"Os miseráveis do bolsa família"

Nós podemos pensar que a pessoa defende o voto censitário por ser ignorante em uma série de fatores, mas eu acho que é má fé, mesmo. Em época de eleição nós conseguimos dar uma boa peneirada nas pessoas. Em quem tem disposição para debater ideias e respeitar o voto alheio e quem destila preconceito em todas as formas.

"Proíba os beneficiários do bolsa família de votar e verás Dilma perder metade dos votos". Essa eu vi no Facebook, quando tentei argumentar sobre como o governo do PSDB adora uma demagogia básica. Desisti de discutir, porque não perco o meu tempo com esse tipo de pessoa, que já entra numa discussão sabendo que "ganhou - aliás, que entra numa discussão com a clara ideia de quem alguém ganha e alguém perde.

Mas digo: amigo, se proibissem o voto de protesto, Marina Silva não teria nem metade dos votos que teve. Se proibissem a classe média de votar, Aécio desapareceria das pesquisas. Mas sabe por que não há proibição de votos de determinados grupos? Porque vivemos em uma democracia. E um dos preceitos fundamentais desse tipo de organização político-social é que todo mundo tem voz - todo mundo pode votar. Se você não compreende isso, não dá nem pra começar um debate.

Sem contar que fica uma coisa elitista, profundamente idiota mesmo. Porque basicamente quem conclama o voto censitário são os mais "abastados" - aqueles que reclamam da Dilma por causa do preço do PS4. "O pobre não pode votar. Afinal, ele é menor na sociedade e nós, os abastados, os que carregam esse país nas costas, não podemos admitir que os votos deles tenham o mesmo peso que o nosso". Pra mim o debate sempre termina aqui. Não dá pra ir além com essa babaquice toda.

Em 2010, a maior representação - nas eleições para governador aqui do DF - da Weslian Roriz foi das classes médias e dos realmente abastados. O resto votou em Agnelo Queiroz. Eu teria votado em Toninho de Andrade - que não conseguiu nem 15% dos votos - e fiquei bastante decepcionado com os resultados das eleições. A partir daí, tive duas opções.

1. Chorar com os meus amiguinhos "revolucionários" e pedir a separação de algumas cidades satélites do entorno, como volta e meia fazem.

ou

2. Aceitar isso tudo porque, afinal, nós vivemos em uma democracia.

Nem preciso dizer que fui com a segunda opção. Sempre que o candidato do qual eu gosto não ganha, eu vou com a segunda opção. Faz parte do jogo. Faz parte da vida.

Ter ido com a segunda opção me fez ter uma profunda reflexão acerca do fracasso dos meus candidatos de preferências nessas eleições. Acredite, consegui achar uma explicação. E não foi a explicação batida de o pobre é curral eleitoral, é massa de manobra, e nós da classe média para cima é que somos a parcela intelectualizada da população, porque olha. Olha mesmo. Nem a nossa classe mais alta pode se dizer intelectualizada. A esquerda fracassou nas periferias, não está presente nas áreas pobres. Os ambientalistas não aceitam diálogo com os produtores rurais e industriais. As alianças são constantemente bombardeadas, mas falta ver que não se governa sem elas. Agnelo não ganhou, naquelas eleições, porque o "subúrbio" é burro, e sim porque o subúrbio escolheu ele e fim. A quem perdeu, cabe a resignação e a reflexão desse recado.

Hoje quem vota em Dilma também deve refletir. Sobre o mapa de votação nos estados, minha maior reflexão é o Centro-Oeste sempre votar PSDB. Há razão para isso. E as reivindicações dessa população são justas, mas a esquerda não me parece alinhar nisso, batem numa tecla equivocada de ambientalismo x fazendeiros que está longe de ser a verdade. Em contrapartida, os eleitores do Aécio precisam entrar numa reflexão profunda sobre o Norte e o Nordeste, precisam superar o preconceito para entender a votação maciça em Dilma. O Centro-Oeste mandou seu recado. Norte e Nordeste também. Resta saber se PT e PSDB estão aptos a entender a mensagem sem cair no erro eles são ignorantes, não me entendem.

hahaha Eu pelo menos sei que não terá fila pra votar na minha cidade (em contraste com a fila de justificar).

E eu até queria votar nos tucanos, mas sinceramente, só faz merda, nem pra sustentar um simples sistema de rede de abastecimento de água em um país sem escassez de recursos hídricos eles conseguem. Nos blogs disseram que Aécio diria "tomar medidas impopulares para proteger a economia", ele negou depois claro, mas já prevejo; uma coisa que eu já falei, não adianta ter a quinta maior potência econômica do mundo se não consegui administrar, e menos ainda distribuir; veremos, o que Aécio faria? dificultar os programas feitos no governo lula, programa universidade para classe média, e demais coisas de Aécio.
Eu quero tirar PT, eu quero, eu quero, mas Aécio não, pelo menos Agnelo e camaradas já foram, e petistas já perderam o favoritismo aqui no centro-oeste e nas capitais.

A Dilma, como dizer, irá continuar fazer o que sabe de melhor, nada; deixa BB, ECT, e demais roubando e fazendo um trabalho medíocre como sempre, órgãos fiscalizadores nunca funcionaram de qualquer maneira e a gente sabe disso, já é natural do brasileiro pagar caro por algo que não funciona. E tarifas aduaneiras, quem não gosta? quanto mais espantar investimento exterior melhor.

ICMS, sabemos que a Dilma não pode diminui, nem mexer nele, responsabilidade dos governadores, espero que ao menos parem de aumentar, arrecadação de imposto já bateu mais recordes que Ayrton Senna só esse ano.

Só sei que enquanto não tirar esse Mantega esse PIB não sobe

A reflexão é um passo pro avanço. Bom seria se isso fosse feito.

Engraçado meus candidatos também não foram eleitos nas ultimas eleições, mas é justamente por eu saber a posição deles em contraposto a sociedade onde vivo que sei porque não foram eleitos.

Também acho ignóbil a ideia de voto censitário, mas o que me vinha nesse meio tempo permeando a minha mente (até querendo explorar a opinião do povo daqui) é: os votos nulos.

Anular o voto é uma questão de "greve" ao foto obrigatório? Será que não se posicionar é a melhor opção? Ao meu ver, não. O melhor seria, mesmo não gostando dos candidatos optar por um deles e ser um exímio crítico de seu governo (digo isso por já até ter visto a opinião do Zeca Baleiro em relação ao seu voto e seu modo de "justificação do voto" - que é justamente o que citei).

Mas voltando ao post, acho que a questão "maior geral" seria se existe mesmo uma divisão que teria direita a poleis?! Ou seja aqueles que definem os meios da convivência da sociedade civil?

Concordo que deve haver democracia, mas ainda me vem a mente que as pessoas precisam se aprofundar nessa questão, para que não neguem, nem deserdem daqueles que foram eleitos (por eles mesmos) ou apenas não se preocupem mais.
Começando obviamente por mim mesmo, que mal consigo acompanhar do votado a vereador da minha cidade, quanto mais em nível nacional.