Time A, Mergulho 1 - Praia de Rim Elm {Apresentacao de personagens}

Depois de um final de semana monoto, onde a unica companhia de Kyousuke foram suas cervejas e o resto de trabalho que ele trouxe para terminar em casa, ele se deita em sua cama e abre o celular.

3:00 AM.

A quanto tempo ele nao dormia antes da meia noite? A quanto tempo ele passara todos os dias repetindo a mesma rotina, vendo as mesmas pessoas, trancafiado em salas fedendo a suor e cigarros, atendendo a clientes, forcando sorrisos? Em que momento ele havia perdido o interesse em tudo?

Perdido a vontade de viver?

No entanto, quando Kyousuke estava prestes a guardar o celular e dormir, um alerta peculiar subitamente acendeu na tela de seu celular.

"Deseja viver outra vida? Sim - Nao"

O alerta nao pertencia a nenhum dos aplicativos. Na verdade, ele era tao nitido que nem mesmo parecia algo capaz de ser produzido pela tela de um celular barato.

"Sim - Nao"

Um virus. Um hacker. Uma brincadeira de mau gosto. Apesar de saber que provavelmente essas eram as unicas opcoes, Kyousuke nao pode evitar de pensar...

"Deseja viver outra vida?"

E a resposta...

"Sim."

No instante seguinte, a luz do celular se apagou, deixando Kyousuke numa escuridao absoluta. E estranhamente, nao era mais sobre a sua cama em que ele estava deitado. Nem mesmo o lencol ou as roupas que ele estava vestindo agora pareciam mais as mesmas. No momento em que a luz retornou, a primeira coisa que ele pode ver foi uma praia isolada e um homem moreno, olhando para ele enquanto segurava um rifle.

"Seja bem vindo novato... Ao universo das ficcoes. E boa sorte. Voce vai precisar."

Kyousuke demorou alguns segundos para processar o que o homem armado havia dito, ainda em choque pela subita sequencia de acontecimentos.

"Onde... Onde eu estou?" Foi a primeira pergunta que ele conseguiu articular.

"Voce esta mergulhado no universo do jogo "A Lenda de Legaia". DEUS teve ter colocado toda a informacao a respeito de onde estamos e do que precisamos fazer para voltar na sua cabeca, tente se concentrar um pouco. Como se estivesse tentando lembrar do que pretendia fazer para o almoco." Disse o homem moreno, com um sorriso sarcastico.

Kyousuke fechou os olhos e se concentrou. Realmente, como se ele estivesse se lembrando de uma conversa que acabara de ter tido, as informacoes a respeito de onde ele estava e da missao a ser cumprida ali vieram a tona em sua cabeca.

DIVE 1:

"Impressionante... Nao e a toa que voce foi o primeiro novato a acordar. Voce tem a cabeca boa. Bem, nesse caso acho que nao faz mal eu pelo menos me apresentar. Meu nome e Victor. Sou o membro mais antigo desse time, ja sobrevivi a 6 mergulhos. Ah, quando eu digo "mergulho", eu quero dizer ser teleportado para a dimensao de um jogo, filme, livro ou lenda. Voce tambem vai ser obrigado a mergulhar em um cenario atras do outro a partir de agora garoto, e assim que as regras funcionam. Vou esperar os outros novatos acordarem antes de continuar a explicao, se nao se importa."

"Voce quer dizer que estamos em outra dimensao? Como um mundo paralelo? Uma realidade virtual?" Continuou Kyousuke.

"Algo assim. Nao sabemos com certeza, mas presumimos que estejamos em uma Realidade Artificial, criada arbitrariamente por algum ser todo poderoso, o qual decidimos chamar de DEUS. So nao cometa o erro de pensar que estamos em um jogo, ou em alguma especie de brincadeira. Aqui voce sangra, luta, sofre e morre de verdade. Mas em compensacao, voce pode comprar qualquer habilidade de qualquer universo que conheca, desde que tenha acumulado os pontos necessarios durante os mergulhos. Em geral, cada mergulho te rende 1000 pontos quando voce o completa, mas se dentro do mergulho voce cumprir objetivos extras escondidos por DEUS na dimensao em que voce estiver, voce pode acumular ainda mais pontos e recompensas para trocar. Por exemplo, esse meu Rifle de Gauss com municao infinita. Como ele e uma arma de tecnologia futuristica, sem mencionar que e a versao de municao infinita dela, ele me custou uma recompensa de Rank D mais 750 pontos. Fora isso, eu tambem sou um usuario de Parasitas. Ja leu o manga Parasyte? Onde o protagonista tem o braco consumido por um parasita que pode se transformar e se mover em velocidades extremas? Eu gastei uma recompensa de Rank B e 2500 pontos pelo mesmo tipo de poder. Haviam varias pessoas muito mais impressionantes no nosso time ate o mergulho anterior, mas agora so sobraram eu e o lider. Quando eu terminar de explicar a situacao para voces novatos, vamos nos encontrar com ele. Parece que os outros ja estao acordando."

Kyousuke olhou para tras e viu algumas pessoas deitadas no chao, se levantando surpresas. Elas pareciam estar na mesma situacao que ele estivera ate agora a pouco.

"Voce vai ter um pouco de tempo para digerir toda a informacao depois, se tiver sorte. Por enquanto, so tente ficar vivo. Quanto aos outros novatos, sejam bem vindos. Alguem tem alguma duvida?"

Kyouhei respirou fundo e tentou conter a dor de cabeca com toda a informacao que acabara de receber. Ele nao conseguia acreditar, ou nao queria acreditar. Ele estava livre? De tudo? Do seu trabalho? De tudo? Ele realmente tinha uma oportunidade para outra vida?

O vento soprou em seu rosto. Organizando seus pensamentos, ele se virou para os outros novatos.

"Dane-se. Novato 1, explique o resto para os que acordarem. Vamos estar esperando voces no centro da cidade quando estiverem prontos. A proposito, parece que nossa identidade temporaria nesse mundo e um pouco problematica. Como essa cidade parece ter ficado isolada por anos, ate mesmo DEUS nao conseguiu nos incluir no cenario com facilidade. Estamos sendo tratados como nomades que sobreviveram por anos fora dos muros da cidade, por mais improvavel no contexto desse universo que isso seja. Lembre-se de nao contar para nenhuma pessoa desse universo sobre sua verdadeira identidade ou voce vai perder pontos e morrer. Temos que fingir que somos parte desse mundo ate a missao acabar." Exclamou Victor, se levantando, acendendo um cigarro e dando as costas para os novatos na praia.

Kyouhei nao o seguiu. Haviam outros dois novatos acordando, e ele decidiu primeiro conversar com eles e tentar fazer mais sentido da situacao.

"Hey! Voces dois! Meu nome e Kyouhei. Eu... Acho que estamos na mesma situacao. Prazer em conhece-los."

-- Iniciando transmissão por audio --
"Diário de viagem - Zhalqiéc'Monor - Dia 2204
Enquanto listava mais uma dimensão algo me chamou a atenção, em um dos planetas onde havia vida inteligente eu encontrei um aparelho peculiar, pelos meus estudos sobre o mundo ele se chamava celular, parecia bastante com o meu diário, porém meio ultrapassado, enquanto eu analisava o aparelho para entender mais sobre as pessoas desse planeta algo me surpreendeu, algo apareceu na tela que dizia "Deseja viver outra vida? Sim - Não", a mensagem estava em minha língua nativa (o que foi a coisa mais estranha), a mensagem era um tanto quanto atrativa, já que odeio esse trabalho de cartografo, então eu irei apertar o botão "Sim" para ver o que acontece, espero que eu não me arrependa, vamos lá... 1, 2, 3 e..."
-- Fim da transmissão --

-- Inicio da transmissão por texto --
"Diário de viagem - Zhalqiéc'Monor - Dia 2205...
Não sei se é realmente dia 2205, mas estou em algum lugar que parece uma praia, não reconheço nada, só tenho meu diário e a capa que eu uso para passar despercebido entre os humanos, estou fazendo essa transmissão por texto pois há outros humanos no meu redor, pelo que entendi estamos em uma cidade isolada, não farei contato até descobrir o que está ocorrendo"
-- Fim da transmissão --

Spoiler:

Eu acertei a cabeça dele mais uma vez antes de escutar o som macio de algo quebrando - e tudo o que ficou disso foi o cheiro de ferro, o eco dos impactos nas minhas mãos, o rastro de adrenalina deixando o meu sistema. E desespero, desespero, desespero. A arma do crime foi ao chão antes de eu perceber o que havia acontecido, e o impulso de esvaziar os pulmões em um grito só foi suprimido pela esmagadora sensação de impotência: nada que eu fizesse mudaria aquilo; nada que dissesse apagaria o meu erro.

Eu queria culpar Jabari por todas as vezes em que ele disse que eu iria para o inferno mas, coitado. Eu acho que ele sequer suspeitava que isso acabaria acontecendo de verdade.

E que eu nem precisaria morrer para isso.


"Kirjava", a voz de meu irmão ecoou através do ar matinal como silêncio - como algo sutil demais para ser percebido. A minha distração, por outro lado, era evidente: olhos vagos, atenção suspensa, exaustão no tom da pele e na ponta dos dedos. A luz no quarto era filtrada e cada pequena partícula de poeira de meu novo esconderijo me fazia lembrar de vidro partido - e tudo tão inconsolável. Nem mesmo o timbre claro e caloroso de Jabari, tentando abrir a porta trancada, parecia querer dizer algo. "Kirjava, sai dessa merda desse quarto agora. Tu tá enfiada aí faz três dias!"

Não sai. Verdade seja dita, não me movi em nem um centímetro: olhos grudados no teto, gravidade me puxando mais para baixo, para baixo, para baixo.

"Kiki". Ele tentou, com mais ênfase e mais gentileza do que o comum. Nada adiantaria, eu sabia. Nada jamais me tiraria daquele espiral de horrores que se tornara a minha - ou melhor, o espiral de horrores no qual eu transformei a minha vida. Jabari suspirou alto e claro do outro lado da porta - frustração tangível, preocupação sólida. Mas, ao menos, ele havia desistido de mim - mais uma vez.



A tela do celular brilhava contra o meu rosto - mas a única coisa que brilhava neste era incredulidade. Que brincadeira de mal gosto era aquela?

"Jabari", gritei aos plenos pulmões, sabendo que meu irmão escutaria. "Que porra de piada tosca é essa? 'Cê que me foder ainda mais, moleque?"

Mas ninguém respondeu - ninguém responderia. A casa estava absolutamente vazia, eu notei depois de andar por aposentos empoeirados e solitários.


Fui tentada mais uma vez. Se eu desejava viver outra vida? Pro inferno. É claro que eu desejava - nada podia ser pior do que aquilo, não é?

Mas se aquela era mais uma piada de meu querido irmão caçula, então era uma muito bem produzida: assim que escolhi a opção "sim", a tela do celular se apagou e. Bem. Não sei explicar exatamente o que ocorreu logo após isso, mas, no momento seguinte, eu estava sob areia fina numa praia isolada, sendo contemplado por um homem armado.

É. Eu definitivamente devo estar no inferno.

"Mirko?" Disse Kyousuke, notando que apenas um dos novatos respondeu ao seu cumprimento. "Muito prazer. Meu nome e Kyousuke. Meu pai era japones."

Olhando ao redor, todos os outros novatos pareciam bastante confusos a respeito do que estava acontecendo. Ele mesmo ainda nao tinha aceitado a situacao por completo. De qualquer forma, ele decidiu que seria melhor por enquanto seguir as orientacoes do veterano que havia explicado a situacao para ele.

"Todos os presentes, por favor, sua atencao. Eu... Acho que posso explicar o que esta acontecendo conosco."

Encerrada inscricao de jogadores nesse time:

"Imagino que nao temos outra escolha. Eles sao as unicas pessoas que sabem o que de fato esta acontecendo aqui." Disse Kyousuke. "Bem... Eu acho que posso nos levar ate onde Victor disse que estaria nos esperando. Se tudo isso for verdade, e realmente estivermos no universo de "A Lenda de Legaia", pode-se dizer que... Eu conheco essa cidade."

"Estamos em Rim Elm, a cidade onde o protagonista, Vahn, nasceu. Se o cenario for o mesmo do jogo, fazem dez anos que o mundo foi coberto por uma nevoa misteriosa que transforma todos os Serus e pessoas usando eles em monstros. Ah, Serus sao seres vivos inteligentes desse universo, eles sao capazes de se fundir com humanos e conceder poder a eles, mas gracas a essa nevoa praticamente ninguem os usa mais. Essa cidade sobreviveu por causa do enorme muro que bloqueia a nevoa e os monstros de entrarem. No centro da cidade, ha uma arvore chamada Arvore da Genese, ela tem o poder de afastar a nevoa, mas apenas com a ajuda de um Ra-Seru e um humano o usando. No comeco do jogo, durante a noite, um enorme Seru artificial chamado Juggernaut destroi o muro e a cidade e atacada, mas o protagonista com seu Ra-Seru consegue salvar a todos despertando a arvore da Genese unindo as preces de todos os sobreviventes. Por enquanto, acho melhor nos reunirmos sob a Arvore da Genese onde os veteranos devem estar nos esperando e planejar como vamos sobreviver nesse mundo. Humanos normais como nos... Nao possuem muitas chances."

"Eu sei tanto quanto voces sobre o que esta acontecendo aqui agora. Mas eu nao sei que outra escolha nos teriamos. Quem quiser vir comigo, venha. Quem quiser ficar e esperar, nao e da minha conta."

Avisando so:

Kirjava jamais foi conhecida por sua paciência e credulidade.

Na escola era muito comum que fosse parar na sala da direção por conta de uma briga, que começava, invariavelmente, por conta de algo besta e pequeno - algo insignificante. O fato é que ela era insegura e precisava provar que estava certa o tempo inteiro. Pra que mais serviria sua capacidade de intimidar?

Ela levantou-se de onde estava e caminhou até o grupo, ignorando o que fora dito até então e escutando apenas as informações mais fundamentais.

"Certo", ela disse, cruzando os braços; nos lábios repousava uma expressão de leve arrogância, mas a verdade é que ela estava muito assustada. Ela virou-se para a outra mulher do grupo, compreendendo que, talvez, ela fosse a única pessoa que entenderia que aquilo tudo era uma maluquice. "Olha, eu não sei vocês, mas isso tá realmente muito estranho. Essa é a porra da única opção que a gente tem? Por que fomos deixados sozinhos aqui? Por que esse cara não esperou a gente? Você disse monstros, certo? Não é perigoso deixar um monte de gente que não faz ideia do que tá acontecendo sozinho em um lugar aparentemente cheio dessas coisas?"

Sabia que estava sendo cabeça-dura. Quantas vezes seu amado irmão mais novo não havia dito que o pior de seus defeitos era a teimosia? Ou que a pior coisa que ela fazia quando se deparava com algo que não compreendia ou não concordava (ou tinha medo) era bater o pé no chão e tentar provar o próprio ponto, ainda que ela soubesse que podia estar equivocada? Mas aquela Kirjava - e ela nunca desistia disso, enquanto pudesse.

"Que é?", perguntou para os demais, que a observavam. "Eu só quero ter certeza que eu não vou morrer no caminho"

E ela só não questionaria mais porque sabia que, no fundo, ela havia sim pedido por aquilo.

"A resposta para isso me pareceu bastante clara." Disse Kyousuke.

Ele ja tinha visto pessoas com o mesmo olhar que Victor havia direcionado a eles antes de partir. Aqueles eram os olhos de quem nao tinha expectativa nenhuma. De quem nao tinha intencao alguma de sacrificar nada por um estranho.

Indiferenca.

"Ele nao nos esperou porque somos peso extra. E porque nao faz diferenca se morrermos."

Kyousuke finalmente encontrou algo com o que ele estava familiarizado nessa nova situacao, e rapidamente se acalmou. Respirando fundo, ele decidiu o proximo passo.

"A primeira coisa que devemos descobrir e se nossa situacao e real ou nao. Uma boa olhada pela vila deve ajudar. Em seguida, se realmente estivermos no universo de "A Lenda de Legaia", seria util se mais alguem aqui conhecesse o jogo. Ja fazem muitos anos desde que eu joguei, com excessao dos pontos principais eu nao acho que vou ser capaz de ajudar muito..."

-- Inicio da transmissão por transcrição mental --
"Diário de viagem - Zhalqiéc'Monor - Dia 2205 [continuação]
Liguei o modo de transcrição mental que a muito tempo não ligava por não ter um motivo realmente importante para guardar tantas informações, mas como digitar ou falar estava muito difícil resolvi adotar esse método mais simples, estarei também parando de contar os dias já que não sei nem onde estou, quando retornar a minha nave irei retornar a contagem, praticamente deixarei de utilizar o diário por um tempo, mas continuarei arquivando o que está acontecendo.
Vou me aproximar do grupo, pelo que entendi da conversa de longe estamos dentro de um universo de um jogo, nunca considerei ir pra esses tipos de dimensões onde acontecem as histórias, eles não servem de muita utilidade além de servir de inspiração para escritores.
Se estamos em outra dimensão então provavelmente minhas transmissões continuam a ser transmitidas – Odeio transcrição mental, sempre saem coisas dessas – e espero que tenha alguém para pelo menos acha-las e continuar meu trabalho, bem ao chegar perto bem vi que os humanos são um pouco menores que eu, mas acredito que eles já viram coisas estranhas demais para me achar estranho, principalmente um cara que me encara como se já tivesse visto alguém como eu antes.
Todos parecem tão preocupados, acho que já chegou a hora de eu falar algo, e espero que a minha convivência no mundo deles tivesse me dado habilidades o suficiente para me comunicar com eles...
– Então, o que vamos fazer?"
-- Transmissão em pausa --

Depois de ouvir o que disseram, Mirko balançou a cabeça.
- Vou com você, Kyousuke. Encontrar o líder e os veteranos. Aliás, não conheço nada do jogo além do que já foi falado, mas espero conseguir compreender melhor a situação aos poucos.
Depois de ouvir o(a) estranho(a) falar (a voz não era o suficiente para que Mirko soubesse a que sexo aquela pessoa pertencia), respondeu:
- Não sei vocês, mas vou com Kyousuke. É o jeito.

Para aqueles que pretendem seguir Kyousuke, cliquem aqui

Para o resto, narrem que decidiram seguir seu caminho e depois continuem aqui

Percebendo que não tinha outra opção e que aquilo tudo era real, decidiu seguir Kyousuke e Mirko. Parecia mais sensato ficar perto de quem ao menos sabia onde estavam e o que poderia vir a seguir.

- Não me deixem aqui!