O que poderia ter sido. (+longo)

To tentando escrever essa história já faz um tempo, mas eu sempre fico com preguiça/acho que ninguém vai ler e acabo desistindo. Aí li o tópico do novato e fiquei inspirado. ahaha Aguentem. e_e

Na verdade, eu ia escrever sobre toooooooooooda a minha vida amorosa mas... Ia ser um texto ENORME. Bem maior do que esse, pra falar a verdade. Não por causa de quantidade, entendam. Aconteceram muitas coisas nos poucos relacionamentos que eu tive (quase tive, nesse caso) que mudaram quem eu sou. Outro dia eu dou um jeito de resumir toda essa história.

Enfim.

Essa história começa no primeiro ano do ensino médio. Eu tinha mudado pra uma escola nova, e sempre tive dificuldade em me adaptar às pessoas à minha volta. Mas aquela foi uma exceção: logo na primeira semana de aula, eu arranjei o meu "cantinho". Foi com o menino que veio me perguntar de que escola eu tinha vindo, em que cidade eu nasci, etc. O Vinicius foi uma das pessoas mais importantes dessa minha fase por causa disso - ele me ajudou e MUITO a me enturmar com as pessoas. Tinha uma menina lá que me lembrava um pouco uma pessoa com quem eu tinha estudado. A Carolina. Eu perguntei pra ela e ela disse que não, mas acabamos ficando amigos mesmo assim. Aí eu a apresentei pro Vinicius e nós começamos a conversar. Foi assim por um mês. Depois, um menino, o Lucas, veio falar comigo porque ele achava a Carol muito bonita e tava interessado nela. Eu os apresentei e eles deram muito bem, até começaram a namorar. O Lucas foi incorporado ao nosso pequeno grupo, e, junto dele, vieram os amigos: o Leo, o Phillip, o Igor, a Emily e a Letícia. Eu me dava bem com todos, mas conversava menos com a Emily, com o Leo e com o Phillip - que sempre ficavam no cantinho, conversando algum assunto aleatório.

No segundo ano, isso acabou. Cada um foi pra um canto, só ficou eu, o Lucas e o Phillip na mesma escola, mas o Lucas tinha mudado de turmo... Então ficamos só eu e o Phillip. Nós raramente nos falávamos, nossos diálogos limitados às conversas com o Lucas no intervalo. Depois, cada um ia para o seu canto e ficava por isso mesmo. Até. Até uma segunda-feira (3 de Agosto, eu estou lembrado) em que eu cheguei na escola e recebi a terrível notícia de que o Vinicius havia morrido em um acidente de trânsito. Eu não soube como reagir. Todas aquelas pessoas dentro da sala de aula, chorando. Foi deprimente e chato. Uma notícia horrível, argh. O Lucas chegou na sala e tentou nos consolar, falou um monte de coisas... Mas depois teve que ir embora. Aí veio o Phillip. Ele sempre era muito calmo, paciente, com um semblante inabalável, mas ele também parecia chocado. Sentou do meu lado e começou a falar um monte de coisas. Eu só disse que não sabia exatamente o que pensar ou sentir, e aí eu perguntei como ele tava e ele começou a chorar ahaha e esse foi o nosso primeiro diálogo de verdade.

(No mesmo dia, eu cheguei em casa e encontrei um e-mail de uma ex-namorada minha na minha caixa de entrada, terminando o relacionamento. Eu deitei para dormir às 19h, mas fiquei chorando até às 21h. Até pegar no sono)

Depois disso, ele começou a tentar puxar assunto. Eu apreciava o esforço dele, mas nós não nos parecíamos em nada. Em nada, mesmo. Até nas aparências haviam contrastes. Ele era loiro, cabelo bem enroladinho, baixinho, bem branco, com uma pele bonita e macia, olhos de um azul-celeste bem bonitos; e eu com o meu cabelo escuro e fino, os olhos profundos e sombrios, a pele com cor de doença. Estranhamente alto. Depois de um tempo, os professores começaram a dizer que era um anjo andando com um vampiro. ahaha Mas enfim.

Ele continuava tentando, apesar das diferenças, e eu ia dando chances a ele. Nossa amizade só foi se aprofundar de verdade quando conseguimos entrar na turma especial (de 417 candidatos, eu fiquei em 3º e ele ficou em 7º. DESCULPA SOCIEDADE). Essa turma funcionava assim: aulas nas turmas convencionais durante a manhã e uma turma só para aprofundamento durante a tarde. Quase como um pré-vestibular, mas muito mais fudido e difícil. @_@ As aulas aconteciam todos os dias da semana (incluindo sábado, que era só a prova semanal), e iam das 15h até as 20h. A minha casa era meio longe para eu sair da escola, voltar para casa, almoçar a voltar para escola, então o Phillip ofereceu a casa dele como um refúgio instantâneo. Era, literalmente, do lado da escola. Nós só atravessávamos a rua, subíamos um pouco e voilà. Eu aceitei, é claro. Não podia deixar uma oportunidade dessas passar, não é?

E foi assim que nós acabamos virando melhores amigos.

Um momento que eu gostaria de destacar, ainda no meu segundo ano, mas só porque foi a coisa mais fofa da vida inteira: um dia eu e ele brigamos feio na hora da saída. Eu fiz um comentário bem maldoso a respeito de uma outra pessoa, o Phillip tomou as dores e nós saímos nos socos e empurrões. O guardinha da porta apartou a briga nós fomos andando para a casa dele, cada um de um lado da rua. Ele parou no portão de casa, se virou e ficou me olhando. Aí ele atravessou a rua, me abraçou e pediu desculpa - e como foi a coisa MAIS FOFA desse mundo, eu tive que perdoar e ficar me sentindo um otário pelo resto da vida.

Terceiro ano. Tentaram nos colocar em turmas diferentes, mas não deu muito certo. Continuávamos na turma especial. E as coisas começaram a acontecer rápido demais. O primeiro momento: aula de Educação Física. Eu detestava, e era a aula preferida dele. Na verdade, era mais como um segundo intervalo. O professor levava a gente pra quadra e deixava cada um fazer o que quisesse. Eu sempre dava um jeito de sair escondido e voltar pra sala. Esse dia, ele veio atrás de mim. Eu tava de mal-humor, então nem dei bola. Só sentei, coloquei os fones de ouvido, peguei o meu livro e comecei a ler. E ele ficou lá, comigo, até o fim da aula. Só me vendo ler. O segundo momento: foto de formatura. Marcaram o dia de tirar a foto da turma para pôr no álbum, mas eu faltei. Tiraram mesmo assim. Na mesma tarde, ele me avisou que eu não apareceria e eu disse que "tanto faz, ninguém vai abrir o álbum pra me procurar mesmo... Ninguém nem vai sentir a minha falta". Ele se limitou a me lançar um olhar triste, quase desapontado, e dizer "eu vou". Terceiro momento: a crise de ciúmes. Eu conheci uma menina na turma especial e tava passando muito tempo com ela. Teve um dia que ele ficou puto comigo porque eu preferi sair com ela do que ficar estudando com ele. E aí ele começou a implicar com a menina - ciuminho, mesmo. Quarto momento: a declaração aleatória. Eu tava de saco cheio das aulas da turma especial e arranjei uma sala vazia pra ficar lendo. Ele chegou, começou a implicar comigo por causa do livro ("Eu Mato") e eu disse que eu o mataria se ele não calasse a boca. Aí ele riu e disse: "Me mata não! Eu gosto muito de você cara. Cê não faz ideia...". Quinto momento: a briga. Nós brigamos feio nos últimos dias de aula porque eu disse pro cara que com ele ou sem ele, o meu ensino médio teria sido a mesma merda que foi. Ele ficou ofendido, me chamou de ingrato, me xingou todo e foi embora. Foi a última vez que nos falamos no ano.

Só fui o reencontrar quando voltei na escola pra pegar os documentos que a UnB tava pedindo. Ele tinha ido fazer a mesma coisa, porque ele tinha passado no vestibular também. Tinha muita gente na escola aquele dia. Todo mundo conversando. Eu parei no meio do pátio e fiquei olhando aquele bando de gente - amigos se reencontrando, professores rindo, gente conversando. E eu me senti sozinho. Aí ele chegou. Encostou no meu braço, eu me virei. Ficamos nos olhando por um tempo, aí ele meio que me puxou e me abraçou. Eu o abracei também. Nós começamos a conversar, a fazer planos, a rir, a relembrar. Foi um bom dia. Depois, saímos da escola e fomos almoçar fora. Depois voltamos para a escola, só pra matar a saudade, e ficamos sentados em uma sala a tarde inteira.

No fim do dia, ele me chamou em uma sala vazia. Nós conversamos um pouco mais. Meu celular tocou e meu pai disse que estava passando pra me pegar. E aí fez aquele silêncio sinistro. Trocamos alguma palavras de adeus e PODERIA ter sido só isso mas... Mas eu falei que eu sentia muito por ter sido um péssimo amigo. Que eu poderia ter sido uma pessoa melhor. Que eu poderia ter sido menos ingrato, menos ranzinza, menos mal-humorado. Que eu poderia ter sido mais atencioso. Aí ele começou a falar também. Disse que queria ter sido mais transparente, menos cauteloso. Eu perguntei: "como assim?", e ele só me olhou, completamente vermelho, e me abraçou. E eu entendi tudo - como era estúpido, gente. Aí ele me beijou. Ou eu o beijei, não sei. Foi algo realmente muito rápido...

Mas foi só isso. Meu celular tocou de novo e o meu pai já estava na porta da escola. Eu comecei a caminhar, sem me despedir. Aí parei na porta da sala, me virei e disse: "Tchau". E ele respondeu, com um meio sorriso: "Até mais" - e isso me dói, vocês não sabem o quanto isso me dói.

E é claro que eu não voltei a vê-lo. Na época eu surtei com o fato de que o meu coração se acelerava quando eu pensava nele - isso definitivamente NÃO podia acontecer, na minha cabeça. E até hoje eu vivo com o fantasma desse "o que poderia ter sido".

Nunca mais viu ele na vida? Sabe por onde ele anda ou algo do tipo?

No começo eu achei que a história ia terminar de uma forma parecida, mas com o Vinicius e no final acabou que foi justo a pessoa que tu menos conversava. Eu acho engraçado isso de como uma amizade vai crescendo porque a pessoa não percebe. Uma hora ela só se dá conta que é amiga de tal e fim.

Bom, eu sei onde ele mora. Hahaha Nunca tive coragem/cara de pau o suficiente pra passar lá...

E sei lá. O que mais me assusta nessa historia num é nem isso que tu falou (e com razão) mas sim o fato de que... Essa historia podia ter um final diferente. Sei lá. Argh.

Um anjo andando com um vampiro, ahhahuashu, nossa, tô imaginando isso xD
"de 417 candidatos, eu fiquei em 3º" ah, tá, e eu que tenho cara de inteligente, né...
AHASIUHDFSIUOFHSIOJSOAJP, qissu, muito foda, Neo.

Meldels, que história linda *---*
Sério, nem parece de verdade, parece história de mangá shounen-ai. Tantas reviravoltas, com um beijo ainda <3

Li sua resposta pra Ynys, eu ia perguntar a mesma coisa, mas tipo, será que um dia não rola essa coragem? Nem Facebook dele você tem? D:
Pela net deve ser mais fácil quebrar o gelo, pelo menos pra vocês retomarem a amizade e tal, aí quem sabe depois........ ^^

/\ Sabia que vc ia comentar sobre o beijo HAHAHA

realmente parece como um mangá q

Brother, perdi muitas amizades. Mas vou te dizer o que é pra acontecer, vai ser assim mesmo que vc tente pensar em um final diferente.

Mas é mentira, vc ainda vai pensar em algo diferente... "se eu tivesse feito aquilo..."

A liberdade de desejar aquilo que quer não pode ser interferida, mas deve ser aceita as conseqüências trazidas por ela, sejam boas ou más. - Ichihara Yuuko

Os amigos que eu tinha foram ambora. Nunca permanecia com pessoas por mais e um ano. E sempre penso se podia ter sido diferente.

Tive a sensação de que estava lendo algo como... uma fanfic? O_O
Ah, não sei se te dou parabéns ou fico triste. D:

TiNoSa escreveu:Um anjo andando com um vampiro, ahhahuashu, nossa, tô imaginando isso xD
"de 417 candidatos, eu fiquei em 3º" ah, tá, e eu que tenho cara de inteligente, né...
AHASIUHDFSIUOFHSIOJSOAJP, qissu, muito foda, Neo.

Eu era nerd hardcore no Ensino Médio. Sdds notas boas com pouco esforço. ç_ç

TiNoSa escreveu:Meldels, que história linda *---*
Sério, nem parece de verdade, parece história de mangá shounen-ai. Tantas reviravoltas, com um beijo ainda <3

Eu diria que não... Até o momento em que nós conseguimos nos reencontrar, já depois de terminado o ensino médio. Muita coisa do destino, cara. D: Muita coisa de filme e livro.

TiNoSa escreveu:Li sua resposta pra Ynys, eu ia perguntar a mesma coisa, mas tipo, será que um dia não rola essa coragem? Nem Facebook dele você tem? D:
Pela net deve ser mais fácil quebrar o gelo, pelo menos pra vocês retomarem a amizade e tal, aí quem sabe depois........ ^^

Eu não sei se hoje ele tem - mesmo depois de ter procurado. Mas na época ele não tinha. O gato era tão hipster, mas TÃO hipster, que desprezava qualquer rede social - além do fato de ter sido hipster antes de todo mundo haha

Mas eu sabia onde ele morava, né? Digo, eu só pensei em voltar a falar com ele uns sete ou oito meses depois do ocorrido. Só fiquei com vontade de vê-lo um ano depois. Meio que tarde demais, I guess.

Destiny escreveu:/\ Sabia que vc ia comentar sobre o beijo HAHAHA

realmente parece como um mangá q

Sim. Estou começando a me acostumar com o fato de que a minha vida é um livro, e eu não tenho livre-arbítrio pra fugir da minha história. (?)(?)(?)(?)(?)

Destiny escreveu:Brother, perdi muitas amizades. Mas vou te dizer o que é pra acontecer, vai ser assim mesmo que vc tente pensar em um final diferente.

Mas é mentira, vc ainda vai pensar em algo diferente... "se eu tivesse feito aquilo..."

Pois é. Depois disso eu comecei a fazer as coisas como eu gostaria de fazê-las, para não ficar pensando nessas coisas...

Momiji Binboda escreveu:Tinosa ficou louca na parte do beijo UHAUHAUHUAHUHA'

Neo é simplesmente lindo

Perdi muitos amigos também, e por incrível que pareça eu sonhei com uma essa noite...
O sonho parecia bem real sabe? Eu acho que deixei histórias pendentes com ela, só que enfim ela sumiu, não me manda mas msg, não liga... Ela simplesmente desapareceu e isso fica um vazio sabe? Realmente eu queria ter feito muitas coisas que não fiz só que como diz meu pai: Águas passadas não movem moinhos.

Obrigado. Mas é meio triste, também. Deve ser por isso: é bonito porque é triste. Sei lá. ahaha

É. O jeito é continuar em frente, guardando as boas lembranças. Tentar esquecer o que nunca aconteceu, sabe? AHAHA É. Mais ou menos isso.

Ma escreveu:Os amigos que eu tinha foram ambora. Nunca permanecia com pessoas por mais e um ano. E sempre penso se podia ter sido diferente.

Eu também sofro disso. Q Alguma coisa sempre acontece e eu sempre acabo perdendo contato...

Himiko-chan escreveu:Tive a sensação de que estava lendo algo como... uma fanfic? O_O
Ah, não sei se te dou parabéns ou fico triste. D:

Minha vida é uma novela, Himiko. T_T E não precisa fazer nenhum dos dois. Essa história me trouxe coisas muita boas, também. Memórias quase sagradas.

Mano, pare de pensar e faça e não fique naquela de, putz e SE eu tivesse feito.
Eu perdi muitas coisas, muitas oportunidades, muitas amizades por recesso de mim mesmo, hoje taco o foda-se e vou. O resultado é muito agradável até o momento.