Estamos prestes a presenciar um golpe?

       Eu gostaria de apresentar-lhes uma análise (não tão aprofundada) mas que tem se desenvolvido muito recentemente em relação à conjuntura que temos vivenciado ultimamente. Trata-se da suposição de um golpe! Muito provavelmente um golpe de ordem política, mas sem excluir outras possibilidades.

       Há algumas semanas atrás, iniciou-se uma onda de protestos em reação ao aumento de 20 centavos da passagem de ônibus, o que é muito compreensível e até mesmo admirável por parte da população. Dentro de um certo período, porém, outras reivindicações foram tomando forma, de maneira que o movimento tornou-se difuso, reunindo várias metas aleatórias no tempo errado. Não vivemos num país das maravilhas, mas a ausência de uma meta única e coletivizada enfraquece manifestações e evidencia NOSSA falta de capacidade em estabelecer pontos específicos pelos quais lutar de uma maneira poderosa.

       Paralelamente, atos de destruição do patrimônio público também foram se ascendendo com frequência, ao passo que pacifistas ligados aos protestos condenavam tais atitudes. E não apenas isso: o aproveitamento da instabilidade também tomou conta das manifestações, aquela visível em assalto a lojas, na atuação de neonazistas e skinheads e na destruição por motivos de satisfação doentia.

       Mas o ponto-chave não está essencialmente nestes fatos, e sim na forma como a mídia e outros segmentos políticos agem em relação aos protestos, assim como os seus consequentes efeitos midiáticos sobre a população.

       A Globo, de repente, tem dado uma cobertura sensacionalista dos movimentos. Inicialmente, possuía uma postura diferenciada. Agora, parece estar enaltecendo as reivindicações enquanto amplifica vultosamente seu repúdio ao que é chamado de "vandalismo", "baderna", dentre outros termos que se repete em uma frequência absurda quando seus jornalistas se referem à destruição provocada por "vândalos", "delinquentes" et cetera. Não que eu esteja me posicionando a favor destes.

       Este é só um detalhe que se encaixa a outro: a despopularização de Dilma. Estatisticamente, com essas manifestações, sua popularidade tem caído por motivos óbvios. Está havendo uma desestabilização geral e, portanto, uma descrença no governo de Dilma tem tomado forma.

       Tais realidades possibilitaram o oportunismo de camadas de cunho administrativo. Sabe-se muito bem que, além da atuação de indivíduos mal intencionados os quais visam à algazarra, existe também a promoção de segmentos políticos. Tal oportunismo evidenciou-se, por exemplo, em comentários feitos por um dos idealizadores do Partido Militar Brasileiro (PMB), como consta NESTE LINK

       Segundo o idealizador do partido, Joaquim Barbosa é apto para "resgatar a moralidade política nacional". Também, segundo a postagem, a candidatura do ministro já conta com apoio popular e o povo clama por uma "revolução" no Brasil. Há, obviamente, um aproveitamento da situação para fazer propaganda do PMB em detrimento da administração atual.

       Certo e, afinal de contas, o que todos esses fatos têm a ver com o título do tópico? Qual a evidência de que pode estar sendo tramado realmente um golpe?
       Basta fazermos um paralelo. Para alguns, todas essas realidades, simultaneamente, já devem significar algo familiar: o golpe militar de 1964... Se pararmos para prestar bem atenção, há uma similaridade notória entre a nossa situação e a de meados da década de 60. Naquela época, com Jango na presidência, manifestações de trabalhistas eclodiam como resultado de sua tolerância a tais movimentos. Por ter fama de getulista, criava-se também uma imagem de que João Goulart era de esquerda e, consequentemente, que era comunista. Ah... o comunismo... "A terrível força que tirará as riquezas dos ricos"... "A terrível demagogia que jogará o Brasil em ruínas"... E por aí vai a imaginação e descontentamento das camadas conservadoras.
       Foi então que eclodiu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Em um comício, Jango anunciara reformas, e então, as massas conservadoras, descontentes, decidiram fazer algo para retirar o homem do poder. Iniciou-se, então, uma publicidade exacerbada de que Goulart traria o comunismo à nação e isso traria  consequências terríveis. O resultado disso, foi um protesto que reunia o Clero, as camadas capitalistas e uma massa imensa de pessoas manipuladas, todos querendo remover Jango do poder, o que realmente se concretizou com o golpe de 64.

       Agora basta comparar os dois casos e ver a similaridade. Dilma tem perdido popularidade devido às revoltas por todo o Brasil. O Partido Militar Brasileiro, além de outros segmentos, beneficiam-se disso por oportunismo para promoverem-se. O controle midiático também é essencial, pois redes televisivas massificadoras como a Globo, em vez de informarem, incutem opinião sobre população de uma maneira sensacionalista. Além, claro, da ascensão de um tal de "apartidarismo". Algo meio... ahm... à moda regime militar. (Tome como nota que sair às ruas tem se tornado algo cool e que muita gente o faz sem saber realmente por quê.)

       Então, na opinião de vocês: Estamos prestes a presenciar um golpe? Sim ou não e por quê?

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