A Sombria Floresta do Fogo-Fátuo

Uma estranha floresta ao sul das Planícies dos Orcs. A Sombria Floresta do Fogo-Fátuo recebeu esse nome por causa das luzes misteriosas que flutuam entre as árvores, o que faz o lugar ter fama de mal assombrado. Muitos também contam que a floresta tem conexão direta com o mundo dos mortos, por isso, pessoas a procuraram para tentar comunicação com os entes queridos que já se foram.

Louis estava andando sem rumo a dias, o mapa que achou nas ruínas do templo já não o ajudavam mais e os espíritos também não ajudavam como guias, seguindo em meio as árvores Louis se perde em seus pensamento.

Vizzerdrix, morto ? o responsável pela queda dos deuses ? como conseguiram matá-lo..... será que foi a mesma pessoa que emitiu aquela ordem de assassinato contra as "crianças do exilio" ?
Louis, cansado de pensar nisso, senta contra uma árvore e repassa seus movimentos dos últimos dias...

- Okay, ao que parece estou perto do Pântano Esquecido, só falta atravessar essa maldita floresta que estarei um passo mais perto das ruínas onde fui encontrado
Louis olha para cima vê somente folhas e raios de sol atravessando buracos esparsos na vegetação, com pequenas luzes flutuando em direção ao céu
- Pode ser maldita, mas é belíssima, e por algum motivo me sinto bem aqui.... deixe isso para lá, mais tarde invoco algum espírito presente nessa floresta e peço por mais indicações
Dando um profundo suspiro, Louis se levanta e começa a caminhar, esperando sair logo dali.

- Veja só o que temos aqui, Phelipe, mais um viajante perdido...



- Veja só o que temos aqui, Nora, mais uma mariposa presa na teia dos fantasmas.

Os dois riram.

As aparições haviam surgido pelas costas de Louis e flutuavam à centímetros do chão ao lado dele, cada uma tocando um de seus ombros.



- É tão doce a sensação de tocar o calor de um corpo que ainda pertence ao mundo dos vivos.



- É tão doce a sensação de ver olhos brilhantes de esperança quando se já está tudo perdido.

Os dois olharam para Louis com olhos maliciosos.



- Tudo perdido...



- Tudo perdido...

E riram novamente.

Louis sente um frio na espinha e vira bruscamente para trás, deparando-se com dois belos espíritos.

Olha que legal, dois espíritos bem quando eu realmente NÃO precisava....
- O quê ? quem são vocês ? precisam de algo, espíritos ?

Dando enfase na ultima palavra, Louis não se deixa intimidar com o discurso dos dois espíritos, mesmo perturbando-o um pouco, e decide ver o que os dois querem, antes de tomar qualquer medida hostil, visando sair daquela floresta o quanto antes.
Ótimo, tudo que eu precisava agora... pelo menos esses dois me ajudem a sair daqui. Antes esses dois do que continuar sem rumo nessa floresta sem fim.

- Espíritos???



- Ele disse espíritos???



- Essa palavra soa tão indelicada!



- Muito, muito indelicada.



- Exilados também se tornam espíritos?



- Vivi minha vida para encontrar a resposta dessa pergunta.



- Conte ao nosso convidado qual será o destino dele!



- Logo você se juntará à noite sem fim da Floresta do Fogo-Fátuo.



- Noite sem fim...



- Noite sem fim...

Os dois encararam Louis novamente, pareciam ter grande curiosidade quanto à ele.



- Quando a terra for acertada pela flecha...



- Nós é quem te chamaremos de "espírito"...

E caíram em risos novamente.

Louis já não entendendo se estavam ameaçando ou brincando com ele, desiste de procurar hostilidade aparente, qualquer coisa era só forçar os dois a irem em bora com sua habilidade.

Correção: belos espíritos gêmeos que não falam nada que eu entenda. pois é, tudo o que eu precisava.
- Espíritos, almas, poltergeist, alma penada, do que vocês querem ser chamados ? ou preferem que eu os chame pelo nome ? e de qualquer modo, eu já viajo pelos mundo dos mortos mesmo sem ser um de vocês, e pretendo continuar assim por um bom tempo. Que seja.... espero que vocês me ajudem com algo, já que estão aqui.
Louis agacha para pegar o mapa na sua mochila quando se deu conta de algo que os gêmeos falaram.... os dois o chamaram de....
Levantando bruscamente, Louis os olha de novo, agora encarando os dois sériamente
- Exilado ? Terra for acertada pela Flecha ? quem são vocês.... e como sabem o que eu sou ? vocês têm idéia de quem.... ou o quê destruiu Vizzerdrix ?
Desconfiado novamente, Louis fica intrigado com os dois espíritos, curioso com o que falarão em seguida...

Os dois inicialmente pareceram muito ofendidos, mas logo caíram em gargalhadas.



- Ele demorou a perceber!



- Sim, demorou muito!

Cada um dos fantasmas tocou um dos lados do peitoral de Louis, aproximando-se do rosto dele.



- Conhecemos muito segredos. - a voz de Nora pareceu um silvo de serpente.



- Muitos... - a voz de Phelipe era tão doce quanto o aroma das rosas.



- Mas nada neste mundo é de graça, nem no mundo dos mortos...



- Se quiser estas respostas terá que nos dar uma coisa em troca.



- Duas.



- Uma para cada um...

Louis fica mais desconfiado ainda mas pensando na situação em que está resolve ceder.

- Duas.... duas coisas, o que seriam elas ? Algo a ver com meus poderes do exílio ou...?
Melhor do que eu estou, não fico... melhor eu ouvir o que esses dois tem a dizer, qualquer coisa é melhor do que ficar preso nessa floresta....
Não tendo idéia do que os gêmeos querem, Louis desiste de pensar e resolve ouvir o que os dois tem a dizer.

- Vamos! Você pode nos dar o que você quiser!



- Sim, sim! O que quiser!



- Pode ser uma faca.



- Pode ser uma espada!



- Pode ser sua vida.



- Pode ser sua alma.

Os dois o olharam sombriamente.



- O que está disposto a nos oferecer?

Ao ouvir as palavras dos dois, Louis deixou a confusão e receio de lado de lado e ficou concentrado em apenas uma coisa: sair dali e ouvir o que eles têm a dizer.

Vida ? Alma ? Achei que seria mais complicado, como explorar ruínas gigantescas e achar algum item lendário cercado por armadilhas.... mas se eles querem jogar assim, eu jogarei o jogo deles
Louis segura a mão dos gêmeos os olha seriamente nos olhos, lhes sorrindo sombriamente...
- Posso lhes oferecer minha alma, minha vida, uma adaga ou uma espada... mas acho que tenho algo muito melhor a lhes oferecer: meus poderes. Eu realizarei um desejo de vocês usando meus poderes, contanto que esteja dentro das minhas habilidades. O que acham ? Gostariam de sair dessa floresta, possuírem um corpo de novo, ou um objeto ? Serem meus aliados nas batalhas por vir, ou serem apenas observadores de camarote das tragédias que virão ? Decidam, meus caros... decidam...

- UM OBJETO!!



- BRILHANTE!! ELE DISSE UM OBJETO!!



- HÁ ALGO QUE EU QUERO MUITO!!



- Há algo que eu secretamente desejo.



- Faça todas as suas perguntas, e seguiremos você! Lhes mostraremos o caminho até aquilo que queremos.



- Mal posso esperar para ter aquilo que eu quero!

Aturdido, Louis não sabia se ficava contente ou com medo dos resultados, visto com os espíritos ficaram tão eufóricos com tal proposta...

O que será que eu fiz ? Um Objeto ? apenas ? o que será que esses dois querem tanto a ponto de ficarem tão felizes ? bom, agora os dados já foram lançados e o jeito é eu seguir com o resultado...
- Um objeto ? sério ? só ? Okay.... começando então, enquanto vocês me guiam até o fim dessa floresta, me respondam algo..
Louis tira a ordem de assassinato aos Exilados, agora toda surrada e cheia de rasgos da mochila e mostra aos espíritos gêmeos
- Vocês tem idéia de quem tenha escrito isso ? Seria o mesmo ser que destruiu Vizzerdrix ?

Ambos observaram atentamente a ordem de assassinato e, depois de um tempo, sorriram.



- Não faço idéia do que seja isso! - comentou Nora com uma risadinha.



- Eu muito menos!



- Mas nós sabemos muito bem quem destruiu o Vizzerdrix!



- Tão óbvio e tão fácil!



- Podemos contar tudo sobre a morte dele! E sobre o item que matou ele...



- Mas antes precisamos que nos jure. Queremos a certeza que teremos aquilo que você nos promete dar.



- Certeza absoluta... Precisamos de um pacto...



- Um pacto de vida e de morte...

Os dois o encararam serenamente, dando as mãos enquanto flutuavam à frente dele.

Já esperando tal resultado, Louis guarda a ordem na mochila sem cuidado algum

- Bom, já esperava por isso... mas agora, como vocês querem fazer tal pacto ? imagino que confiança mútua não conte como opção, certo ?
Bom, não ganhei as informações sobre a maldita ordem ,mas sobre o Vizzerdrix aparentemente esses dois sabem tudo...

- É simples. Basta prometer com seu dedo mindinho.

A fantasma se aproximou ainda mais de Louis. Seu punho estava fechado, com exceção do mindinho dobrado em forma de arco, que apontava para ele.



- Cruze seu dedo no dela com a mão direita, e com o meu na mão esquerda.

Phelipe imitou o gesto de Nora. Erguendo para ele o dedo mindinho, na espera que Louis também erguesse o seu e os dedos pudessem se cruzar.



- Uma vez que este pacto seja quebrado você não poderá mais mover este dedo.



- E com o tempo nem mesmo os outros dedos.



- E nem mesmo a mão.



- E nem mesmo o braço inteiro.

Os dois trocaram sorrisos sombrios.

- Mas é claro que você não pretende descumprir com sua promessa, não é mesmo?

Louis olha para os dois estendendo os dedos, levanta sua mão direita e cruza o seu dedo mindinho no dedo de Nora...
Depois levanta sua mão esquerda e cruza seu dedo mindinho com o dedo de Phelipe.

- Eu prometo, que irei leva-los até o objeto que procuram, e até lá vocês irão responder minhas perguntas...
Mudando seu olhar para um mais sombrio, Louis olha para os dois e sorri
- e se quebrar o pacto, pagarei com minha vida. Mas se o pacto for quebrado por parte de vocês, irei destruir tal objeto.
Ainda com os dedos cruzados, Louis deixa o ar sombrio de lado mas continua com um sorriso no rosto, completando
- Bom, é isso ? podemos continuar agora ?

Os dois riram satisfeitíssimos.



- Não seja tolo. - disse Nora docentemente sorrindo para ele. - Você jamais conseguiria destruir aquilo que procuramos.



- Por isso o preço não pode ser tão alto. - complementou Phelipe. - Não é necessário pagar com sua vida. O combinado inicial é o suficiente, pois jamais descumpriríamos com nossa promessa.



- E se descumpríssemos, você jamais saberia.



- Iremos lhe contar aquilo que sabemos, mas você nunca terá certeza se é ou não a verdade.



- Afinal, o que é real?



- Você nem ao menos sabe se nós dois somos reais...

- Tá bom.... se eu descumprir a promessa irei ficar gradualmente paralisado até virar uma linda estátua exilada viva....

Louis descruza os dedos e continua andando, depois olha para trás e sorri para os gêmeos
- Bom, se vocês não são reais, minhas ilusões estão ficando bem complexas.... mereço um ponto por isso. Vamos, então ?

Os dois seguiram Louis flutuando.



- Me sinto uma assombração particular! - exclamou Nora batendo palmas.



Phelipe deu uma risadinha.

- Vamos para onde, senhor? - perguntou ele educadamente, como se fosse um cocheiro de carruagem.



- E qual pergunta gostaria de fazer primeiro?



- E qual objeto o senhor gostaria de pegar primeiro?

- O que e quem matou Vizzedrix ? e vamos para o objeto mais próximo...
Louis vira para os dois
- Mas antes, vamos sair dessa floresta....

- huhuhuhu como ele é tolo...



- Nem notou...



- Há muito tempo não estamos na floresta. - disse Nora com um sorriso sombrio.



- Há muito tempo estamos vagando pelo Mundo dos Mortos... - Phelipe pareceu sério ao dizer essas palavras, e aquela expressão vindo dele causou um certo arrepio em Louis.



- Estamos percorrendo um atalho. Em breve chegaremos ao nosso destino...



- E, enquanto não chegamos, eu te explico. O que matou o Vizzerdrix foi um item que os povos chamam de O Arco do Milênio. Ele faz parte de uma coleção chamada de Itens Milenares, que são os objetos que foram acertados pelos fragmentos dos deuses. O Arco do Milênio possui o fragmento do deus Spyre, o Deus das Agulhas. Esse fragmento permite que as flechas lançadas pelo arco furem a realidade, podendo tecer, criar ou desconstruir. E foi isso que o Rei Celestial fez com o Vizzerdrix. O acertou bem em cheio ao furar os universos mágicos com sua agulha divina em forma de flecha, descosturando a realidade do Vizzerdrix em diversos pedaços que caíram sobre estas terras.

Phelipe encarou Louis.

- Isso responde à sua pergunta, meu jovem?

À frente deles estava um portal prateado e muito luminoso de onde veio uma rajada de vento frio que trouxe flocos de neve.



- Chegamos, Phelipe.

Louis, arrepiado com o comentário de Phelipe olha em volta e percebe que realmente não estavam mais na floresta....

- Nossa.... - preciso usar óculos, como não percebi isso ? - e nossa.... Acho que até mesmo deuses não são conseguem prever o que suas ações irão causar, quem diria que o próprio exilo que Vizzerdrix planejou iria dar origem ao item que o destruiria...
Aliás, espero que não apareçam exilados malignos nascidos dos fragmentos de Vizzerdrix possuído pela vontade de vingança daquele tapado...

Pegando rapidamente um diário surrado na mochila, Louis anota as informações, fazendo setas e notas para todos os lados, completando com uma pequena nota no rodapé:
"*Mundo dos Mortos = serve como atalho, porque ninguém nunca me fala essas coisas antes ?"

Ainda segurando o diário, Louis olha de volta para Phelipe e responde
- Hmmm, sim.... Mas quem é o Rei Celestial e o que ele pretende ? e o objeto que vocês procuram, é um desses Itens Milenar--
Interrompido por uma rajada de vento Frio e luz vinda de um portal no caminho a frente, Louis olha para Nora e de Nora para Phelipe
- Ahn.... onde ?

Louis havia notado que não tinha muita diferença entre o mundo real e o mundo dos mortos. Continuava vendo as mesmas árvores e luzes, mas a atmosfera era diferente, o ar parecia pesado e morto, como se carregasse o peso dos espíritos que ali habitavam. Ele sabia que aquela floresta tinha uma forte conexão com a morte, então não se espantou ao perceber que parte dela se encontrava no outro mundo...



Phelipe respondeu:

- É um tanto difícil de explicar exatamente o que é o Rei Celestial. Ele é apenas um humano, mas é considero um deus por aqueles povos, e por isso recebe essa alcunha. O Povo Celestial acredita que ele faz parte do céu, e que seu castelo proibido guarda a entrada para o paraíso. Dizem que sua face é tão bela que os humanos não são dignos de vê-la, aqueles que olham diretamente para o rosto dele tem seus olhos arrancados, isso se o rei tiver piedade, porque a pena comum é a morte.

O fantasma encarou o portal com seriedade e colocou a ponta dos dedos dentro dele, continuando a explicar:

- O que ele pretender é tornar de sua lenda real. É ser realmente uma divindade, como o povo acha que ele merecer ser. Por isso ele destruiu o Vizzerdrix. Agora não há mais nenhuma outra criatura que possa ser chamada de divindade, até que o Rei Celestial assuma o trono deste mundo e dos outros.



- Estamos indo para os Campos dos Uivos ao Vento. - respondeu Nora - E é isso mesmo que iremos buscar lá.

- Bom, se é humano isso já torna as coisas mais fáceis... Fiquei interessado por ele, agora... que tipo de loucura move uma pessoa a querer se tornar Deus, e acima de tudo, que artefatos interessantes ele teria sobre seu poder...
Incomodado por uma duvida de ultima ora, Louis pergunta para Nora
- Já que estamos no mundo dos mortos, porque não vimos nenhum espírito, além de vocês dois, até agora ?
Esperando a resposta, Louis caminha em direção ao portal, fechando o sobretudo que estava usando e se preparando para o frio....

- É uma questão muito profunda e religiosa para aquela gente.

Phelipe entrou no portal logo depois de Louis. Lá dentro era como um túnel baixo, esférico, branco, frio e luminoso. Flocos de luz voavam como neve. Havia uma saída a aproximadamente 30 metros de onde estavam, que dava para uma planície tingida pelo lilás do frio pôr-do-sol.



Nora foi a última a entrar, e respondeu-lhe calmamente:

- Você vê pessoas vivas a todo o tempo no mundo do vivos?