O Misterioso Quarto de Hatsuko

Ela olha para o corte.
- Ai droga - e passa uma das mãos, tentando conter o sangue, mas só piora as coisas e faz arder - Não respondi porque estava no banho, oras!

Lief ri novamente.

- Senta lá, deixa que eu cuido disso. - Diz Lief apontando para uma cadeira - Ah, mas por favor, se vista antes.

Lief saiu do quarto e fechou a porta, esperando Hatsuko se vestir.

Hatsuko vestiu-se, mas esqueceu de puxar o capuz por sobre a cabeça e saiu assim mesmo. Ela sentou-se obedientemente na cadeira, deixando-se ser levada por aquela magia (ou seriam sentimentos) de Lief.
Ela sentia-se muito envergonhada por ter caído e justo ele, visto isso.

Lief abre a porta do quarto.

- Não vai colocar este capuz aí não? - Dizia Lief indo pegar algodão, alguns curativos e um potinho de água.

- Bem, seja como for. - Lief limpava o machucado com o algodão e a água.

- E bem, lembro que eu havia falado que não iria mais cuidar de você. Estou achando isso impossível, olha para você. Já se machucou novamente. - Lief coloca os curativos. - pronto.

Ela puxa o capuz rapidamente, esquecendo-se que o cabeço está molhado. Fica assistindo as mãos habilidosas de Lief trabalhando em seu joelho ralado.
- Bem - tenta disfarçar o último comentário de Lief - Não me disse porque veio aqui, afinal - suas bochechas estavam com uma tonalidade mais rosada.

- Ah, sim. - Lief sorriu. - Escutei alguém atrás da minha porta, suspeitei que fosse você, pois os outros foram dar uma volta e tenho certeza de que não era a Lolita.

Ela tenta ser o mais natural possível quando responde:
- Como tem certeza que não é Lolita?

- Era iria entrar gritando meu nome. - Lief riu.

- Talvez tenha percebido o cafajeste que você é - para e finge pensar - Ou viu você tomando o sangue da atirada da Airen e achou que estavam namorando, por isso desistiu.

A noite caiu sobre o Castelo Valentine e seguida dela veio uma tempestade.



*surge do nada flutuando no ar*

- Senhorita Hatsuko... - então percebe que ela não está sozinha. - Estou atrapalhando alguma coisa?

Angel, o empregado paranormal do castelo havia trago um luxuoso castiçal com velas acesas.

- Está muito escuro e a chuva vai apertar cada vez mais. É possível que faça muito frio. Vim aqui para acender a lareira e lhes trazer um pouco de conforto. Mas fiquem tranquilos, não contarei às pessoas sobre o namoro de vocês *risinhos*

- Não estamos namorando, Angel! - diz ela, irritada, mas depois recompõe-se - Bem, obrigada por seus serviços.

- Não, tenho certeza que vi ela saindo do Castelo e indo em direção à Floresta. - Lief ri - Você está com ciúmes de mim?

Angel entra e Lief se assusta um pouco.

- Oh, muito obrigado... Mas não, nós não estamos namorando. Eu apenas ajudei ela. - Disse Lief, sério.

- Não se ache, nunca vou ter ciúmes de alguém como você! - vira-se de novo pra Lief, irritada.

- Hm... Então por que ficou tão irritada quando provei o sangue de Airen?

- Não fiquei irritada, só acho que vocês se merecem - cerrou os dentes - Vocês são totalmente iguais.

Angel continuou sorrindo enquanto cuidava de seu serviço na lareira.

Eles formam mesmo um lindo casal!

*empilhando a lenha*

- Senhorita. O que é isso aqui? - Angel tirou um bolo de papéis rasgados de dentro da lareira, estavam completamente negros de sujeira. - Posso jogar fora?

- Iguais? Bem, eu sou um vampiro. Ela não; Eu sou um homem, ela não; Eu utilizo o meu poder um mulheres, ela não; Ela fica escrevendo sobre tudo, eu não. Bem, não acho que eu seja tão parecido com ela. - Lief riu.

- Você entendeu o que eu quis dizer! - respondeu ela.

Em seguida, virou-se para Angel.
- Mas, que papéis são esses? Não me lembro deles - ela parecia intrigada.

- Acho que não entendi não. - Lief sorriu

Angel tentou tirar a poeira dos papéis.

- Deixe que eu cuido disso, senhorita, pode continuar dando atenção para seu amigo. - disse ele dando enfoque à palavra. - Pelo que vejo aqui *examinando os papéis* são só um bando de retratos feios de uma mulher com cabeça de caveira deitada numa cama. *tira mais poeira* ugh, são desenhos realmente horríveis. Vou me desfazer deles.

E tacou-os na lixeira.

- Vai ficar sem entender, idiota - e mostra a língua pra ele.

A simples menção da mulher com cabeça de caveira fez Hatsuko gelar e ficar em estado de choque.

*acende a lareira*

- Vou deixá-los à sós.

E assim que Angel bateu a porta, um trovão explodiu nos céus, iluminando todo o quarto por um instante.

Hatsuko teve um mal pressentimento. Algum tipo de energia estranha parecia chamá-la para o canto onde ficava a lixeira. Algo na penumbra que cobria aquelas paredes parecia chamá-la.

Hatsuko.

Hatsuko...

A voz estranha na cabeça de Hatsuko vai ficando cada vez mais alta, até deixá-la em estado de transe. Ela anda como se fosse um zumbi em direção a lixeira que encontra-se na penumbra da noite.

Dentro da lixeira estavam as páginas, páginas e páginas do livro que Hatsuko vira do pesadelo.

E diziam:

Você está amaldiçoada para sempre.

Outro trovão se fez ouvir.

Para sempre... amaldiçoada...

Um olho se abriu no fundo do lixo, devia ter o tamanho de um prato, e estava arregalado para ela.

HATSUKO...

HATSUKO...

O olho que surgiu de repente deixou Hatsuko incrivelmente assustada e com vontade de fugir, mas alguma coisa a prendia ali.
Essa voz... Essa maldita voz impede que eu sequer me mova. Preciso fugir...