O Castelo da Neblina

Um misterioso castelo - cercado por uma densa neblina - que se encontra sobre uma das mais altas montanhas do Vale dos Perdidos.

Vizier libertou-se da mão de Zaira.

- Chegamos. - disse ele sem responder à sua pergunta.

Aquelas longas horas de silêncio nos Paraísos Gélidos pareceram cálidas e acolhedoras, mas assim que o homem falou, Zaira sentira de novo aquele frio vindo de seu coração gelado.

Al parou de caminhar e, ao olharem para cima, os fantasmas puderam ver os picos nebulosos. Sobre eles estava o castelo, luxuoso e cercado de mistério.

- Teremos muito tempo para conversar quando chegarmos lá dentro. - avisou ele. Nesse momento, Zaira notou que a névoa em torno do castelo tinha o formato de um gigantesco dragão.

Vizier segurou-a bem firme. E por fim, disse:

- Agarre-se à mim. Vamos voar.

Zaira nada disse. Pegou a bolsa que estava no seu colo e se agarrou a Vizier. Novamente se ruborizando pelo contato. Mas ficou intrigada, ele podia voar? Ela considerou a ideia de um exilado possuir dois fragmentos impossível. Mas estava, sinceramente, começando a achar que Vizier possuía mais que dois.

Para a surpresa de Zaira, Al abriu duas grandes asas de cristal, batendo-as violentamente contra o ar e aos poucos elevando-os às alturas.

Vizier a segurava com força, ao mesmo tempo que se agarrava a um dos cristais. O tigre começou a pegar velocidade e logo todos os três sobrevoaram as montanhas.

De lá de cima, Zaira pôde ver boa parte do caminho que percorrera com Vizier pelos Paraísos Gélidos, mas aos poucos sua visão foi sendo tapada pela neblina em forma de dragão que cercava o castelo.

Penetraram-na e foi como, por alguns instantes, estar dentro de uma nuvem.

Lá estava o grandioso castelo, bem à frente deles. Zaira pôde observá-lo em toda a sua grandeza e, por algum motivo que não soube decifrar, sentiu que Vizier estava sorrindo. Pousaram em um esplendoroso pátio onde havia uma piscina, árvores e bancos, além de uma escadaria que dava para uma das portas do castelo.

Vizier pulou da montaria e estendeu a mão para Zaira, que ainda estava lá encima.

- Venha. - chamou ele. - Pule que eu vou te segurar.

Zaira se deixou cair em direção aos braços de Vizier. Ainda continuava sem dizer nada, eu queria entrar logo dentro do castelo para que eles pudessem conversar. Ela estava admirada coma beleza daquele lugar extraordinário.

Vizier segurou Zaira com as duas mãos, sentindo o peso do corpo dela cair sobre o seu. Aquela era uma sensação que aos poucos fora se tornando estranha para ele. Sentir o toque, o peso, a textura de igual para igual. Isso tudo só era possível entre fantasma e fantasma, entre ele e ela.

Quando a largou, virou-se e caminhou em direção à escadaria, passando ao lado da piscina onde boiavam inúmeras folhas caídas das árvores do pátio.

Vizier, ao chegar ao topo das escadas, abriu a porta e fez sinal para que Zaira entrasse.

Sherazade adentou o salão, e sua respiração ficou sufocada na garganta. Ela aprecia uma formiga em meio aquele lugar gigante.

Era uma gigantesca e luxuosa sala de estar. Uma elfa com um vestido de empregada veio recebê-los.



- Sinta-se à vontade, senhorita. - disse ela. - Trarei chá do fogo-fátuo para vocês.



Quando ela se retirou, Vizier explicou:

- Esse é um ótimo chá para nós que estamos mortos, pois é feito da matéria prima de nossa essência.

O fantasma puxou uma poltrona para que nova rainha se sentasse. A lareira estava acesa e ele caminhou de um lado para o outro em frente a Zaira.

- Eu morri por causa da guerra entre as quatro Casas. Isso responde sua pergunta?

Nesse momento ele parou de andar, e encarou-a.

Sherazade só comia algo quando ia ao mundo espiritual, não que ela sentisse fome. Mas era sempre bom o gosto de um alimento. No entanto fazia anos que ela não comia, e agora quando teve a oportunidade de degustar mais uma vez um chá, que por sinal era delicioso, ela quase engasgo com ele. Respirou fundo, por reflexo. Deu um gole no chá e o pôs sobre a mesinha que ficava ao lado da poltrona.

- Na verdade isso não responde, apenas me faz presumir coisas... - Ela disse calmamente. - E eu presumo que você sente ódio e rancor. - completou ela, em seguida se levantou, sua mão estava um pouco tremente. Ela estava aflita, talvez com medo que ele odiasse ela pelo o que ia dizer, claro, como ele ainda ia possivelmente gostar dela quando soubesse que ela era a líder de uma das Casas que causou a sua morte? Nunca na sua vida havia sentindo medo antes, nem quando sua mãe lhe traiu.Cerrou os punhos com força diante daquela lembrança dolorosa, fechou os olhos, respirou um pouco se acalmando.

Abriu os olhos, sua expressão estava fria e pacífica, na via nenhum rastro de emoção nela. - Creio que eu não seja adequada para ser sua rainha. Pois eu sou, atualmente, líder da Casa Turandor. - declarou com uma foz firme, porem calma.

- E foi por ela que você morreu também? - perguntou ele com naturalidade sentando-se numa poltrona em frente à Zaira. - Porque foi pela Turandor que eu morri. Fui o primeiro Líder que a Casa teve, seu fundador, o primeiro de todos os membros.

Ele sorriu.

- Eu já sabia de sua história, Sherazade, assim como já sabia de seu nome, e de todo o resto. - ele tomou um gole do chá. - Quando lhe disse que era predestinada, eu não estava me referindo à uma profecia louca, ou coisa assim. - Zaira até se espantou, aquela fora a vez que ele mais falara durante todos aqueles dias. - Eu já a procurava fazia muito, muito tempo. A Líder da Casa Turandor, da minha Casa, da Casa pela qual lutei e pela qual morri.

Ele pareceu muito pensativo.

- Tenho orgulho de você. - Vizier a olhou nos olhos, mantendo a seriedade, mas ela pôde enxergar que por trás de toda aquela frieza havia uma grande dose de admiração.

Chocada? Não, isso era pouco para o que ela sentia. Estava sem reação, na verdade não sabia nem o que responder ou dizer a ele. Ela praticamente caiu na poltrona, seu rosto estava congelado num misto de choque, confusão, surpresa, etc. Estava tentando digerir tudo aquilo. Sentiu como se sua garganta estivesse fechada. Então ela a xícara de chá, e tomou todo o conteúdo em vários goles, em seguida depositou a xícara vazia na mesa. Ela olhou para o chá, ainda chocada com todas essas revelações.

- Isso... - Ela começou entorpecida pelos sentimentos. - ... Realmente, uma surpresa. - Continuou olhando para o chão, e começou a sorrir bobamente. - Uau. - disse impressionada. - O destino adora ser imprevisível. - Disse sacudindo a cabeça numa afirmativa. Ela estava falando mais para ela mesma do que para ele. Então percebeu como estava agindo, numa havia reagido de tão forma, então assim como veio o choque, ele se foi. Ela se recompôs, se indireitou na poltrona, colocou as mãos no colo e as cruzou. E olhou para ele, seus olhos verdes estavam os serenos e brilhavam com determinação.

- Você fez um trabalho esplendido criando a Turandor, acolhendo almas incompreendidas. - elogiou-o - E, respondendo sua pergunta, não, eu não morri por causa Turandor. A conheci depois de minha morte. - respondeu sentindo os músculos do seu corpo endurecer quando tocou no assunto sobre sua morte. - Me sinto muito honrada, por ser a atual líder da Turandor, e por ser elogiada pelo fundador da mesma. - sua voz soou pacificamente, mas internamente estava lutando para não se ruborizar.

Vizier, pela primeira vez, abriu um sorriso completo. Zaira pôde notar sua fileira perfeita de dentes muito brancos. Tudo nele era completamente alvo.

- Fique de pé, Zaira. - disse ele se levantando e caminhando até ela.

Vizier havia voltado a ser sério, e ela sentiu que algo muito importante estava por vir.



Lümma os observava do canto da sala, e nesse momento se aproximou. Zaira reparou que ela trazia uma caixa de vidro nas mãos.

- Aqui está, senhor. - disse ela entregando-lhe o objeto.



- Muito obrigado - agradeceu ele, logo voltando-se para Zaira. - Tenho um pedido a lhe fazer, Zaira Sherazade.

Aquele homem sorrindo era simplesmente deslumbrante. Ele é muito bonito pensou. No entanto ela não corou, finalmente havia conseguido novamente o controle do seu corpo. Nesses dias que passou com Vizier foi um torvelinho de emoções, que até então ela acreditava que não tinha, mas por fim obteve o controle, por enquanto.

Ela se levantou quando ele mandou, e ficou mordida de curiosidade. Céus, o que estava havendo com ela? Nunca antes havia sido curiosa, bem, não nesse ponto. Novamente, jogou a curiosidade de lado e se pôs paciente, paciência era sua melhor arma e qualidade.

Dando uma passo a frente, ela se manteve ereta e pacífica. E então disse. - Fale o que quer me pedir.

Vizier se ajoelhou diante dela, olhando-a nos olhos.

- Zaira Sherazade. - disse ele abrindo a caixa de vidro, assim revelando o mais belo anel de cristal de todo o universo. - Você aceita se casar comigo e assumir o trono como rainha de Cebyrllia?

Aquilo, sinceramente, a pegou de surpresa. Mesmo ele tendo dito a ela isso, não era como se estivesse preparada para o pedido. O controle que ela tinha antes? Foi embora totalmente, e ela se ruborizou do topo da cabeça às pontas dos pés.

- E-...Be-..Bem...Eu...- ela gaguejou ela tentando dizer algo coerente. Ela desviou o olhar e ficou olhando as chamas do fogo que ardiam na lareira. Ela sabia que não sentia fria ou calor, mas no momento era como se seu corpo estivesse dançando junto com aquelas chamas. Respirou fundo várias vezes.

- Eu...- a garota não sabia o que dizer, poderia aceitar? - Eu não sei...Eu tenho responsabilidades com a Turandor...Ainda mais agora...Você me deixaria partir, uma vez que eu aceitasse o seu pedido? - Ela perguntou, finalmente voltando-se a olhar para ele, com as bochechas ruborizadas. Seu olhar havia uma mistura de confusão, responsabilidade, dúvida, uma certa fragilidade e mostrava que no fundo ela queria aceitar o pedido. Ela mordeu inferior por causa do nervosismo e ansiedade.

- Claro que sim, Zaira. - respondeu ele ainda ajoelhado enquanto olhava no fundo dos olhos dela. - Somos dois fantasmas, temos toda a eternidade para nos amarmos. Mesmo que todos os reinos caiam e o mundo se destrua, ainda estaremos vagando por estas terras e teremos um ao outro. Você pode até passar anos sem ver-me mas, tanto que prometa que nosso amor nunca irá morrer, eu a deixo ir para onde quiser e quando quiser.

Ele estendeu ainda mais a caixa de vidro para que ela pudesse observar melhor o anel. A caixa era forrada por dentro por um belo acolchoado azul e a preciosa jóia a chamava.

- Por favor, aceite meu pedido.

Aquelas palavras foram um alívio para ela, como se tivesse tirado o universo de cima do seu peito, que até então estava apertado. Ela sorriu, não um mero sorriso, mas sim um enorme sorriso mostrando todos os seus dentes igual ao que ele havia dado mais cedo. Sentiu algo molhado escorrer pelas suas bochechas, e ela rapidamente levou as mãos ao rosto para ver o que era. Eram lágrimas, ela estava chorando! Lágrimas de alegria, nunca em toda sua vida (e morte) estava feliz.

- Eu aceito. - Disse sorrindo enquanto limpava as lágrimas com o torço da mão esquerda e estendia a outra para ele colocasse o anel. Ela estava muito feliz.

Vizier também sorriu, mas disfarçou, logo voltando ao seu semblante sério. Zaira havia percebido que para ele era importante manter a seriedade num momento como este.

O fantasma colocou no dedo dela o anel e levantou-se, sem tirar seus olhos dos dela. Tocou-lhe o rosto e admirou sua beleza. Desejou por um momento ser tão colorido e palpável como ela era, desejou merece-la, desejou dar-lhe todo o amor.

Aproximou o rosto do rosto dela, tocando-lhe os ombros e trazendo-a para perto de si. Agora seus corpos estavam colados e seus corações podiam sentir um ao outro, assim como os lábios que se encontraram no mais doce beijo...

Tinha como ficar mais vermelha do que estava? Sim, quando Vizier a segurou contra ele, seu corpo esquentou tanto que ela achou que ia ter uma combustão instantânea. Mas quando ele a beijou. A sensação foi inexplicável, ela se sentiu tão bem que se entregou completamente àquela carícia. Fechando seus olhos e pressionando, suavemente, mais seus lábios contra os lábios dele. Se aferrou a ele, um braço lhe rodeando a cintura subindo até a omoplata e espalmando lá sua mão com firma. A outra deslizou subindo até rodear sem pescoço e embolar seus dedos no cabelo macio dele. Isso fez-se com que ela se erguer um pouco ficando levemente na ponta dos pés, pois ele era alguns centímetros mais alto que ela.

Ela fechou os olhos se deixando levar, e só agora percebendo o pulsar do coração dele, o calor dele, ele estava tão quente comparado ao que gelo de antes. Ele tinha cheiro de neve, um cheiro fresco e gelado de neve, ela se apertou mais a ele. Ouvia a batida do coração dele, os lábios quentes dele contra os seus. Era tudo tão mágico. O único som que se ouvia era a batida de seus corações.

Já entorpecida pelas sensações, depositou beijinhos no lábios dele, e depois deslizou para bochecha esquerda, dando beijinhos ali também, e assim foi descendo até o seu pescoço. Lá o som do seu coração era mais forte e ela gostou da orquestra, o cheirou a neve novamente e deu um longo beijo ali. Enroscando mais firmemente seus dedos no cabelo dele, sem machucar, claro. Talvez tenha sido seus ex-instintos vampíricos que a tenha levado a fazer isso sem perceber.

Vizier a envolveu em seus braços, deslizando as mãos por suas costas num toque firme e suave. Jogou o peso de seu corpo sobre o dela, fazendo com que Zaira se sentasse na poltrona atrás de si. Vizier colocou um dos joelhos sobre o acolchoado do móvel e fora sua vez de provar o pescoço da rainha Sherazade.

Tocou sua pele de fantasma docemente, acariciando-a com a boca e descendo até o espaço acima dos seios. Olhou para Zaira e beijou-a novamente. Com o outro joelho, aconchegou-se na poltrona, ficando ajoelhado acima de Zaira, deixando assim as pernas da fantasma entre as suas e seu corpo inclinado sobre o dela.

Afastou-se do longo beijo e encarou-a, admirando tudo de belo que havia em seu rosto. Tocou-lhe com a mão esquerda e aproximou-se mais uma vez, com os olhos fechados. Vizier podia sentir a respiração dela, e logo, o gosto de seus lábios.

Zaira se sentiu pequena com a posição, ele a tinha prendido na poltrona, mas ela não se importou nenhum pouco com isso.Elevou o rosto dando Vizer mais acesso aos seus lábios. Suas mãos descansavam nas coxas dele, ela abriu seus lábios lhe convidado a explorar sua boca por dentro. Suas mãos subiram pelas suas coxas até chegar ao abdômen, lá encontrou os botões de sua casaca e foi desabotoando-os. Com o casaco aberto suas mãos lhe rodearam cintura e entrelaçaram-se.

- Ora, ora, ora. Que bonita, Shera. - Disse uma voz conhecida no outro extremo da sala, fazendo com que Zaira apartar-se imediatamente de Vizier pelo susto. E olhou totalmente para direção de onde vinha a voz, era Ariosto, ela se ruborizou por ele tê-la pegado... Bem, assim com Vizer. O gato ria muito maliciosamente. - Sinto muito ter interrompido o seu momento, bem... Romântico? Mas tenho coisas interessantes as lhe dizer... E vai te interessar bastante. - Disse o gato sentado, seu rabo balançava de um lado para o outro. Ele levantou uma pata e analisou as unhas por um tempo.

Vizier assustou-se com a mudança repentina de comportamento de Zaira.

- O que há com você? - disse ele encarando-a enquanto apoiava as duas mãos nos braços da poltrona. Estava louco para beijá-la, tocá-la, acariciá-la... Queria sentir o calor de seu corpo e a frieza de sua alma, que para eles eram uma só coisa.

Vizier afundou o rosto no pescoço de sua rainha, tentando trazê-la de volta para o clima que estavam antes de alguma coisa estranhar chamar a atenção dela. Ele não queria saber o que era, apenas queria continuar, tocá-la mais uma vez, beijá-la mais uma vez, e assim o fez.

Zaira por um breve momento se deixou entregar novamente às carícias de Vizier, não podendo impedir o beijo que lhe veio a seguir. Com muito relutância ela se apartou dele, e antes que ele a prendesse novamente, apoiou as mãos braços da poltrona e com toda a sua agilidade transpassou-a. Em segundos estava em pé com as mãos apoiadas a cabeceira da mesma olhando para Vizier. Ela se ruborizou ao vê-lo naquela posição com o casaco aberto mostrando o colete, o cabelo bagunçado e aquela expressão de desejo no rosto. Ele estava tão sexy!! O coração palpitou e ela se ruborizou mais ainda. Uma risada lhe fez voltar a realidade, então ela se ajeitou-se e encarou Ariosto.

- Não estamos mais sozinhos aqui. - ela avisou Vizer antes de mais nada. Sem olhá-lo ou ela ficaria hipnotizada pela visão. - Fale o que tem para falar. - disse calmamente a Ariosto. Embora estivesse MUITO chateada por ele ter interrompido, e seus sentimentos estivessem bastante agitados.

O gato ficou sério, levantou e se pôs a caminhar de um lado para o outro. - Estou aqui para avisar que as coisas estão ficando feias. Voltei ao mundo espiritual para me informar mais sobre a morte de Vizzerdrix. E você sabe que nós espíritos que vivem no mundo espiritual temos livre acesso para irmos onde quisermos. - O espírito sorriu por causa dessa liberdade, mas Zaira nada disse apenas esperou que ele continuasse.

- Ao que parece as tropas humanas estão tentando se aliar ao exilados. Eles querem a ajuda dos exilados para destruir o Rei Celestial, dizem que o Rei Celestial é um humano qualquer. - Continuou relatando-lhe os fatos - No entanto ele deve ser muito poderoso, e creio eu, que talvez ele possa ter o Fragmento de mais de um deus... Ou pior, que ele possa ter conseguido o Fragmento do deus Yullë. - comentou o gato parou de andar e deitou-se no chão e se pôs a rolar. - Nossa, esse tapete é muito macio. - disse rolando de um lado para o outro e ronronando. - Continuando, ao que parece o Rei Celestial está visando destruir a Terra do Exílio, e põe a todos em perigo. - ocultou a parte dizer que alguns membros a Turandor já estavam em perigo.

Vizier a olhava atentamente, ainda na sua posição de cachorrinho sobre a poltrona. Sabia que ela conversava com alguém, mas não sabia quem. Se fosse outro fantasma, por que ele não conseguia vê-lo? Não compreendeu, mas sentia que Zaira precisava de outra coisa naquele momento.

Levantou-se.

- Zaira, o que está acontecendo? - sua voz era firme e compreensiva. - Vejo em seus olhos que algo a preocupa. Existe alguma coisa que eu possa fazer para deixá-la melhor?

Ele era um cavalheiro. Andou até ela e seu semblante já era muito diferente do homem devasso e bagunçado que havia sido segundos atrás. Ajoelhou ao lado de sua noiva e encarou-a, esperando por uma resposta.

Sua mente estava trabalhando loucamente, como se fossem várias engrenagens que processavam as informações e tentavam ver possíveis soluções para aquilo. Ela devia ter se preocupado com aquilo antes, há dois dias atrás, mas nãããooo ela quis se aventurar. A culpa começou igual a ponto, mas ao poucos foi crescendo e tentava lhe consumir. No entantoa voz de Vizier lhe tirou do transe, sua visão se focou e ela viu que ele a olhava, ele estava tentando parecer sério, mas no fundo estava preocupado, ela sabia disso. A culpa foi embora, tinha valido a pena se aventurar.

- Eu possuo o Fragmento da Deusa Morticia. - disse suavemente a ele, o encarando. - Posso ver espíritos, entres outras coisas... E tem uma espírito que sempre me segue, ele é um amigo. Neste momento ele me deu algumas informações sobre o que está ocorrendo na Terra do Exílio. - explicou-lhe - Ao que parece os humanos estão querendo se aliar com os exilados, afim de matar o Rei Celestial. Dizem que o Rei Celestial é um humano qualquer, no entanto... Se ele matou Vizzerdrix, ele deve ser muito poderoso. Ariosto acha que ele pode possuir mais de um fragmento, ou que conseguiu o poder de Yullë. - ela sentou-se no chão e olhou para o chão. - Não tenho um bom pressentimento sobre isso. - olhou para o carpete por um bom tempo, até que se levantou e correu em direção a sua bolsa, buscando algo que havia lá dentro. Alguns segundos depois estava com um rolo de papel na mão. Ela ajoelhou-se no chão e abriu o papel, estendendo-o no piso. Era o mapa da Terra do Exílio. Ela não sabia o que fazer ainda, mas precisava planejar algo.