Prólogo

Meu.
Terno.
PORRA.
O terno que eu ganhei da minha madrasta aos 10 anos, mas só consegui começar a usar aos 13; E que desde de então tem sido minha roupa favorita.
É claro que eu pui ele algumas (várias) vezes; Mas ela sempre consertava, então ele ainda estava como novo.
Mas ainda me doía vê-lo danificado.
Uma pontada de dor me faz lembrar do ferimento.
Mas pouco me importava com o meu braço.
"Já me machuquei bem pior" Pensei, enquanto um sentimento de reminiscencia fazia coçar a cicatriz nas minha costas.
Esse pensamento me faz lembrar que eu mesmo vou ter que cuidar das feridas dessa vez.
Não gostei de lembar disso.
Tento me acomodar da forma mais segura/confortável possível enquanto espero o tremor passar.

Toda aquela proteção me parecia suspeita. Shun me assustava e muito. Cheguei a preferir que fosse Hibari que estivesse ali do que ele.

Quando ouvi a voz da Lyubyty, rezei que ela aparecesse pra me "salvar", mas fiquei putíssima quando ela ignorou meus pedidos silenciosos.

Outro tremor... Isso era extremamente irritante. Shun estava me protegendo novamente... Hibari... Acho que eu o vi de relance.

O terremoto não demorou a cessar. Assim que o fez, Shun largou a carteira e sorriu sincero para Aliella.

- Você está bem? - Perguntou ele.

Era como se a rara ocorrência de terremotos nem mesmo o preocupasse.

Já a coragem repentina de Yuuto, se foi com o terremoto.

- V-v-você está b-b-bem? - Gaguejou ele, com os olhos molhados.

Quanto a Hibari... Ninguém parecia ligar para ele e seu terno estúpido e seu ferimento.

Dor no braço.
Cicatriz coçando.
E esses terremotos de merda.
Me permito então lembrar de cada pensamento que eu tentei evitar nos últimos dias;
Presto atenção na dor no meu braço;
Me lembro do dia que ganhei a cicatriz;
Me lembro dela cuidando da ferida.
Me lembro da primeira briga em que eu me meti.
Me lembro do primeiro terremoto que presenciei.
Permito que o caos e a reminiscência tomem minha mente.
Por 5 segundos.
Logo depois, como já tinha o hábito de fazer, coloquei meus pensamentos no lugar.
Quando o tremor cessa, entro na sala, e sigo em direção a Aliella.

- Estou - respondi secamente.

Foi quando percebi que Hibari estava ali de fato... E vinha em minha direção.

Droga - pensei e então xinguei-o mentalmente.

Comecei a fazer menção de me levantar e ir embora.

- Sim, estou. Obrigado. - me aproximei de Yuuto e dei um beijo em sua bochecha.

Percebi que Hibari havia entrado na sala onde Aliella estava mas não liguei. Continuei ali, olhando e sorrindo para Yuuto.

Quando estava perto o bastante perguntei: "Que tal irmos lá para fora, antes que a escola caia na nossa cabeça?"
Então, dei meia volta e comecei a sair da sala.
"Logo os ônibus vão sair, melhor não nos atrasarmos." Disse; Para ninguém em particular, e continuei andando, sem esperar resposta.

Shu não reagiu à presença nem às palavras de Hibari. Meramente assentiu à resposta de Aliella, parecendo aliviado.

-Isso é bom. - Disse ele, acenando com a cabeça e se retirando sem dizer mais nada.

Yuuto pareceu reagir atrasado ao beijo, corando alguns segundos tarde demais. Aparentemente, os terremotos estavam deixando-o bastante perturbado.

- Ah... Hibari está certo... Vamos... Nos atrasar... - Disse ele, desviando o olhar de Lyubyty.

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Novamente aquela reação vinda de Yuuto. Ele é muito fofo...

Peguei na mão de Yuuto e me levantei, caminhando até a porta da sala.

- Vamos, princesa! - Falei para Aliella, "apontando" para o novo amigo dela.

Depois disso fui caminhando ao lado de Yuuto, eu gosto da inocencia dele, peguei sua mão e coloquei envolta de minha cintura.

Ignorei a provocação de Lyubyty, mas levantei-me e sai, voltando novamente ao pátio pra esperar o ônibus chegar.

Nem olhei pra trás, provavelmente ela estaria bulinando Yuuto e isso tava me deixando cansada. Também evitei olhar muito pra frente, pois Hibari não devia estar muito longe. Coloquei fones de ouvido e sentei-me próxima a onde o ônibus sairia.

Spoiler:

Spoiler:

Voltando a timidez normal, Yuuto se encolhe com a repentina aproximação de Lyubyty.

Quando os três alcançam o lado de fora do prédio da escola, tudo está um caos. Aparentemente, o alguns alunos haviam se ferido e os professores corriam de um lado para o outro carregando kits de primeiro socorros.

Dentre os professores, havia apenas um que parecia estar procurando um aluno em particular.

- Yuuto! Yuuto! - Gritava Kaoru.

Apenas continuei caminhando com Yuuto na direção do professor, segurando a mão de Yuuto que está em minha cintura.

Spoiler:

Ao notar a movimentação, Aliella corre pro lado de Lyubyty e Yuuto, procurando saber o que poderia ser feito pra ajudar/não atrapalhar. Tudo estava tão tenso que ela recusava-se a olhar por muito tempo.

Spoiler:

Procuro um professor com kit de primeiros socorros para cuidar do meu braço.
Quase me divirto vendo o caos instaurado.

Spoiler:

Ao avistar o irmão, Kaoru demonstra um misto de alívio e preocupação no rosto.

- Você está bem?? Não consegui te achar aqui fora, pensei que algo tivesse acontecido! - Disse ele, se aproximando do irmão. Estava tão concentrado que nem notara o fato deste estar praticamente agarrado com Lyubyty.

- Eu estou bem... - Respondeu Yuuto. O tom que ele usava para falar com o irmão era claramente mais desinibido e mais confiante do que o usual, fato que não passou despercebido pelos ouvidos de Lyubyty.

Não parecia haver sinal de Shun nas proximidades, e os ônibus chegaram exatamente na mesma hora em que uma professora terminara de colocar um curativo no braço de Hibari.

Spoiler:

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Pude perceber a diferença do jeito que Yuuto falava com seu irmão. Mas para mim pelo menos era normal, são irmãos oras.

Parei de olhar para os dois por um instante e pude ver os ônibus chegando.

- Agora precisamos ir, professor. - falei, interrompendo ou não o que eles estavam fazendo, pegando na mão de Yuuto e o levando até perto do ônibus mais próximo.

Spoiler:

Não conseguia lembrar o nome dessa professora.
Mas o fato dela ter feito meus curativos acabou prendendo minha atenção.
"Você é uma das professoras que vai nos acompanhar na viagem?" Me ouvi perguntando, sem muita certeza do por que, mas já torcendo por uma resposta positiva.

- Sim - Respondeu a professora, secando o suor na testa. Era o quinto aluno ferido que ela havia tratado nos últimos cinco minutos.

- Só temo que a excursão talvez venha a ser cancelada, com todos esses terremotos...

Continuei apenas ao lado de Lyubyty, mas observava o vazio pensando se realmente haveria passeio em pleno caos. Só queria me sentar um pouco...

Entrei no ônibus mais próximo com Yuuto, ignorando qualquer ser vivo que poderia estar lá dentro e o guei até o fundo do ônibus, sentando ao lado dele nos últimos bancos.

Decido ajudar a professora no que fosse necessário.
Então, fico por perto dela e tento ser útil.

Yuuto parecia nervoso sentado ao lado de Lyubyty. Algumas gotas de suor frio se reuniam em sua testa, e sua mão estava gelada como gelo.

- Os terremotos... De novo, os terremotos... - Murmurou ele, baixinho - Mas dessa vez não... Dessa vez não...

Enquanto isso, Hibari e a professora, cujo nome era Sanae, terminavam de tratar dos alunos.

- Obrigado - Disse ela - Mas você deveria se apressar. Os ônibus vão partir logo logo.

Eram três ônibus no total. Dois deles estavam cheios pela metade, enquanto o terceiro só possuía alguns passageiros. Um dos professores estava esclarecendo para um dos alunos que não é necessário embarcar no mesmo ônibus em que os outros membros do seu grupo estão.

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Fiquei um pouco confusa com a reação de Yuuto, não conseguia entender o que ele queria dizer.

- O que foi, Yuuto? - perguntei, pegando na mão dele.

Percebi o ônibus ficando cada vez com mais gente, mesmo conhecendo grande parte daquelas pessoas eu não me importava nem um pouco com o que elas poderiam pensar sobre eu e o Yuuto.

"Então, até mais professora!" Disse cordialmente.
Esperava encontrá-la de novo durante o passeio.
Vejo o ônibus em que Lyubyty entrou, imagino que Aliella irá no mesmo.
Escolho arbitrariamente algum dos outros dois.
Sento sozinho à janela.

Reflito bem se realmente quero ir pra esse passeio. Decido então por não ir e dou meia volta na porta do ônibus.