As Matas Esquecidas Onde Descansa o Samurai

- Obrigado, Hyouka. -- Disse Azriel, pegando o cristal.

Virou-se para Shiki e lhe estendeu a mão:

- Pegue-o como uma lembrança nossa. Como eu disse, não sabemos ao certo sua utilidade, mas acreditamos que esteja relacionado a poderes destrutivos. Você e o fragmento me passam a mesma sensação, então, acredito que você seja a pessoa mais adequada a tê-lo.

Shiki, que já havia avistado a sacerdotisa morta, recuperado sua adaga e colocado a cabeça dela numa estaca, aceita o cristal oferecido por Azriel.

"Huum... Obrigado." Agradeceu ele.

E como se fosse o óbvio a se fazer, Shiki encaixa o cristal na parte de sua venda rasgada pela flecha de Mathangi, colocando no buraco onde outrora estava um de seus olhos.

*Hikaru sente=se aliviado após descobrir que seus esforços foram recompensados com o fim das celestinas, embora não tivesse gostado de que o fim tenha sido a morte.*

- Gostaria agradecer também por terem nos ajudado e espero que possa desfrutar dessa nova vida, que graças à Yuma, consegui lhe entregar.

*Fala para Shiki e vira-se para Azriel.*

- É bom saber que as coisas acabaram bem aqui, mas mestre, nem tudo ainda está à salvo.

*Troca um olhar com Azriel e espera que ele leia os seus pensamentos.*

Spoiler:

Azriel observou Shiki encaixar o cristal onde outrora estivera um de seus olhos e admirou-se com aquela atitude. Ele parecia realmente a pessoa mais adequada a tê-lo, afinal.

Ao ouvir as palavras de Hikaru, Azriel foi tomado novamente pela preocupação. O menino com certeza se referia a Millo. O Líder ficou com o olhar distante, imaginando que provavelmente nem o garoto especialista em cura pudera fazer algo pelo conselheiro.
Antes que Azriel voltasse ao Santuário para verificar como Millo estava, aproximou-se novamente do corpo da Celestina Máxima, já sem cabeça.

O líder estava sério. Agachou-se ao seu lado e canalizou as forças de seu fragmento a fim de sugar a alma da mulher.

Shiki, que também tinha gastado quase toda sua feitiçaria durante a batalha, acaba imitando Azriel e suga o restante de alma de uma das arqueiras derrotadas.

Em seguida, ele começa a cavar covas rasas, uma para cada uma das inimigas.

"A história de vocês?" Pergunta ele para os Pronterianos, enquanto cavava o chão com a adaga.

- Nossa "casa" fica em grandes montanhas, mas nos vimos obrigados a sair de nosso lar devido ao fato do Lord Münm ter ofertado uma aliança para derrotar o rei celestial, então partimos com o intuito de enfrentá-lo e derrotá-lo, mas sozinhos não podemos e esperávamos conseguir apoio de outros feiticeiros das outras casas.

*Hikaru falava enquanto pegou algumas flechas e começou a ajudar a cavar.*

"Entendo..." Respondeu Shiki.

"E porque vocês se aliaram a Münm? Digo, porque querem matar o Rei Celestial?" Perguntou ele, depositando o cadáver da arqueira cuja alma havia devorado na primeira cova.

Azriel começou a ajudar da forma que podia a cavar as covas.

- É isso mesmo que o Hikaru disse. Vivíamos pacificamente até certo tempo, quando várias coisas estranhas começaram a ocorrer após a chuva de estrelas que caiu sobre a Terra do Exílio. Tempos depois, fomos informados por Lorde Mümn a respeito de uma guerra iminente, e que nosso Santuário estava em risco. A princípio, duvidamos dele, mas resolvemos iniciar nossa jornada até o Santuário para restaurar nossa magia, mas antes passamos pela Morada do Ancião, fizemos algumas perguntas a ele, e quando estávamos prestes a finalmente alcançar o Santuário, fomos cercados pelas Celestinas. Eu sinceramente pensei que morreria em dado momento, mas felizmente a sorte pareceu estar do nosso lado e conseguimos derrotá-las.
Quanto a Lorde Mümn, a princípio tivemos nossas dúvidas, mas pelo que estamos vendo, ele estava falando a verdade quando disse que o Santuário corria perigo. Além disso, essas Celestinas serviam ao Rei Celestial. Se elas eram capazes de atos tão cruéis, imagino que aquele a quem elas serviam não seja diferente.

- O Lord Münm pode ter feito grandes crueldades com os feiticeiros, mas eu o conheci pessoalmente, já o servi como líder do seu esquadrão medico e sei que é um homem de honra e quando diz uma coisa é porque não voltará atras com sua palavra.

*Termina um cova e passa a cavar outra*

Shiki escreve um curto epitáfio em um casco de madeira e o coloca junto às covas. Em seguida, ele apanha a cabeça decepada de Mathangi e a deixa empalada junto ao casco.

"Aqui jaz a frota de arqueiras celestiais liderada por Mathangi, sacrificadas em nome de Nühr por Shiki de Turandor, A Elfa Lavínea, Hikaru de Prontera, Azriel de Prontera e Hyouka de Prontera."

"Deve servir." Disse ele, admirando a obra e depois voltando ao trabalho.

"Então... Vocês agem por 'justiça'? Pretendem matar o cruel Rei Celestial e depois viverem felizes para sempre com seus companheiros? Bem, não que faça diferença..."

"E porque me ressuscitou?"

- Acredito que um homem não deve morrer enquanto não tiver feito o que tinha de fazer em vida. Além do mais, prometi a mim mesmo que faria sempre o meu possível para impedir que meus companheiros morram e mesmo você não sendo um, foi a forma que encontrei de agradece-lo por nos ajudar nesta difícil batalha.

*Hikaru falou enquanto olhava a armação deita por Shiki.*

Azriel ouviu a pergunta de Shiki e em seguida a resposta de Hikaru, concordando com o menino.

- E em relação ao motivo pelo qual agimos... Justiça? Bom, não sei se seria exatamente isso. De qualquer forma, não podemos permitir que tentem tomar nosso Santuário. Aqueles que o fazem são nossos inimigos. E você está certo, pretendemos viver em paz depois que essa guerra tiver terminado. Poder voltar à minha Fortaleza com meus amigos sãos e salvos e sem preocupações é o que mais quero.

Azriel limpou as mãos e observou as inscrições de Shiki, notando que o homem pertencia a Turandor.

- E a Casa Turandor, como está diante dessa situação de guerra?

"Francamente? Eu não sei. Nunca fui muito... Enturmado com meus ditos 'companheiros'. Com excessão de um esqueleto chamado Todd na verdade, não me lembro de conversar muito com nenhum deles." Respondeu Shiki, enterrando mais um cadáver.

"Mas me lembro de um homem... Walter se não me engano. Ele queria propor uma aliança contra o Rei Celestial, e a cobra que ele havia aprisionado me causou sérios problemas..." Continuou ele, sorrindo. "Eu sériamente quero matá-lo...".

Lunata havia desmaiado depois de usar magia demais. Ela não sabia o que acontecera, mas estava longe do local do combate e intacta. Sentou-se e viu Luther ao seu lado.

- Que acontecestes? - ela afastou seus cabelos loiros para trás, retirando alguns capins e folhas dele.

- Estais tudo bem, senhora. A natureza quando viu que tu estavas desacordada, trouxeste até aqui.

Lunata agradeceu internamente e levantou-se. Apoiou-se na espada e percebeu que estava tudo bem. Ela andou até onde estavam seus amigos e outra pessoa estranha. Havia também um corpo ali...

- Desonrei meus votos à vocês, meus amigos. Jurei protegê-los e acabei fracassando, tendo de ser salva pela natureza.

Ela ajoelhou-se sobre uma perna, ainda com a mão sobre a espada.

- Um elfo nunca quebra suas palavras, mas hoje vi-me quebrando-as...

Luther acomodou-se ao pescoço dela e mordeu sua orelha.

- Não sou tão forte quanto achavas. Sou apenas uma herbolária que foi treinada com armas desde quando começara a andar e demonstrar seus poderes - ela abaixou a cabeça - Por isso peço que aceite-me, mesmo tendo sofrido sem meu auxílio, quando mais precisastes.

"Quem é essa figura?"

- Uma elfa.

Ela olhou-o.

- Lunata Vranci, herdeira de Ariana Vranci. Herbolária e vivente na Floresta Ânciã até pouco tempo atrás, porém agora vivo na Fortaleza Prontera.

Luther levantou a cabeça e farejou o ar.

- Ele fez parte da batalha, senhora. Ele tem um cheiro desagradável...

Lunata ergueu a mão e ele parou de falar.

- Entendo... -- Disse Azriel a Shiki. -- Então você não aceitou a aliança de Sir Walter contra o Rei Celestial? Ou aceitou a aliança, mesmo que tenha esse problema pessoal com ele?

Azriel viu Lunata aparecer próxima a eles. O Líder não havia notado que a elfa estava desmaiada por ali o tempo todo. Ouviu suas palavras e disse em tom amigável:

- Não se preocupe, Lunata. Felizmente deu tudo certo.

- Agradeço-lhe as palavras, Azriel. Ajudarei na próxima.

Shiki terminou de trabalhar com as covas, limpou sua adaga e se virou para responder à pergunta de Azriel.

"Não sei."

E depois de pensar um pouco mais, ele concluiu.

"Acho que só quero matar os dois mesmo."

Quando a chuva se acabou, um arco íris se formou sobre o campo de batalha. A luz refletida nas gotas de orvalho anunciava a chegada do sol, que brilhava sutilmente entre as nuvens matinais que em breve se abriam para darem lugar ao céu azul. O verde dos bambus contrastava com o vermelho do sangue ao chão, mas naquele momento a natureza pareceu bela e completa, apesar de todos os acontecimentos.

Lavinea se dirigiu até Lunata e lhe fez um cumprimento élfico, dizendo:

- Consigo sentir em você o cheiro de pinheiros anciões, e vejo nos seus olhos o brilho da chama da sabedoria. Admiro-lhe. Sou Lavinea, da linhagem de Crystalia, venho do reino onde a natureza é bruta e absoluta. É um prazer estar em sua presença, Lunata Vranci, pois de sua mãe fui pupila e devo a ela meu conhecimento sobre as artes da Visão.

Ela virou-se para os demais feiticeiros.

- É a hora de partir. Estou seguindo para Allibricis e, como sei que nunca mais irei vê-los, desejo boa sorte para enfrentarem o perigo que está por vir. Shiki, permaneça com eles e não dê trabalho a eles, caso contrário, todos serão entregues à morte. Eu cuidei de suas feridas e o protegi quando precisou, mas não estarei mais aqui para tomar conta de suas atitudes impensadas. Um homem sem sabedoria não é verdadeiramente um homem.

Um trovão estourou no céu, escurecendo-o por um segundo enquanto um meteoro esverdeado, rápido como uma flecha e pesado como uma bala de canhão, chocou-se contra uma área a cerca de cem metros de onde eles se encontravam. Todas as cores pareceram se inverter quando aconteceu a explosão, que também causou um impacto estrondoso e potente o suficiente para abalar as estruturas da terra, fazendo com que um vento poderosíssimo balançasse furiosamente as árvores e arremessasse todos ao chão.

- Depois de cinco mil anos, o samurai que descansa nas Matas Esquecidas despertou. - profetizou Lavinea, cobrindo o rosto contra a poeira esvoaçante. - No dia em que o céu for vermelho como o sangue e as nuvens forem negras como a morte, um estrela cadente verde como a sorte anunciará a vinda do vingador. É o Dia da Vingança.

Quando a elfa proferiu estas palavra, o céu foi tingido por um escarlate intenso e vibrante como o sangue espalhado ao chão. O sol parecia uma esfera laranja e ameaçadora que os espiava como um olho demoníaco por detrás das nuvens escuras, lançando sobre eles uma luminosidade avermelhada e mortífera.

A gravidade pareceu se tornar mais pesada, esmagando os feiticeiros com uma aura aterradora, sedenta e sanguinária.

Hyouka que apesar de não ser acertado por nada além do que fosse mágico, sentiu a pressão do ar no ambiente e foi até levado pelo vento por alguns metros. Percebeu a onda de impacto com as árvores sendo arremeçadas e seus companheiros indo ao chão.
Sentiu, a dimensão do problema que haviam entrado novamente, sentiu o peso de uma coisa quase como a morte lhe empurrando para baixo, mas não hesitou, e foi ajudar a levantar seus companheiros.

-Hey vocês estão bem??? - Hyouka estendeu as mãos para os companheiros- Pelo o que a elfa ali disse, nós estamos no meio de outro problema. . .e dos grandes, rápido, vamos recuperar nossa magia e tentar algum plano, Não podemos ficar parados, mesmo com este ar díficil de suportar, pois o tal vingador deve estar por perto, e se formos trombar com ele eventualmente, devemos estar prontos!

Azriel, que havia caído no instante em que a terra estremeceu, ouviu com surpresa a profecia recitada por Lavínea, e levantou-se com a ajuda de Hyouka, dizendo ao companheiro:

- Obrigado, estou bem. E sim, você tem razão. Eu não imaginava que algo assim pudesse acontecer... Pensei que nada aconteceria em relação à lenda do samurai, mas pelo visto estávamos enganados... Realmente, precisamos nos preparar para o pior. Vamos todos recuperar nossa magia, pode ser que precisemos lutar.

E mais uma vez, os cabelos de Azriel caíram sobre seus olhos, e a preocupação deu lugar à melancolia.

- E preciso ver como Millo está. -- O Líder já imaginava que encontraria o conselheiro numa situação similar à de antes.

Então, dirigiu-se ao Santuário a passos rápidos.

Shiki, que não pareceu se alterar com as palavras de Lavínea, parte em direção a onde o meteoro verde pousara.

"Precisamos de alguém para buscar mais daquelas garrafas, e Azriel parece ter outras prioridades. É melhor pelo menos um de vocês segui-lo." Disse ele, enquanto andava "O resto pode vir comigo. Prometo não matar ninguém."

Mas antes de se distanciar do grupo, ele toca uma última vez sua venda rasgada e direciona um último olhar para Lavínea.

"Obrigado por tudo. E... Eu não sou um homem. Sou um louco."

- Tem razão, eu irei. Pegaremos dois sacos e voltaremos o mais rápido possivel. - Se um tal não nos segurar denovo pensou Hyouka fazendo uma careta. E nisto correu de volta para o Santuário.

*Hikaru também se recuperou do estrondo e pôs-se de pé alojando seu arco em suas costas. Então ouviu as palavras de Shiki e viu Azriel e Hyouka indo até o santuário para buscar mas garrafas.*

- Concordo com sua ideia, mas eu não estou completamente recuperado, se me faltar energia em uma batalha próxima acabarei precisando usar das garrafas mais cedo do que poderia. Se esperar um estante poderei beber diretamente da finte e recuperar toda a minha energia e assim poupar as garrafas para ocasiões mais difíceis.

*ELe falou e esperou que os outros do lado de fora compreendessem. Então partiu para dentro do santuários, descendo as escadas rapidamente.*