, e ele está inteiro.
Alguém bate na porta e diz "ronda em dez minutos, Capitão" e você ouve Walcott se levantar e arrumar as próprias roupas, vestindo o casaco da farda e apanhando o quepe em algum canto. Você não presta atenção, porque você só consegue pensar em como você o ama, e em como você não pode quebrá-lo, e em como você não tem um coração, e em como nada disso faz sentido.
Ele abre a porta e sai, e você fica pensando em como você costumava gostar do verso, do refrão, do verso.
Você gostava de saber como as coisas funcionam.
Vocês costumavam dizer que morrer com um tiro na cabeça, em plena guerra, era sorte. Uma morte rápida, limpa, indolor – do tipo que não deixa o alvo agonizando, e nem causa muito horror aos irmãos-de-armas.
Você acreditava nisso, de verdade. Que seja um atirador de elite, que seja um atirador de elite, você pedia todas as vezes em que se via à beira da morte. E não foram poucas – você não é um engenheiro, um sapador, um minerador. Não, você é um tenente de infantaria, um maldito tenente de infantaria, como você continua vivo quando ele está morto?
Ele está morto.
Stephen Walcott está morto.
Uma morte limpa, te disseram. Um tiro na cabeça, ele deu sorte. Verso, refrão, verso. Você consegue conter a risada amarga que arranha a sua garganta, mas não há nada que você possa fazer para impedir as lágrimas que você sente se formarem em seus olhos, nem a dor estranha debaixo das suas costelas. Você não tem um coração, essa dor que você sente dilacerar o seu peito é um fantasma. Só um fantasma, como ele.
Stephen Walcott está morto, e vai ser enterrado com algumas medalhas presas ao peito e, se encontrarem, uma bandeira enrolada no caixote que vão chamar de caixão. No meio de um deserto que vocês criaram, em algum lugar que Deus baniu. Mais tarde ele vai ter o nome entalhado junto de milhares outros em algum monumento hediondo e vão rezar pela alma dele.
É bom que rezem. É bom que rezem porque ele deve estar no inferno, pelo que ele fez com você. Ele não deixou a cortesã roubar a inocência dele – ele ia dar a inocência dele pra você, ela era sua, e você teve medo. Ele te fez amá-lo, querer quebrá-lo, querer protegê-lo, querer—
Ele fez tudo, para se transformar em nada.
Você odeia o nada.
Stephen Walcott está morto – verso, refrão, verso. Você sabe como as coisas funcionam.
Autor: Neoshadow.
Categorias: Concurso de Fanfics Yaoi 2.0, romance histórico, Segunda Guerra Mundial, POV em segunda pessoa, angst.
Advertências: Slash (?) e angst.
Classificação: R
Resumo: ele quebraria o seu coração - se você tivesse um.
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▪ verso, refrão, verso
A guerra é tudo e nada, como você achou que seria.
Existem, obviamente, pessoas morrendo. Todos os dias, a todo maldito momento você vê pessoas morrendo - homens e meninos, heróis e covardes. Nunca é justo, você aprendeu. Você também aprendeu que é besteira se importar com cada um deles; que a sua frieza e falta de sentimentos, defeitos que te acompanharam por toda a sua vida, são qualidades ímpares na guerra.
As pessoas morrem o tempo todo à sua volta e você descobriu que não há nada de sobrenatural e místico a respeito da morte: em um momento você está respirando, no momento seguinte você não está mais. Vocês são britânicos sendo atacados por alemães em território francês, porque vocês precisam impedir o avanço econômico alemão ainda que o preço a se pagar por isso seja destruir o próprio avanço nacional, e você podia continuar divagando sobre as causas e os efeitos da guerra por horas a fio apenas para chegar à única conclusão que você sempre suspeitou: nada disso faz o menor sentido. Exatamente como você esperava.
Os sons de tiro são ensurdecedores, cada estrutura destruída pelos bombardeios alemães parece ecoar no vazio debaixo de suas costelas, você não sente nada enquanto aponta o rifle para o inimigo e rouba a vida dele. Verso, refrão, verso. Você sabe como as coisas funcionam.
Você se lembra do antes - de quando você era Richard Gibbons, e não havia um tenente antes do seu nome. Você gostava de não saber como as coisas funcionavam, não saber qual era a sensação de ter sangue manchando o uniforme, de não saber qual é o som de corpos se despedaçando ao longe. Você não se importa, agora, mas você gostava de quando você era uma pessoa que se importaria. Mas isso foi antes, e você não pensa nisso. Você não pensa em como você já teve um coração, e em como ela - não ela, a guerra, mas ela, Elizabeth - arrancou-o de seu peito. Você não pensa nela.
Você nunca pensa nela, e você é o Tenente Richard Gibbons.
O que você se permite fazer, às vezes, é tentar descobrir quando foi que você deixou de pensar nela. Você não sabe, porque quando Elizabeth fugiu com você, a sua vida estava perfeita e subitamente completa. Não havia mais nada a fazer a não ser vivê-la, porque Elizabeth era tudo o que você queria e ela jurou que você a fazia feliz. Você acreditou, por que você não acreditaria?, e ela enfiou todos os pertences em uma maldita mala e desapareceu, sem nem se despedir, pedir desculpas, gritar com você, nada. Ela enfiou os malditos pertences dela em uma mala e voltou para o marido dela, de quem você a tinha salvo.
Você sente a sua garganta arder com a risada amarga que toda essa ironia lhe desencadeia, e você sabe que o olhar de Stephen cai sobre você, vindo do outro lado do quarto. Você se revira na cama, encarando o teto para não ter que olhar para ele. Você não pode lidar com ele agora.
Sim, então houve aquele momento em sua vida em que você precisou aprender a se manter de pé sem um coração em seu peito. Foi fácil, você precisa admitir, muito mais fácil do que ter um coração - você percebe hoje. E, talvez, você até agradeça por isso a alguma força superior, caso você acorde um dia se sentindo muito religioso. Quer dizer - foi fácil, até você começar a se preocupar com ele.
No início, você não achou que pudesse existir alguém mais inapropriado para a guerra do que Stephen Walcott. Ele usava suéteres de lã por cima da camisa da farda, calçava tênis branco de civil, os cabelos curvavam-se em perfeitos cachos cor de cobre. Walcott ficava inquieto quando ouvia tiros ao longe, as mãos dele tremiam convulsivamente a cada menção a um irmão-de-armas morto, os olhos dele se enchiam de lágrima a qualquer notícia de um novo massacre - britânico, francês ou alemão.
Você entende a razão dele estar aqui, ostentando um título de capitão antes do nome; ele é inteligente, um engenheiro escocês simplesmente brilhante, que nunca falhou em conseguir o esquema perfeito para cavar os mais improváveis túneis em terreno hostil para dinamitar o inimigo. Ninguém mais faz o que ele faz, e você sabe disso.
Você entende a razão de Stephen Walcott estar aqui, nessa guerra. O que você não entende é como tiveram coragem de olhá-lo nos olhos - aqueles olhos azuis e grandes e brilhantes e vivos - e jogá-lo nesse inferno.
"Gibbons", ele te chama, quebrando o silêncio. Você ainda não quer lidar com ele - basicamente porque você não pode lidar com ele; você não tem um coração, você não tem tato, você não tem misericórdia.
E você tem medo de quebrá-lo.
Você se ergue da cama, atravessa o cômodo sob o olhar inquisitivo dele, puxa uma cadeira para si à mesa precária em que ele está bebendo e se senta. A garrafa de whiskey está pela metade, você percebe enquanto se serve em um copo de vidro, e as pálpebras dele já estão pesadas de embriaguez. Ele fecha os olhos com força, aperta os próprios braços contra si e se encolhe na cadeira. Walcott já não tenta esconder essas coisas de você, e às vezes você se pergunta o que você fez para conquistar tanto a confiança dele - você não acredita em nada, não se importa com nada, não é gentil com ele. É mais uma das coisas que, nessa guerra, não faz sentido nenhum.
Mas você se importa com ele. Deus te ajude, nada disso faz sentido.
"Você acha que Seth—", ele começa, mas se interrompe para soltar uma grande lufada de ar, largando os braços densamente sobre a mesa. Você percebe que o bombardeio, ao longe, cessou. "Você acha que ele... Que Seth sofreu demais?"
As mãos dele tremem quando ele pega a garrafa de whiskey, e o som de vidro se chocando é estranho e repentino e não pertence àquele ambiente. Você leva o seu próprio copo aos lábios, sentindo o álcool te queimar por dentro. É claro que ele sofreu, você estava lá, você o viu, é o que você quer dizer. Ele estava lá, caído, com as costelas abertas e o maldito coração ainda palpitando, é claro que ele sofreu. Mas você olha para Walcott, os olhos cheios de esperança como se pedissem por uma mentira. E isso você não podia negar a ele.
Ele vai acabar se quebrando, mais cedo ou mais tarde - essa guerra, algum oficial, o mundo fora daqui que vocês não conhecem mais. Você.
Você faz isso com as coisas que ama. Você as protege de tudo, tudo, só para poder quebrá-las com as próprias mãos. E cada medida que você toma para protegê-lo prova que você está certo. Verso, refrão, verso. É inevitável - você vai quebrá-lo.
Pior, é inegável - você o ama.
A sua garganta ainda te incomoda, então você termina o seu whiskey e puxa um maço de cigarro do bolso. Walcott te passa a caixa de fósforo prontamente, e você observa como suas mãos tremem quando você aciona a chama que inflama a ponta do cigarro pendurado entre seus lábios. Você está bêbado, é o álcool. É só álcool.
Nunca medo.
"Não sei", você responde, com a voz rouca por causa da fumaça. "Ele estava tentando falar, mas não sei dizer se ele estava consciente"
"Ele era um garoto, só um garoto...", ele diz, as palavras se enrolando no nó que prende a garganta, no álcool, no choro.
Você também é, você quis dizer. Você quer dizer que ele é mais frágil e precioso do que qualquer um dos outros garotos, que quando você ajudou Seth a morrer, você olhou no rosto delirante dele e imaginou Walcott - alvo, imaculado e vivo, e imaginá-lo morrendo impediu que o ar chegasse aos seus pulmões, e você não sabe o porquê. Ou sabe, mas preferia não saber.
"Esquece isso, Walcott", é o que você consegue dizer, e você desvia os olhos dele e volta a tragar o cigarro, esperando que você esqueça também.
"Não consigo", ele torna a dizer, e você ouve a cadeira sendo arrastada contra o assoalho, os passos leves dele fazendo o chão vibrar ligeiramente. "Ele— Gibbons, o que nós estamos fazendo? Matando crianças, fazendo pessoas sofrerem, o que nós estamos fazendo?"
Você não sabe como ou porque acontece - se foi o tom trêmulo e quebrado da voz dele, se foram as lágrimas que ele não conseguia conter, se foram as malditas perguntas que não tinham respostas. Talvez tenha sido você, mesmo, sem saber como lidar com essa afeição estranha que você sente por ele. Você não sabe. O que você sabe é que você se levanta da cadeira, abandonando o seu cigarro, seu whiskey e o seu bom senso, e segura Walcott pelos braços, empurrando-o até o armário atrás de vocês porque você quer que doa. Deus te ajude, você quer que doa.
"Eu não sei", você responde, com raiva. Você consegue sentir o medo emanar da respiração dele, do jeito como ele treme, do olhar perdido dele, e você o empurra com força outra vez só porque você pode. Walcott só te olha – ele não reage, não te manda parar, não pergunta o que você está fazendo, tenta te bater. Nada.
O nada te lembra de Elizabeth – de como era tudo, e de repente passou a ser nada.
Você odeia o nada.
"Eu não sei", você repete, mais alto e mais claro e você aperta o braço dele com mais força porque você não sabe o que você é capaz de fazer se ele não reagir. Você precisa que ele lute com você, e te amaldiçoe com todos os nomes que você sabe que merece, que ele te prove que ele não é puro como ele parece ser. Você precisa que ele grite com você e te mande sair, porque você não sabe o que você pode fazer se você continuar aqui.
Você tem a sua reação – a mão dele segurando firme a gola da sua camisa, te puxando contra ele com força, enterrando o rosto no seu peito – e você não sabe exatamente o que fazer com ela. É absurdo, você pensa, enquanto inconscientemente solta o aperto no braço dele. Você ouve a respiração dele diminuir, procurar o ritmo normal, e as mãos dele te seguram com tanto desespero que ele partiria o seu coração, se você tivesse um.
Porque você não tem um coração. Essa coisa martelando em seu peito como se quisesse te matar é só um fantasma de uma coisa que, um dia, existiu, e você odeia Walcott por isso. Ele não é como nada que você conheça; ele não é verso, nem refrão, nem verso.
Ele ergue os olhos para te encarar, e você não merece nenhum dos sentimentos que brincam nos orbes cor de céu dele; a inocência e a gratidão daquele olhar te queimam, deixam marcas e fazem coisas com você que você se recusa a entender, e é por isso que você cola seus lábios aos dele.
Não tem nada a ver com essa necessidade louca que você sente de fazer as lágrimas dele cessarem, ou de calar os soluços dele. É porque o olhar dele é insuportável, e não porque você quer sujá-lo com as suas próprias mãos só para que o mundo não leve o crédito por isso – ninguém além de você pode levar o crédito por isso.
Então, é tudo culpa do olhar insuportável dele. E do álcool.
Nunca da sua vontade de roubá-lo dessa guerra e quebrá-lo você mesmo.
Walcott tem gosto de redenção, de algo puro e intocado, de algo que você nunca deveria ter feito. Ele tem gosto de vida, de algum sentimento que um dia você conheceu e que hoje está distante demais para que você se lembre. Ele tem gosto de algo sagrado, e você não seria você se ignorasse essa vontade incontrolável que você sente de corrompê-lo.
Você desenha a cintura dele com um braço, sentindo o beijo dele queimar em sua língua como um lembrete de que esse é o seu maior pecado enquanto as mãos dele ainda tentam se firmar nas suas roupas, como se ele não confiasse nas próprias pernas para se manter em pé. A boca dele se abre desajeitadamente sob a sua e você se lembra de quando ele te disse que ele nunca teve ninguém, ele é só seu para corromper. Ele nunca teve ninguém, e você não vai conseguir parar – o arrepio indecente tentando reduzir a sua espinha a pó deixa bem claro que você não vai conseguir parar.
"Eu não consigo—Richard," ele começa, os lábios movendo-se sobre os seus, as lágrimas dele molhando o seu rosto, fazendo você se perguntar há quanto tempo você não sente as suas lágrimas molharem o seu rosto. Você não tem uma resposta. “Eu não consigo esquecer, me faz esquecer. Por favor, me faz esquecer..."
Você segura o rosto de anjo dele com uma mão e diz que sim com a cabeça porque você pode fazer isso, você pode fazê-lo esquecer. Você pode invadir a boca dele com a sua língua e empurrá-lo até a cama e roubar a inocência dele e quebrá-lo em tantos pedaços diferentes que ele não vai conseguir se reconhecer depois, quem dirá se lembrar de alguma coisa – isso você pode fazer. E você pode se convencer de que é tudo pelo bem dele, ele pediu, e não porque você é um desgraçado egoísta que sente essa necessidade absurda de marca-lo como seu, de alguma forma. Talvez, se você conseguir se convencer de que é pelo bem dele, você até durma à noite.
Mas não é do seu feitio tentar se enganar, assim. Não, você quer poder olhar nos olhos azuis corrompidos dele, quando tudo acabar, e sentir o seu peito se encher de orgulho porque foi obra sua.
De mais ninguém.
As suas mãos desprendem o cinto e os botões da calça dele sem gentileza, e você deixa os seus dedos roçarem na pele macia descrevendo o abdômen dele com reverência – ele deixa um gemido baixo escapar entre o beijo e você não sabe como ou se faz algum sentido, mas é a coisa mais excitante e preciosa que você já ouviu. Você sente raiva de si mesmo pelo dia em que teve a ideia de levá-lo até aquela cortesã, e chega à conclusão de que você não é melhor do que nenhum dos oficiais que olharam Walcott nos olhos e jogaram-no nessa guerra.
Você olhou Walcott nos olhos e jogou-o nos braços de uma mulher qualquer, só para que ele perdesse a inocência – a sua sorte é que ele não conseguiu. Os lábios dele não responderam aos dela, as mãos dele não se seguraram às vestes dela em desespero, a garganta dele não gemeu por ela. Porque ele não quis, não porque você o salvou.
Não, você não é melhor do que os desgraçados que jogaram Walcott nesse lugar. E é porque você ainda deve ter algum resquício de dignidade e de capacidade de amar que você se afasta dele e desiste de quebrá-lo.
A respiração dele está ofegante – por sua causa, não por causa do bombardeio ou porque ele viu alguma coisa horrorosa – e os lábios dele estão inchados e abertos. Os olhos dele nunca estiveram tão azuis e nem tão inocentes, e você precisa respirar fundo para ter a certeza de que essa é a realidade antes de voltar as suas costas para ele, apanhar a garrafa de whisky quase vazia e encher o seu copo abandonado.
Você ouve Walcott respirar fundo também, se afastar do armário e caminhar até a mesa lentamente. Ele não está mais tremendo, você repara quando ele apanha o seu maço de cigarros da mesa e risca um fósforo para acender um para si, e isso deve ser um bom sinal, então você termina o seu copo cheio de whisky em dois goles porque você fez a coisa certa. Você fez a coisa certa mas você quase fez a coisa errada e não existe ar suficiente para vocês dois nesse quarto.
"Richard—" ele começa, a voz irregular por causa do álcool, ou de você, mas você o interrompe.
"Não diz nada. Não diz nada, Walcott, fica quieto", você pede, porque você não pode lidar com ele agora. Você não pode lidar com ele nunca, porque você não tem um coração, se lembra?
"Eu esqueci", ele diz, ignorando o seu pedido e sorrindo, como se estivesse tudo bem. Como se você não tivesse quase feito uma coisa horrível, como se isso tudo fosse normal. Como se fosse verso, refrão, verso. "Você disse que ia me fazer esquecer, e eu esqueci".
Ele leva o cigarro aos lábios e traga profundamente, escondendo o sorriso que você sabe que está lá com os dedos, e você sente vontade de sorrir também, porque faz algum sentido, ainda que, talvez, seja só porque vocês dois estão completamente bêbados. Mas ele te pediu para fazê-lo esquecer e você fez e ele está inteiro. O gosto dele ainda está queimando nos seus lábios e você nunca sentiu tanta vontade de fazer algo proibido antes e ele está inteiro.
Você o ama, e ele está inteiro.
Alguém bate na porta e diz "ronda em dez minutos, Capitão" e você ouve Walcott se levantar e arrumar as próprias roupas, vestindo o casaco da farda e apanhando o quepe em algum canto. Você não presta atenção, porque você só consegue pensar em como você o ama, e em como você não pode quebrá-lo, e em como você não tem um coração, e em como nada disso faz sentido.
Ele abre a porta e sai, e você fica pensando em como você costumava gostar do verso, do refrão, do verso.
Você gostava de saber como as coisas funcionam.
____________________
Vocês costumavam dizer que morrer com um tiro na cabeça, em plena guerra, era sorte. Uma morte rápida, limpa, indolor – do tipo que não deixa o alvo agonizando, e nem causa muito horror aos irmãos-de-armas.
Você acreditava nisso, de verdade. Que seja um atirador de elite, que seja um atirador de elite, você pedia todas as vezes em que se via à beira da morte. E não foram poucas – você não é um engenheiro, um sapador, um minerador. Não, você é um tenente de infantaria, um maldito tenente de infantaria, como você continua vivo quando ele está morto?
Ele está morto.
Stephen Walcott está morto.
Uma morte limpa, te disseram. Um tiro na cabeça, ele deu sorte. Verso, refrão, verso. Você consegue conter a risada amarga que arranha a sua garganta, mas não há nada que você possa fazer para impedir as lágrimas que você sente se formarem em seus olhos, nem a dor estranha debaixo das suas costelas. Você não tem um coração, essa dor que você sente dilacerar o seu peito é um fantasma. Só um fantasma, como ele.
Stephen Walcott está morto, e vai ser enterrado com algumas medalhas presas ao peito e, se encontrarem, uma bandeira enrolada no caixote que vão chamar de caixão. No meio de um deserto que vocês criaram, em algum lugar que Deus baniu. Mais tarde ele vai ter o nome entalhado junto de milhares outros em algum monumento hediondo e vão rezar pela alma dele.
É bom que rezem. É bom que rezem porque ele deve estar no inferno, pelo que ele fez com você. Ele não deixou a cortesã roubar a inocência dele – ele ia dar a inocência dele pra você, ela era sua, e você teve medo. Ele te fez amá-lo, querer quebrá-lo, querer protegê-lo, querer—
Ele fez tudo, para se transformar em nada.
Você odeia o nada.
Stephen Walcott está morto – verso, refrão, verso. Você sabe como as coisas funcionam.
Última edição por Neoshadow em Qua Ago 06, 2014 7:40 pm, editado 1 vez(es)
Neoshadow- Furious Witch
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Lindo, lindo, lindo.
Quase chorei lendo isso. ç-ç
Atua escrita é incrível, Neo, o modo que tu escreve deixa tudo mais lindo.
E angst:: <3
Quase chorei lendo isso. ç-ç
Atua escrita é incrível, Neo, o modo que tu escreve deixa tudo mais lindo.
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Ynys Wydryn- Obsessive Prince
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Essa fic está linda mesmo. Teve até um momento que eu parei de ler, tive que me recompor e voltei a ler.
Essa escrita, essa poesia, a narrativa como se o leitor fosse o eu lírico...perfeito.
... E eu que apareci no fórum novamente só por causa desse concurso de fics, se eu tivesse mais tempo eu iria participar também...
Que venham as próximas e que sejam tão boas ou melhores que essa pra me emocionar desse jeito.
PARABÉNS.
Essa escrita, essa poesia, a narrativa como se o leitor fosse o eu lírico...perfeito.
... E eu que apareci no fórum novamente só por causa desse concurso de fics, se eu tivesse mais tempo eu iria participar também...
Que venham as próximas e que sejam tão boas ou melhores que essa pra me emocionar desse jeito.
PARABÉNS.
LX-Stein- Autist Bastard
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Não sei muito sobre o gênero, mas achei muito interessante a narrativa.
A leitura me prendeu, mas admito que só iniciei por causa da descrição "POV em segunda pessoa" (?!) (entendi na narração o que quis dizer, mas antes deu nó na cabeça). hehe
A leitura me prendeu, mas admito que só iniciei por causa da descrição "POV em segunda pessoa" (?!) (entendi na narração o que quis dizer, mas antes deu nó na cabeça). hehe
Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Ynys Wydryn escreveu:]Lindo, lindo, lindo.
Quase chorei lendo isso. ç-ç
Atua escrita é incrível, Neo, o modo que tu escreve deixa tudo mais lindo.
E angst:: <3
Angst is the new black. Obrigado, Ynys. <3
LX-Stein escreveu:Essa fic está linda mesmo. Teve até um momento que eu parei de ler, tive que me recompor e voltei a ler.
Essa escrita, essa poesia, a narrativa como se o leitor fosse o eu lírico...perfeito.
... E eu que apareci no fórum novamente só por causa desse concurso de fics, se eu tivesse mais tempo eu iria participar também...
Que venham as próximas e que sejam tão boas ou melhores que essa pra me emocionar desse jeito.
PARABÉNS.
Sério? D: Nossa, eu nunca imaginei que eu moveria alguém às lágrimas com uma história. Mas que bom (?) que aconteceu - digo, que bom que você se identificou o suficiente, ao ponto do processo de leitura lhe proporcionar emoções tão fortes.
E essa coisa de transformar o leitor no eu-lírico foi exatamente uma estratégia para aproximar o personagem, criar essa ilusão de "movimento", sabe? Ainda bem que funcionou, porque eu nunca tinha feito isso HAHAHA
Obrigado pelo comentário. <3 E vão aparecer histórias excelentes, fique por aí e veja.
jcamaral escreveu:Não sei muito sobre o gênero, mas achei muito interessante a narrativa.
A leitura me prendeu, mas admito que só iniciei por causa da descrição "POV em segunda pessoa" (?!) (entendi na narração o que quis dizer, mas antes deu nó na cabeça). hehe
Eu também tive que parar pra pensar quando fui colocar hahaha Mas ó, ainda bem que isso chamou atenção, né? Eu gosto muito de experimentar novas formas de narrativa, e só imaginei que seria legal ler uma história em segunda pessoa e tentei fazer - e, por mais complicado que tenha sido, funcionou.
Agora meu próximo objetivo é escrever uma história sobre três pontos de vista, contados em três tempos distintos, sobre uma único acontecimento.
Obrigado pela leitura e pelo comentário!
Neoshadow- Furious Witch
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Demorei para começar a ler as fics, mas finalmente to começando. kkk
Sua fic ficou otima Neo, essa narração é bastante interessante, no incio estranhei um pouco por causa da quantidade de "você" que havia, mas depois me acostumei e não já me importei mais, passei a dar atenção ao enredo. Realmente bem poético, narrou os bem os detalhes, enfim... gostei bastante. -s
Sua fic ficou otima Neo, essa narração é bastante interessante, no incio estranhei um pouco por causa da quantidade de "você" que havia, mas depois me acostumei e não já me importei mais, passei a dar atenção ao enredo. Realmente bem poético, narrou os bem os detalhes, enfim... gostei bastante. -s
Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Agora que você comentou, ficou esquisito mesmo. Culpa sua, não consigo mais desolhar essa repetição. D: Mas eu também não tinha muito o que fazer, ou era cair nesse efeito de eco ou era deixar o texto mais desnecessariamente longo do que ele ficou. haha
Obrigado por ler, e pelo comentário, Hik.
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Neoshadow- Furious Witch
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Depois fala de mim,olha que dom artístico vey. Eu li ontem mas tava tão virada que nem comentei. Essa narração ficou muito boa, me ensine depois como fazê-la. Eu gostei pq ficou um tom meio sarcástico, coube bem ao estilo "nada disso faz o menor sentido"
Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Sabe quando você lê as categorias da fic de forma bem automática e quase não presta atenção porque está ansioso pra ler a história? Então, quando fui ler a sua, o "POV em segunda pessoa" passou batido.
Só depois de ler o comentário do jcamaral é que eu fui me dar conta de que eu tinha acabado de ler uma fic inteira em segunda pessoa e não tinha nem estranhado, de tão natural que ficou!
Se bem que natural talvez não seja uma boa palavra porque sua fic ficou mais envolvente que o normal, e como isso é algo que nem todo mundo consegue fazer, nem sei se eu poderia falar em natural.
Só sei que eu gostei muito desse experimento que você fez, Neo, acho que foi a primeira vez que li algo em segunda pessoa. Você ousou nessa fic e foi uma ousadia que deu certo!
Vindo de você, eu já esperava uma fic muito bem escrita. O tema também ficou bem interessante e eu já imaginava que teria angst, porque não é do seu feito falar de coisas muito bonitinhas, pelo visto ^^
Dá pra gente se colocar muito bem no lugar do protagonista pela forma como você foi descrevendo o que ele sentia em relação à guerra, às mortes e ao amigo. Aquele conflito com os próprios sentimentos no final ficou excelente, adorei a comparação do coração com um fantasma.
Você conseguiu não só falar do tema de uma maneira bonita pela forma como escolheu as palavras e a maneira de contar, mas significativa. É aquele tipo de fic que toca em assuntos que não acabam com a fic, tem bastante "food for thought" aí.
Parabéns, Neo! Eu não esperava menos.
Só depois de ler o comentário do jcamaral é que eu fui me dar conta de que eu tinha acabado de ler uma fic inteira em segunda pessoa e não tinha nem estranhado, de tão natural que ficou!
Se bem que natural talvez não seja uma boa palavra porque sua fic ficou mais envolvente que o normal, e como isso é algo que nem todo mundo consegue fazer, nem sei se eu poderia falar em natural.
Só sei que eu gostei muito desse experimento que você fez, Neo, acho que foi a primeira vez que li algo em segunda pessoa. Você ousou nessa fic e foi uma ousadia que deu certo!
Vindo de você, eu já esperava uma fic muito bem escrita. O tema também ficou bem interessante e eu já imaginava que teria angst, porque não é do seu feito falar de coisas muito bonitinhas, pelo visto ^^
Dá pra gente se colocar muito bem no lugar do protagonista pela forma como você foi descrevendo o que ele sentia em relação à guerra, às mortes e ao amigo. Aquele conflito com os próprios sentimentos no final ficou excelente, adorei a comparação do coração com um fantasma.
Você conseguiu não só falar do tema de uma maneira bonita pela forma como escolheu as palavras e a maneira de contar, mas significativa. É aquele tipo de fic que toca em assuntos que não acabam com a fic, tem bastante "food for thought" aí.
Parabéns, Neo! Eu não esperava menos.
Re: Verso, refrão, verso. [16+]
Tsundêrih escreveu:Depois fala de mim,olha que dom artístico vey. Eu li ontem mas tava tão virada que nem comentei. Essa narração ficou muito boa, me ensine depois como fazê-la. Eu gostei pq ficou um tom meio sarcástico, coube bem ao estilo "nada disso faz o menor sentido"
Isso é bom. Sinal de que atingi meus objetivos de tornar a história mais hm interativa. haha
Obrigado por ler e comentar, linda. <3
TiNoSa escreveu:Sabe quando você lê as categorias da fic de forma bem automática e quase não presta atenção porque está ansioso pra ler a história? Então, quando fui ler a sua, o "POV em segunda pessoa" passou batido.
Só depois de ler o comentário do jcamaral é que eu fui me dar conta de que eu tinha acabado de ler uma fic inteira em segunda pessoa e não tinha nem estranhado, de tão natural que ficou!
Se bem que natural talvez não seja uma boa palavra porque sua fic ficou mais envolvente que o normal, e como isso é algo que nem todo mundo consegue fazer, nem sei se eu poderia falar em natural.
Só sei que eu gostei muito desse experimento que você fez, Neo, acho que foi a primeira vez que li algo em segunda pessoa. Você ousou nessa fic e foi uma ousadia que deu certo!
Vindo de você, eu já esperava uma fic muito bem escrita. O tema também ficou bem interessante e eu já imaginava que teria angst, porque não é do seu feito falar de coisas muito bonitinhas, pelo visto ^^
Dá pra gente se colocar muito bem no lugar do protagonista pela forma como você foi descrevendo o que ele sentia em relação à guerra, às mortes e ao amigo. Aquele conflito com os próprios sentimentos no final ficou excelente, adorei a comparação do coração com um fantasma.
Você conseguiu não só falar do tema de uma maneira bonita pela forma como escolheu as palavras e a maneira de contar, mas significativa. É aquele tipo de fic que toca em assuntos que não acabam com a fic, tem bastante "food for thought" aí.
Parabéns, Neo! Eu não esperava menos.
Chorei de emoção com o seu comentário.
Eu também acho muito difícil encontrar fanfics/histórias em segunda pessoa. Lembro que a primeira que eu li, a alguns anos atrás, me causou um estranhamento tão grande que eu mal consegui terminar de ler - depois de um tempo eu voltei e era uma história linda; hoje em dia é uma das minhas fanfics preferidas.
Não vou dizer que foi a primeira fanfic que escrevi em segunda pessoa (eu publiquei duas aqui antes, uma delas exatamente como um preparo pra essa fanfic que tu leu haha). Mas essa é diferente porque é muito maior, e como é uma história original, eu precisei trabalhar bem os personagens.
Não gosto de coisas muito bonitinhas, é verdade. Não que eu não goste de finais felizes. Não sei se tu lembra da fanfic que eu escrevi pro último concurso, mas o final dela, por exemplo, era feliz - depois, é claro, de uma sucessão de enormes tragédias. Gosto de angst, mas também gosto do alívio que dão os finais felizes. E, além de tudo, achei que combinaria melhor com a temática que eu propus - como eu disse beeem no comecinho da fanfic, "a guerra é tudo e nada" e "as pessoas morrem o tempo inteiro". Era praticamente um aviso. HAHAHAHA
Quanto à profundidade do tema: é por isso que eu gosto de falar de guerra. Na última fanfic havia guerra envolvida, mas foi algo muito distante - era narrada por um cara que tava atrás dos muros, um cara que já tinha vencido suas batalhas. Aí eu pensei: "e por que não contar a história DE DENTRO da guerra?". Falar de como as pessoas que estão lá se sentem e etc. Isso também tem muito a ver com o fato de eu estar estudando Histórias, mas enfim. :B
Obrigado pelo comentário lindo. ;__;
Neoshadow- Furious Witch
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Re: Verso, refrão, verso. [16+]
^ UHASUHA, esse gif xD
É mesmo? Nossa, eu tenho quase certeza que a sua foi a primeira que li em segunda pessoa e eu nem cheguei a estranhar de tão boa que ficou!
Nossa, preciso ler as outras, então, não sabia que você tinha escrito mais fics em segunda pessoa.
Eu imagino, deve ter dado um baita trabalho fazer essa fic! Mas o impressionante é que você fez rápido! A sua foi a primeira a ser postada aqui pro concurso, não foi? Acho que eu levaria uns longos dias pra escrever uma fic dessas e não teria a mesma qualidade, UHSAHUSA.
Sim, eu me lembro da sua outra fic. Apesar do final feliz, a primeira coisa que me vem à cabeça quando me lembro dela é o angst, UHSAUHSA.
É verdade, pelo começo dessa sua fic, eu já imaginava que o final seria mais ou menos esse. Desde o começo ela me passou a impressão de que você seguiria nessa linha da crua realidade e provavelmente não faria um desfecho bonitinho só pra deixar os leitores com um sorriso no rosto.
Pois é, eu imaginei que a escolha do tema tivesse a ver com o fato de você estudar História. Lembro que eu também cheguei a começar uma fic sobre guerra uma vez, era pra um concurso do fórum de 2011 eu acho, sahuasu, mas eu acabei não terminando.
Ah, de nada, eu até fico meio sem jeito de comentar porque não entendo muito quando o assunto é escrita
Mas essas foram minhas impressões sinceras.
É mesmo? Nossa, eu tenho quase certeza que a sua foi a primeira que li em segunda pessoa e eu nem cheguei a estranhar de tão boa que ficou!
Nossa, preciso ler as outras, então, não sabia que você tinha escrito mais fics em segunda pessoa.
Eu imagino, deve ter dado um baita trabalho fazer essa fic! Mas o impressionante é que você fez rápido! A sua foi a primeira a ser postada aqui pro concurso, não foi? Acho que eu levaria uns longos dias pra escrever uma fic dessas e não teria a mesma qualidade, UHSAHUSA.
Sim, eu me lembro da sua outra fic. Apesar do final feliz, a primeira coisa que me vem à cabeça quando me lembro dela é o angst, UHSAUHSA.
É verdade, pelo começo dessa sua fic, eu já imaginava que o final seria mais ou menos esse. Desde o começo ela me passou a impressão de que você seguiria nessa linha da crua realidade e provavelmente não faria um desfecho bonitinho só pra deixar os leitores com um sorriso no rosto.
Pois é, eu imaginei que a escolha do tema tivesse a ver com o fato de você estudar História. Lembro que eu também cheguei a começar uma fic sobre guerra uma vez, era pra um concurso do fórum de 2011 eu acho, sahuasu, mas eu acabei não terminando.
Ah, de nada, eu até fico meio sem jeito de comentar porque não entendo muito quando o assunto é escrita
Mas essas foram minhas impressões sinceras.
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