Cem anos de solidão.

Ontem, no metrô - repare que eu poderia muito bem abrir um blog intitulado "relatos do transporte público" - estava muito cheio. Um problema qualquer e uma parte qualquer de Brasília é que TODOS os meios de transporte SEMPRE estão lotados - e agora eu fico me perguntando se é pelo volume de pessoas ou pela falta de veículos, mas enfim. E lá estava eu e um vagão lotado, muito lotado. Cara, acredite em mim quando eu digo que estava lotado. Perto de mim tinha um casal jovem, prestes a sair da adolescência, creio eu. Ela descansava o rosto no pescoço dele, de olhos fechados, enquanto ele segurava a barra de ferro com força o suficiente para equilibrar a ambos. Bem na minha frente, uma moça mais baixa que eu trocava mensagens indiscretas com alguém, enquanto ria baixinho. Atrás de mim, um casal de amigos conversava naquele tom de voz. Aquele, sabe?

Não prestei atenção na conversa deles. Não gosto de ficar invadindo a privacidade dos outros dessa forma - mesmo que eles estivessem conversando naquele tom, dentro do metrô lotado. Além disso, eu estava muito mais preocupado em estabelecer o meu espaço corporal em meio ao caos do metrô em horário de pico. Mas ouvi quando um deles disse "você está crescendo pra mim como um amigo". Naquele tom de voz. Eles eram amigos, mas estavam crescendo. Esmagado, socialmente desrespeitado, desconfortável e profundamente sem vontade de estar ali, eu achei aquele um momento muito tocante. Crescendo pra mim como amigo. Achei isso tão bonito. As pessoas - ah, eu me excluo tão prepotentemente "das pessoas" - só querem saber de meter a língua na boca uma das outras, e meterem seus fluídos umas nas outras, e se dizem "amigos-que-transam", mas não são amigos. São tudo menos amigos. Quantas pessoas realmente são amigas? Quantos relacionamentos baseados, criados, iniciados em cerveja, língua e porra duram o bastante para sobreviver quando o sexo vai rareando até acabar e tudo o que sobra é alguém com quem conversar?

Nada contra os relacionamentos "cerveja-língua-porra", são bons ao seu modo. Mas fico pensando se todo mundo não está acostumado com a facilidade desse modelo e muito covarde sobre as doações que uma amizade pede. Alguém pra trepar e bater papo é fácil. Amigo é difícil. Amizade que cresce e vira amor é uma coisa que requer uma ousadia e uma coragem que eu não encontro. E, veja bem, quando digo que não encontro, não encontro também dentro de mim.

Somos uma geração covarde pra caralho.

Concordo com a última frase, infelizmente.

É a tal da amizade colorida. Eu pensei se seria bom em ter uma, mas não sei se daria certo.

Não tenho tantos amigos em off e não iria ficar com um amigo por que sinto falta de beijos e sexo. 

Às vezes acaba o sexo e nem conversar fazem, apenas se separam, como se tudo tivesse acabado.

hãaaa ...

Nem sei o que comentar , já digitei e apaguei umas 3 vezes mas sempre acabo fugindo do assunto um pouco  

Mas sobre a "amizade colorida" é algo "opcional" , nos "filmes americanos" eles mostram que é algo foda , que é fácil e tal mas nem é bem assim.
Ficar com um "conhecido" e continuar ficando é algo totalmente diferente , agora ficar com uma amiga ( ou um amigo ) é difícil até , olhar no rosto no dia seguinte e ficar se perguntando " o que será que ele está pensando ? ".

Entenda que a amizade colorida não é algo que todos os dias eles se pegam , transam e talz , haha , realmente não é bem assim serio , não é bem assim .

Vai dizer que você nunca teve uma amiga que você já teve vontade de ficar ? não importa se foi a 10 anos atrás

Neoshadow escreveu:Somos uma geração covarde pra caralho.

Abra seus olhos,  veja o "mundo" em que vivemos , você faz faculdade de História certo ? Então você sabe muito bem a "evolução" ( é assim que se chama né ? ) que o "mundo" vem fazendo , claro claro , isso é o que dizem .
Não acho que somos uma geração covarde,  acho que somos apenas uma geração controlada e adestrada.