Como Hatsuko encontrou o Castelo Valentine – Part 2

Continuação da Saga da Hatsuko

-

Fechei os olhos, rezando para todos os deuses que pudessem me salvar. Foi quando senti um cheiro estranho. Fumaça. Abri os olhos e percebi que ela vinha de mim. E pior, dirigia-se, em forma de cobra, para Ryan.
- P-pare! Eu acredito que você é uma bruxa, mas tire essa... Esse... Isso daqui! – ele estava em choque.
A fumaça parecia quase silvar. Tentei controlá-la, pará-la, mas não conseguia.
- Não consigo! – gritei.
Foi nesse momento que o pai de Ryan nos achou. Seus olhos esbugalharam-se de terror e seus lábios sussurraram a terrível palavra. Bruxa.
A fumaça-cobra entrou na boca de Ryan e começa a sufocá-lo. Ele caiu no chão e começou a arranhar a garganta, tentando respirar, mas a vida já se escapulia dele.
Ryan estava morto. Isso retirou o estado de choque do pai, que começou a gritar para todos: “Hatsuko é uma bruxa, ela assassinou meu filho usando magia negra”.
Tornei a correr, dessa vez consegui chegar em casa.
- Mãe! Precisamos fugir! – gritei.
Um silêncio anormal seguiu-se. Fui até o quarto e a vi. Inerte sobre a cama, encontrava-se a minha mãe. Verifiquei a pulsação. Nenhuma. Ela estava morta e não havia mais o que fazer.
Em meio a escuridão do quarto, avistei uma penumbra. Era isso, ele tinha vindo buscá-la. Meu pai estava ali.
Uma voz sussurrou em minha mente:
“Vá, eu cuido dos cidadãos.”
Não tinha tempo para xingá-lo ou agradecê-lo. Fugi pela porta dos fundos enquanto escutava homens, aldeões furiosos, derrubando a porta da frente enquanto gritavam uma única palavra em uníssono: “Bruxa”.
Quando atravessei a porta, a casa explodiu. Não queria que aquelas pessoas morressem. Mas meu pai era um demônio e para ele, uma vida perdida era outra alma ganha.
Um dos estilhaços da casa acertou-me e senti minhas costas em chamas. Porém, não parei de correr e não pararia até estar bem longe dali. No meio da floresta.
Não havia mais volta agora. Tudo estava perdido. Tudo que eu amava já não existia mais. E era tudo culpa minha.