Os Aposentos Clássicos de Lord Flareon

Flareon possui um vasto e luxuoso quarto, além de um banheiro e uma sala de estar só para ele. O ambiente de seus aposentos é sombrio, clássico e refinado. Possuem pinturas nas paredes feitas por mestres das artes e glamourosos castiçais que portam velas que jamais se apagam.

Flareon acordou por volta das uma da manhã, olhando pela janela e vendo a chuva de estrelas cadentes.

Estou sonhando... pensou ele ainda sonolento. Mas... o que é isso?

Em meio ao suposto sonho, sentiu uma grande energia mágica, uma energia que só havia sentido uma vez, mas não em vida. Era a energia que Ramseth, o Deus Morto das Cinzas, havia sentido quando ficou cara a cara com o Vizzerdrix, a criatura que o destruiu.

Sentiu o peito doer e apertou-o.

- O que está acontecendo...?

Aproximou-se da janela e ficou observando as luzes caírem.

- Ele está morto... O que está havendo? Preciso falar com os outros...

Tocando o vidro da janela, completamente fascinado pela visão, imaginou se os outros membros da Casa Valentine estariam acordados. Poderia falar com eles pela a manhã, mas o assunto parecia um tanto urgente para esperar.

Dirigiu-se à porta do quarto e saiu para o corredor.

Urbi, cerca de 10 horas depois de sentir a faca perfurar-lhe os órgãos, acordou amarrada à uma cama luxuosa dentro de um quarto de clássica decoração iluminado por castiçais metálicos que suportavam muitas velas acesas. O ventre da feiticeira havia sido enfaixado e sua ferida estava aparentemente curada, mas ela sentia muita dor onde as cordas a prendiam (mãos e pernas).

Nas sombras, um vulto feminino a observava.

Uma garota loira segurando uma grande tesoura de prata nas mãos saiu da escuridão, aproximando-se de Urbi enquanto cortava o ar com o objeto, causando assim um ruído metálico. Ela tinha um sorriso no rosto que beirava a inocência e a malícia, seus olhos grandes e curiosos observavam Urbi com certa satisfação.

- Finalmente encontrei alguém que possui um cérebro! - disse ela dando um pulinho de felicidade. - Está preparada??

Lolita se aproximou com a tesoura, fazendo menção em cortar fora a cabeça da sereia.

- Eu sou Lolita. - falou ela num tom sussurrante enquanto se posicionava sobre o corpo de Urbi. - Sou uma das empregadas desse castelo. - a garota jogou os cabelos loiros para trás, envolvendo as pernas humanas da sereia com suas próprias e apoiando seu corpo sobre o dela enquanto passava a tesoura suavemente por seus cabelos. - Acho que será melhor cortá-los antes de arrancar seu cérebro fora... - disse ela pensativa como se fosse uma coisa natural. - Hum, o que você acha melhor fazer? Gostaria de morrer com cabelos curtos ou com cabelos longos?

- Porque você foi a primeira que capturamos, oras. - Lolita se sentou sobre virilha de Urbi e colocou o indicador sobre o queixo. - Pena que você é menina... nossa preferência era por um cérebro de menino... mas já que só tem você, então terá que ser você mesmo...

Ela começou a analisar o rosto da outra feiticeira, perguntando a si mesma por onde devia começar a cortar.

- Eu vou dar pra bruxa maligna... - disse ela um pouco tensa. - Aquela maníaca horrível da Acheflour que só sabe me escravizar e me pedir coisas estranhas! Se eu não encontrar um cérebro, é capaz de ela querer arrancar o meu próprio!! - Lolita deu um triste suspiro e limpou o suor da testa. - Então vamos logo com isso, eu tenho tanta coisa pra fazer hoje ainda! Tá vendo a poeirada que tá esse quarto? Eu sou muito escravizada nesse castelo, tudo sou eu que tenho que fazer e eu nem sei como faço pra tirar seu cérebro!

Lolita começou a socar o cabo duplo e anelado da tesoura na testa de Urbi desesperadamente.

O membro 'Sexóloga Sfor' realizou a seguinte ação: Lançar dados

#1 'd8' : 1

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#2 'd8' : 2

Lolita arqueou o corpo, jogando-o sobre o da exilada presa à cama quando foi acertada pelos cristais. Seus olhos estavam arregalados e perplexos, suas mãos soltaram a tesoura levemente enquanto ela refletia sobre sua tentativa frustrada de nocautear Urbi. Quando viu o rasgo nas beiradas do vestido azul, Lolita olhou para a outra exilada com uma expressão furiosa no rosto.

- Olha só o que você fez, sua horrível!! - gritou ela com sua voz aguda e atordoante enquanto tentava se por de joelhos sobre a cama novamente. - Eu amava esse vestido!!!

Lolita examinou os cristais cravados em sua pele com tremenda chateação.

Não havia sequer uma gota de sangue.

Lolita encarou Urbi tristemente.

- É que... eu não sou real...

Ela parecia tímida, como se tivesse revelado seu segredo mais íntimo. Então começou a tirar o vestido, ficando completamente nua em frente à outra feiticeira. Urbi pôde ver que, nas dobras do corpo de Lolita havia linhas que conectavam os membros, como se ela tivesse sido montada.

- Alguns me chamam de boneca... outros me chamam de marionete... eu sou tudo, menos uma pessoa... - Os olhos dela se perderam no vazio enquanto seus dedos delicados desamarravam a exilada. - Eu tenho uma porção de vestidos, mas nada disso me importa, tudo o que eu queria é ter o que você tem. A vida.

A Lolita olhou-a friamente.

- Eu irei poupar a sua, mas à partir de agora você irá viver em prol de reconquistar a minha. Minha vida foi roubada, mas minha alma está presa à este corpo falso que eu nunca senti que me pertencia.

Ela caminhou até o armário e pegou um manto para se cobrir.

- Você promete aliar-se à mim? - pediu a criatura com olhos inocentes tentando sorrir para a garota já libertada.

- Eu prometo... - sorriu Lolita ternamente. - Meu verdadeiro corpo foi roubado por uma mulher que se intitula A Rainha do Mal. Ela se esconde numa floresta não muito longe de onde nos encontramos agora, você viria comigo? Eu não posso sair daqui, na verdade, Acheflour me mataria, mas... eu acho que agora que não estou mais sozinha valerá à pena.

Lolita retirou um mapa do bolso e mostrou-o à Urbi.


Airen, que subia as escadas naquele momento à caminho de seu próprio quarto, avistou Lolita e Urbi (uma garota até então estranha para ela), conversando aos cochichos perante a um pedaço de mapa do reino. As duas se encontravam dentro dos aposentos de Lorde Flareon e a elfa do céu notou que a empregada da mansão estava enrolada num pesado manto negro.

Lolita guardou o mapa, refletindo sobre o comentário de Urbi.

- Claro que não estamos! Ninguém nunca está sozinho nesse castelo medonho e mal assombrado... - disse ela com naturalidade colocando o dedo no queixo. - Vamos partir logo! Ainda temos muito o que andar hoje...

Ela saltitou em direção a uma das portas que davam para o corredor.

- Temos que ser discretas... não podemos ser vistas... - Lolita arqueou a sobrancelha e olhou com desconfiança para direita e para a esquerda repetidas vezes. - Siga-me!

Ela começou a andar na ponta dos pés pelos corredores sombrios do castelo, como uma criança atrás de alguém no esconde-esconde.

Urbi, que caminhava logo atrás dela, teve a leve impressão de que um dos quadros da parede seguiu Lolita com o olhar. O quadro retratava um homem velho de feições severas, seus cabelos eram cinzentos assim como seus olhos e também sua pele. Na legenda do quadro lia-se "Lutero".

- Hhuhuhuuh você está com medo? - debochou ela maliciosamente. - Lutero-sama...

Lolita acariciou a dura face do homem pintado ao quadro.

- Contra os Valentinos eles nunca fizeram nada, nada além de nos aterrorizar cruelmente em nossos pesadelos ou enquanto estamos acordados vagando sozinhos pelas noites escuras e sombrias. Mas contra forasteiros eu não sei bem... a última pessoa que invadiu o castelo acabou sendo amaldiçoada e nesse momento está sendo perseguida por um exército de mil demônios, mas não acho que você deva se preocupar com isso!

Lolita piscou para ela e continuou seguindo pelo corredor.

Urbi percebeu que os olhos de Lutero a encaravam friamente.