Sobre Carencia e experiencias pessoas com Solidao

Spoiler:

Oi gente, meu nome e Lucas, tenho 21 anos, heterosexual, negro (moreno, de acordo com a policia brasileira), estudo matematica e atualmente estou fazendo intercambio no Japao.

"OOOI LUUUCAS! PARA DE ENROLAR E DESENVOLVE O TOPICO QUE VC CRIOU COMPARTILHE CONOSCO A SUA HISTORIA!"

Bem, eu tenho orgulho em dizer que consigo viver sozinho. Considerando varios eventos e periodos da minha vida, que incluem mas nao se limitam a cuidar de um parente com cancer, nao ter dado conta de ir cuidar de outro parente com cancer, enterrar um parente por causa de cancer, segurar as crises existencias devidas a perda de um ente querido de varios membros da minha familia (basicamente, consolar umas pessoas que eu amo e servir de muleta para outros, ja que ninguem mais parecia dar conta na epoca), comecar a beber, me tornar um alcoolatra, me apaixonar perdidamente por uma mina (num momento de extrema fragilidade meu), ser incapaz de evitar que uma pessoa (que eu chamava de amigo ate entao) destruisse completamente o relacionamento com a dita mina (eu tava tao louco que ate acelerei o processo), perder a capacidade de dormir sobrio por pelo menos um ano da minha vida e, por ultimo, estar vivendo fazem seis meses num pais onde eu nao conhecia nada nem ninguem, eu posso dizer com bastante firmeza tais palavras. Eu consigo viver SOZINHO.

Uma vez tendo compartilhado esse neco de mim, vamos para o tema do topico:

Carencia e Solidao.

Eu demorei alguns anos para perceber que eu era carente nao porque eu era solitario, mas porque eu era um bostinha chupador de dedo mesmo. Eu era egoistao, inseguro pacarai, cheio de querer depender de alguem e de achar que as pessoas que eu "amava" "deviam" alguma coisa para mim "em troca" (lolz). Quem dera eu realmente tivesse aquele charme dramatico de um cachorro abandonado na chuva, mas nao, faltava muita sinceridade no meu amar para isso. Gracas a DEUS eu nunca arranjei uma namorada, e logo, nunca submeti ninguem a ter que me suportar num nivel muito intimo (com excessao da Strawsweet, mas nosso rolo agora e purelove100%foreveryourdaddy愛してる, e foi na verdade gracas a ela que eu notei varios problemas em mim) nesse meu egoismo doido.

Nao que carencia seja isso, egoismo e imaturidade. Nao diria nem mesmo que carencia e fragilidade. Infelizmente eu nao teria palavras para definir carencia senao a minha propria experiencia com ela, que nao foi nem esta sendo algo facil de contar para os outros. Me atenho entao a ideia de "dor causada por ausencia". Alguns sentem mais fundo, outros mais raso. Alguns nao conseguem viver sem preencher essa ausencia com alguma coisa, outros nao se incomodam tanto (e claro, tem sempre os que nao tem escolha). Eu, em particular, teria dado meu braco esquerdo em troca de alguem que realmente me fizesse companhia. Gracas a sorte, no entanto, ja tenho duas pessoas dessas (mesmo elas estando extremamente longe, sei que so to em pe e andando sozinho por causa delas).

Quanto a solidao... Dessa eu manjo. Ela e minha amiga. E ela que me abraca toda noite, as vezes nem me deixa fechar os olhos, fica rolando comigo em cima da cama ate o sol nascer. Ela sai comigo pra beber quase sempre, ate quando estou com uns amigos. O humor dela e sarcastico, daqueles bem ironicos, cheio de jogar na minha cara a ultima bobagem que eu fiz, me lembrar daquelas pessoas pelas quais eu tentei troca-la... E um convivio dificil, mas depois de acostumar voce comeca a curtir. Tem umas coisas muito boas tambem, tipo sempre sobrar mais pizza quando eu saio com ela, mais cerveja, mais whisky, mais pipoca... Ela sempre escolhe umas musicas legais para a gente ouvir. As vezes damos umas caminhadas legais pela praia. Vamos indo.

Mas eu tenho a leve impressao que ela gosta de envenenar. Nao sei se mata, mas me deixou bastante seco. Tem dias que ela exagera na dose, e eu fico super grosseiro e indiferente...

E anda ficando mais frequente...

Bem, ja me demorei demais aqui. Mandem voces suas historias! COME ON, OPEN YOUR HEART!

Bom, eu sou mais de me utilizar o fórum para rir e talz, e não exponho muito minha vida pessoal aqui, apenas acontecimentos no entanto(ou o que era pra se chamar de entanto) legais(?), por fim, é só, desculpem, sei que gostariam, mas hoje em dia eu sei o que é net, e faço o uso dela agora para outras coisas, bom, não pra estudos ou algo relacionado mas pra rir mesmo, então, é isso, flwz

Eu tenho o habito de puxar papo com as pessoas na rua. Me deslocar ate nao me sentir deslocado. Mas so dou conta de fazer isso quando estou relativamente bem. De bom humor, sem pressao da facul, sem estresse por crise, de boas. E anda um pouco raro isso por aqui...

Anyway, quando eu consigo, acabo passando uma hora sozinho num bar papeando com o funcionario me atendendo ou atrasando minha escalada de montanha conversando com algum senhorzinho em alguma curva. E aqui e ali essa disposicao me aproximou de alguns amigos. Eu sinto que sei sorte, pessoas que sao amigas mesmo sao raras. Mas e aquele pouco de sorte que todo mundo tem em algum momento...

Ainda sou apunhalado nas costas aqui ali por quem nao vale a pena me preocupar, mas e bem isso. Gente assim nao merece ocupar espaco na minha memoria. Ja to cansado demais sozinho com meus problemas, nao preciso de ninguem piorando....

Eu tenho alguns problemas em relação a falar, eu me sentia muito triste mesmo desde os onze anos porque não conseguia falar direito, era tímido meus pais diziam e até se orgulhavam disso, mas além disso eu esquecia o nome das pessoas, meus pais diziam que eu não podia ir na casa dos amigos por que era longe, isso foi o tempo de onze anos que tive amigos enquanto morava numa casa alugada. Depois me mudei, não tive mais nada demais depois disso.
Com o tempo eu pensei que minha fala havia melhorado, fiquei mais confiante, e aconteceu no semestre passado, fui apresentar um trabalho em grupo, me esforcei ao máximo e até fui elogiado pela minha voz por umas poucas pessoas que ficaram do meu lado; fui conferir minha nota depois, e foi a pior de todo grupo, isso porque eu nem usei papel nenhum e estudei muito o conteúdo, já abalado fui contestar o porque, e a professora fez questão em dizer todas as coisas que eu nunca soube, que eu parecia uma pilha de nervos, que eu não tinha capacidade nenhuma de gesticulação, que estava ansioso, que eu nem olhava pra turma, fez eu me senti um merda, não por falar como se eu fosse um incômodo, e sim porque eu me dediquei o máximo naquilo e isso nada importa, e o pior que ela realmente achava no direito de julgar, talvez tivesse.
Eu podia ter ficado com raiva, mas estava triste demais até pra isso, final de semestre fiz a provas assim, algumas cansativas, outras fáceis e produtivas, mas no momento nem conseguia mais me concentrar nas provas.

Devo dizer que aprendi uma lição, como é ter pessoas ti julgando.

Spoiler:

E aí, galera. Meu nome é Lucas, tenho 22 anos, e sou casado.
Minha carência sempre foi consciente e eu passei a maior parte da minha vida me sentindo sozinho. Eu sentia essa necessidade de provar pra todo mundo que eu não tava nem aí pra nada, sabe? Eu queria ser aquele cara descolado, de quem todo mundo quer ser amigo. E eu não direcionava isso de uma forma construtiva; eu me fazia ser uma pessoa cáustica, armado com um sarcasmo agressivo e militante de um ateísmo frustrado e agressivo... E passei assim a maior parte da minha adolescência, até que eu fui introduzido a um grupo de pessoas que me fizeram perceber oque eu estava fazendo[nominalmente, a família do Caladon]; Não porque sentaram comigo e conversaram sobre eu ser uma pessoa melhor, mas porque me mostraram que o mundo era um aquário muito maior que aquilo. Que eu podia ser o 'peixe-grande' numa xícara de café, ou ascender e tentar ser parte de algo maior; algo melhor. Me salvaram de mim mesmo e me impediram de seguir um caminho no qual eu teria me perdido seriamente.
A carência ainda tá aqui, mas venho aprendendo a lidar bem com ela. E a solidão, eu não tenho mais sentido, nem nos breves momentos que eu passo 'sozinho'.

Sora Nimus escreveu:Eu tenho alguns problemas em relação a falar, eu me sentia muito triste mesmo desde os onze anos porque não conseguia falar direito, era tímido meus pais diziam e até se orgulhavam disso, mas além disso eu esquecia o nome das pessoas, meus pais diziam que eu não podia ir na casa dos amigos por que era longe, isso foi o tempo de onze anos que tive amigos enquanto morava numa casa alugada. Depois me mudei, não tive mais nada demais depois disso.
Com o tempo eu pensei que minha fala havia melhorado, fiquei mais confiante, e aconteceu no semestre passado, fui apresentar um trabalho em grupo, me esforcei ao máximo e até fui elogiado pela minha voz por umas poucas pessoas que ficaram do meu lado; fui conferir minha nota depois, e foi a pior de todo grupo, isso porque eu nem usei papel nenhum e estudei muito o conteúdo, já abalado fui contestar o porque, e a professora fez questão em dizer todas as coisas que eu nunca soube, que eu parecia uma pilha de nervos, que eu não tinha capacidade nenhuma de gesticulação, que estava ansioso, que eu nem olhava pra turma, fez eu me senti um merda, não por falar como se eu fosse um incômodo, e sim porque eu me dediquei o máximo naquilo e isso nada importa, e o pior que ela realmente achava no direito de julgar, talvez tivesse.
Eu podia ter ficado com raiva, mas estava triste demais até pra isso, final de semestre fiz a provas assim, algumas cansativas, outras fáceis e produtivas, mas no momento nem conseguia mais me concentrar nas provas.

Devo dizer que aprendi uma lição, como é ter pessoas ti julgando.

Cara, a escola na minha experiencia foi um dos ambientes mais nocivos que eu ja experimentei. Por sorte, eu sempre tive consciencia de que meu desemprenho ali era de minima importancia, que o unico valor que eu poderia tirar ali era realmente as interacoes pessoais e um pouco de conhecimento, mas sempre estudei mais em casa mesmo focando no vestibular ao inves de me preparar para provas e apresentacoes da escola, entao escapei um tanto da alienacao que rola.

No final das contas, o que rola na maioria das aulas e uma pessoa adulta, que na real nao faz a menor ideia do que seria melhor para nenhum dos alunos ali e nao teria nem como dar conta de como fazer uma avaliacao disso, impondo a experiencia dela para um grupo de criancas que tambem nunca vai conseguir entender do que diabos aquele adulto esta falando. Sem falar de uns professores com mania de mini ditador, que sentem prazer em descontar as proprias frustracoes nos alunos. Mas justamente por causa disso, tem uma coisa que vc pode aprender na escola que da pra usar na vida toda.

As pessoas vao te julgar. E vao te julgar de forma injusta, principalmente as que tem algum poder sobre voce. Mas, acima de tudo, vc pode aprender que quem te julga e so um bosta qualquer tambem. Outra pessoa cansada com a vida, mesma situacao que qualquer outro.

Nao se esforca por ninguem nao. Nao se esforca pra ganhar uma nota. Nao se esforca pra ser recompensado. Se esforca pra virar algo por voce mesmo. Nao vai importar quem te julgue entao.

Caladon Aerdor escreveu:

Sora Nimus escreveu:Eu tenho alguns problemas em relação a falar, eu me sentia muito triste mesmo desde os onze anos porque não conseguia falar direito, era tímido meus pais diziam e até se orgulhavam disso, mas além disso eu esquecia o nome das pessoas, meus pais diziam que eu não podia ir na casa dos amigos por que era longe, isso foi o tempo de onze anos que tive amigos enquanto morava numa casa alugada. Depois me mudei, não tive mais nada demais depois disso.
Com o tempo eu pensei que minha fala havia melhorado, fiquei mais confiante, e aconteceu no semestre passado, fui apresentar um trabalho em grupo, me esforcei ao máximo e até fui elogiado pela minha voz por umas poucas pessoas que ficaram do meu lado; fui conferir minha nota depois, e foi a pior de todo grupo, isso porque eu nem usei papel nenhum e estudei muito o conteúdo, já abalado fui contestar o porque, e a professora fez questão em dizer todas as coisas que eu nunca soube, que eu parecia uma pilha de nervos, que eu não tinha capacidade nenhuma de gesticulação, que estava ansioso, que eu nem olhava pra turma, fez eu me senti um merda, não por falar como se eu fosse um incômodo, e sim porque eu me dediquei o máximo naquilo e isso nada importa, e o pior que ela realmente achava no direito de julgar, talvez tivesse.
Eu podia ter ficado com raiva, mas estava triste demais até pra isso, final de semestre fiz a provas assim, algumas cansativas, outras fáceis e produtivas, mas no momento nem conseguia mais me concentrar nas provas.

Devo dizer que aprendi uma lição, como é ter pessoas ti julgando.

Cara, a escola na minha experiencia foi um dos ambientes mais nocivos que eu ja experimentei. Por sorte, eu sempre tive consciencia de que meu desemprenho ali era de minima importancia, que o unico valor que eu poderia tirar ali era realmente as interacoes pessoais e um pouco de conhecimento, mas sempre estudei mais em casa mesmo focando no vestibular ao inves de me preparar para provas e apresentacoes da escola, entao escapei um tanto da alienacao que rola.

No final das contas, o que rola na maioria das aulas e uma pessoa adulta, que na real nao faz a menor ideia do que seria melhor para nenhum dos alunos ali e nao teria nem como dar conta de como fazer uma avaliacao disso, impondo a experiencia dela para um grupo de criancas que tambem nunca vai conseguir entender do que diabos aquele adulto esta falando. Sem falar de uns professores com mania de mini ditador, que sentem prazer em descontar as proprias frustracoes nos alunos. Mas justamente por causa disso, tem uma coisa que vc pode aprender na escola que da pra usar na vida toda.

As pessoas vao te julgar. E vao te julgar de forma injusta, principalmente as que tem algum poder sobre voce. Mas, acima de tudo, vc pode aprender que quem te julga e so um bosta qualquer tambem. Outra pessoa cansada com a vida, mesma situacao que qualquer outro.

Nao se esforca por ninguem nao. Nao se esforca pra ganhar uma nota. Nao se esforca pra ser recompensado. Se esforca pra virar algo por voce mesmo. Nao vai importar quem te julgue entao.

Obrigado Caladon, queria ter a sua experiência, mas na hora foi difícil pra alguém imaturo como eu me recompor, mas dessa vez eu aprendi, quando você deixa outra pessoa ti julgar você perde a capacidade de aprender com seus erros.
Eu realmente não sou do tipo que guarda mágoa, apenas me decepcionei com a professora, e pior que perdi minha concentração para as outras apresentações.
Também não sou do tipo esperançoso, mas vou guardar os elogios que recebi também, algumas pessoas conseguiram ver meu progresso e comentaram.
Concordo principalmente sobre o valor, o melhor de tudo é aprender, pois julgado sempre serei na vida. Imagine um mundo que você pode aprender errando e repetindo, não seria a melhor maneira?