Sobre as definições mais básicas do ser.

Hoje eu entrei na livraria na qual eu sempre vou e notei algo que eu nunca havia notado antes - talvez pelas minhas recentes redefinições de o que se encaixa adequadamente nesse universo: não o fato dela estar menor ou mais vazia, mas esse novo estranho limite que se impôs dentro do imaginário brasileiro - e, temo, ocidental. Eu não procurava livros para a minha mãe porque ela obviamente não gosto dessa língua que eu falo e exerço, e também por não fazer ideia dos títulos com os quais ela podia vir a se identificar. Não é todo mundo que gosta de ler Robert Darnton, Hannah Arendt e Tzvetan Todorov para se distrair - isso, pensei depois que saí da loja, é leitura de pessoas que se importam demais com o tempo que gastam com o próprio ego e seus mecanismos de defesa.

Mas notei que na estante principal, a dos best-selles, a dos que tiveram sorte de todos os níveis e categorias, estavam os mesmos livros da semana anterior: como ser melhor nisso, como emagrecer com os seus parceiros, porque as mulheres francesas não engordam, como ser uma mulher poderosa, e por alguns minutos - ainda mais do que todo o tempo que me perguntei por onde estive - eu não consegui entender as mecânicas por trás do mundo em que vivo - em que vivemos.

Adequar-se é um desespero e todo mundo sempre diz o que você precisa ser, tem que ser, vai agir. Indiretamente, este é o mundo no qual vivemos, eis a minha resposta. Mas me foi algo tão patológico que logo saí da loja e percebi: auto-ajuda induzida estão em todas as estantes e o sentimento dos nowadays me impulsiona a uma análise desmedida de todas as coisas: você não precisa se descobrir, você precisa continuar se perdendo.

Parece que as pessoas não se mancaram que por baixo de tanta supérfluosidade todos são feitos da mesma matéria orgânica em decomposição. No dia que aceitarem isso, essa geração pode ter algum peso relevante na história...

Infelizmente o dinheiro é algo efêmero, então apenas coisas efêmeras estão em alta, como a revista que muda a cada mês.
Superficialidade é algo bem básico do ser, acho.

Muitos querem ser aquilo que são pra agradar ou se enquadrar em algum canto/pessoas. É a coisa mais comum dos dias de hoje.