As Matas Esquecidas Onde Descansa o Samurai

- Uma elfa.

Ela olhou-o.

- Lunata Vranci, herdeira de Ariana Vranci. Herbolária e vivente na Floresta Ânciã até pouco tempo atrás, porém agora vivo na Fortaleza Prontera.

Luther levantou a cabeça e farejou o ar.

- Ele fez parte da batalha, senhora. Ele tem um cheiro desagradável...

Lunata ergueu a mão e ele parou de falar.

- Entendo... -- Disse Azriel a Shiki. -- Então você não aceitou a aliança de Sir Walter contra o Rei Celestial? Ou aceitou a aliança, mesmo que tenha esse problema pessoal com ele?

Azriel viu Lunata aparecer próxima a eles. O Líder não havia notado que a elfa estava desmaiada por ali o tempo todo. Ouviu suas palavras e disse em tom amigável:

- Não se preocupe, Lunata. Felizmente deu tudo certo.

- Agradeço-lhe as palavras, Azriel. Ajudarei na próxima.

Shiki terminou de trabalhar com as covas, limpou sua adaga e se virou para responder à pergunta de Azriel.

"Não sei."

E depois de pensar um pouco mais, ele concluiu.

"Acho que só quero matar os dois mesmo."

Quando a chuva se acabou, um arco íris se formou sobre o campo de batalha. A luz refletida nas gotas de orvalho anunciava a chegada do sol, que brilhava sutilmente entre as nuvens matinais que em breve se abriam para darem lugar ao céu azul. O verde dos bambus contrastava com o vermelho do sangue ao chão, mas naquele momento a natureza pareceu bela e completa, apesar de todos os acontecimentos.

Lavinea se dirigiu até Lunata e lhe fez um cumprimento élfico, dizendo:

- Consigo sentir em você o cheiro de pinheiros anciões, e vejo nos seus olhos o brilho da chama da sabedoria. Admiro-lhe. Sou Lavinea, da linhagem de Crystalia, venho do reino onde a natureza é bruta e absoluta. É um prazer estar em sua presença, Lunata Vranci, pois de sua mãe fui pupila e devo a ela meu conhecimento sobre as artes da Visão.

Ela virou-se para os demais feiticeiros.

- É a hora de partir. Estou seguindo para Allibricis e, como sei que nunca mais irei vê-los, desejo boa sorte para enfrentarem o perigo que está por vir. Shiki, permaneça com eles e não dê trabalho a eles, caso contrário, todos serão entregues à morte. Eu cuidei de suas feridas e o protegi quando precisou, mas não estarei mais aqui para tomar conta de suas atitudes impensadas. Um homem sem sabedoria não é verdadeiramente um homem.

Um trovão estourou no céu, escurecendo-o por um segundo enquanto um meteoro esverdeado, rápido como uma flecha e pesado como uma bala de canhão, chocou-se contra uma área a cerca de cem metros de onde eles se encontravam. Todas as cores pareceram se inverter quando aconteceu a explosão, que também causou um impacto estrondoso e potente o suficiente para abalar as estruturas da terra, fazendo com que um vento poderosíssimo balançasse furiosamente as árvores e arremessasse todos ao chão.

- Depois de cinco mil anos, o samurai que descansa nas Matas Esquecidas despertou. - profetizou Lavinea, cobrindo o rosto contra a poeira esvoaçante. - No dia em que o céu for vermelho como o sangue e as nuvens forem negras como a morte, um estrela cadente verde como a sorte anunciará a vinda do vingador. É o Dia da Vingança.

Quando a elfa proferiu estas palavra, o céu foi tingido por um escarlate intenso e vibrante como o sangue espalhado ao chão. O sol parecia uma esfera laranja e ameaçadora que os espiava como um olho demoníaco por detrás das nuvens escuras, lançando sobre eles uma luminosidade avermelhada e mortífera.

A gravidade pareceu se tornar mais pesada, esmagando os feiticeiros com uma aura aterradora, sedenta e sanguinária.

Hyouka que apesar de não ser acertado por nada além do que fosse mágico, sentiu a pressão do ar no ambiente e foi até levado pelo vento por alguns metros. Percebeu a onda de impacto com as árvores sendo arremeçadas e seus companheiros indo ao chão.
Sentiu, a dimensão do problema que haviam entrado novamente, sentiu o peso de uma coisa quase como a morte lhe empurrando para baixo, mas não hesitou, e foi ajudar a levantar seus companheiros.

-Hey vocês estão bem??? - Hyouka estendeu as mãos para os companheiros- Pelo o que a elfa ali disse, nós estamos no meio de outro problema. . .e dos grandes, rápido, vamos recuperar nossa magia e tentar algum plano, Não podemos ficar parados, mesmo com este ar díficil de suportar, pois o tal vingador deve estar por perto, e se formos trombar com ele eventualmente, devemos estar prontos!

Azriel, que havia caído no instante em que a terra estremeceu, ouviu com surpresa a profecia recitada por Lavínea, e levantou-se com a ajuda de Hyouka, dizendo ao companheiro:

- Obrigado, estou bem. E sim, você tem razão. Eu não imaginava que algo assim pudesse acontecer... Pensei que nada aconteceria em relação à lenda do samurai, mas pelo visto estávamos enganados... Realmente, precisamos nos preparar para o pior. Vamos todos recuperar nossa magia, pode ser que precisemos lutar.

E mais uma vez, os cabelos de Azriel caíram sobre seus olhos, e a preocupação deu lugar à melancolia.

- E preciso ver como Millo está. -- O Líder já imaginava que encontraria o conselheiro numa situação similar à de antes.

Então, dirigiu-se ao Santuário a passos rápidos.

Shiki, que não pareceu se alterar com as palavras de Lavínea, parte em direção a onde o meteoro verde pousara.

"Precisamos de alguém para buscar mais daquelas garrafas, e Azriel parece ter outras prioridades. É melhor pelo menos um de vocês segui-lo." Disse ele, enquanto andava "O resto pode vir comigo. Prometo não matar ninguém."

Mas antes de se distanciar do grupo, ele toca uma última vez sua venda rasgada e direciona um último olhar para Lavínea.

"Obrigado por tudo. E... Eu não sou um homem. Sou um louco."

- Tem razão, eu irei. Pegaremos dois sacos e voltaremos o mais rápido possivel. - Se um tal não nos segurar denovo pensou Hyouka fazendo uma careta. E nisto correu de volta para o Santuário.

*Hikaru também se recuperou do estrondo e pôs-se de pé alojando seu arco em suas costas. Então ouviu as palavras de Shiki e viu Azriel e Hyouka indo até o santuário para buscar mas garrafas.*

- Concordo com sua ideia, mas eu não estou completamente recuperado, se me faltar energia em uma batalha próxima acabarei precisando usar das garrafas mais cedo do que poderia. Se esperar um estante poderei beber diretamente da finte e recuperar toda a minha energia e assim poupar as garrafas para ocasiões mais difíceis.

*ELe falou e esperou que os outros do lado de fora compreendessem. Então partiu para dentro do santuários, descendo as escadas rapidamente.*

Shiki resolve esperar os pronterianos. Havia coisas em sua cabeça nas quais ele precisava pensar, e o tempo extra lhe foi bem vindo.

Lunata ouviu Lavinea. Ela havia ficado anos fora de sua terra natal, mas lembrava-se de que sua mãe tivera uma pupila, somente não soubera seu nome. E agora ela estava ali, em sua frente.

- Prazer em conhecê-la, Lavinea da linhagem de Crystalia. Ariana Vranci, minha mãe era muito sábia. Com os conhecimentos dela que passou-me pude ajudar a todos pelos lugares que passei.

Ela fez uma reverência e voltou a ficar em pé.

Ela escutou a profecia de Lavinea e sua mente vagou para dentro da profecia. Fechando os olhos para não ter contato com a poeira, escutou atentamente. Não conseguia expor suas ideias diante de tal profecia. Ela nunca havia passado por dentro dessa mata, só pelas bordas em sua jornada. A lenda do Samurai era conhecida por muitos de Exiled. Não pensara que acontecesse em hora mais escura.

- O dia está chegando... - comentou, embainhando sua espada.

- Eu gostaria de poder encontrá-la na vida que virá após esta que vivemos. - continuou a elfa para Lunata. - Ainda temos muito o que aprender uma com a outra, mas infelizmente isso não será possível enquanto caminharmos por estas terras amaldiçoadas. Tempos melhores virão em outras eras e quero poder te encontrar quando esse momento chegar. Agora deixarei este lugar. Meu objetivo para com vocês já foi cumprido, minha missão agora se estenderá para outras direções.

Lavinea deu as costas para o grupo, ignorando o que Shiki dissera. Ela não era e jamais seria uma pessoa insistente. A sabedoria lhe fora oferecida, mas aceitá-la ou não dependia dele e apenas dele.

Entre as folhas e bambus, logo a elfa se perdeu de vista.

Azriel saiu pelo portal carregando Millo nos braços. Ao olhar para os que estavam lá, viu que Lavinea já havia partido. Imaginou que a elfa já tivesse seguido viagem.
Viu Shiki esperando, pensativo.

- Nós já iremos verificar o que causou a explosão na mata, mas antes, preciso improvisar uma maca para que possamos carregar Millo, pois ele foi tomado por uma paralisia e já não pode mais andar. Você também poderia me ajudar a cortar alguns bambus com sua adaga?

Azriel deixou o conselheiro encostado em um dos troncos de bambus e começou a recolher troncos mais finos que pudessem servir para a maca.

@Edit:

Instantes depois, Azriel lembrou-se do que Hyouka havia dito pouco antes de saírem do Santuário. Estava tão perdido em pensamentos que não ouvira o fantasma naquele momento, então, foi tomado por uma preocupação súbita. Ao notar que o conselheiro parecia mais imóvel que o usual, Azriel largou imediatamente o que estava fazendo e correu para seu lado. O Líder sentia que algo estava errado.

- Millo... Millo...

Azriel pronunciava o nome do conselheiro num tom carregado de desespero. Passou uma das mãos pelo rosto de Millo e o trouxe para mais perto de si, abraçando-o. As lágrimas do Líder já escorriam ininterruptamente.
Naquele momento, o coração do Líder foi tomado por uma tristeza que jamais imaginou sentir diante da morte de alguém. Até aquele momento, acreditava que, de alguma forma, as coisas ainda poderiam acabar bem, e que, com um pouco de sorte, poderia viver com o conselheiro como desejava. Em meio às lágrimas, Azriel murmurava:

- Eu queria tanto que você continuasse comigo, Millo... E se fosse preciso, eu continuaria cuidando de você e dedicaria minha vida para buscar uma forma de reverter sua situação. Me desculpe, afinal, tudo isso foi culpa minha. Eu que queria do fundo do coração protegê-lo, falhei nessa tarefa. Falhei como a pessoa que deveria estar ao seu lado... Mas eu realmente acreditei que fôssemos destinados a ficar juntos. -- Enquanto isso, Azriel enlaçava os dedos do conselheiro nos seus. -- De todas as pessoas que conheci na minha longa existência, nunca me senti tão ligado a ninguém como me senti ligado a você. Depois de tudo que passamos, só podia ser você a pessoa certa. Foi por tudo isso que tive esperanças de que as coisas dariam certo, no final. Eu vi em você a esperança de algo novo na minha vida.

As lágrimas de Azriel molhavam o conselheiro.

- Me perdoe, Millo...

Às costas de Azriel, uma pessoa desconhecida chamou:

- Azriel, o Líder da Casa Prontera? - perguntou a voz feminina e jovial. Quando o aggelus se virou, notou que a garota vestia uma armadura metálica e tinha longos cabelos castanhos. - Me chamo Adeline e estou à sua procura devido ao pedido de Lorde Mümn. Eu sou da Casa Prontera e já visitei o santuário outras vezes, mas o senhor não me conhece, pois estive por um longo tempo na Lua Gwyrddfor, no Plano Astral Estelar. Morei na cidade de Arianlleuad desde a morte do antigo líder e fui convocada de volta à este mundo através de uma visão. Fui até a Fortaleza Prontera, mas está praticamente vazia nesses tempos de guerra, então pedi informações à guardiã para que eu pudesse lhe encontrar e aqui está você!

A garota pareceu ignorar completamente a condição de Millo e o estado de espírito de Azriel.

Azriel, ainda segurando Millo, continuava chorando silenciosamente enquanto ouvia Adeline. Quando ela terminou de falar, o Líder enxugou um pouco as lágrimas dos olhos para responder à pronteriana:

- Compreendo... E sim, Azriel sou eu. Em que posso ajudá-la? -- Sem soltar Millo, o Líder passava uma das mãos pelos olhos para tentar conter as lágrimas que teimavam em escorrer.

Hyouka ao ouvir a menina falar interviu na conversa - Olá senhorita, ouvi dizer que está a procura de nosso líder em comum por causa de um pedido de Lord Mumn, qual o seria??? - Hyouka pergunta

Spoiler:

- O senhor está bem?? - Adeline colocou a mão no queixo, analisando o estalo de Azriel e Millo. Vendo que a coisa parecia mais séria do que pensara à princípio, aproximou-se do conselheiro e tocou o rosto dele com a palma da mão. - Há quantos dias ele sofreu um banimento?

Antes que o Líder respondesse, a garota se virou para Hyouka.

- Olá! Bom, creio que o pedido tenha sido o mesmo para todos. Ele quer que estejamos juntos para que possamos ir ao Castelo Proibido derrotar o Rei Celestial, coisa que não é nenhum pouco impossível para nós, que somos da Casa Prontera e temos o sangue dos heróis em nossas veias!

- Então iremos até ele ou esperaremos até que nos encontre lá?

*Hikaru falou mas logo lembrou-se de algo.*

- Espera! Você disse que veio da onde mesmo? Lua Gwyrddfor? Foi isso?

*Antes de esperar para ouvir a resposta da moça ele se virou para o mestre.*

- Mestre, sei que pode não ser o melhor momento, mas lembra-se de quando estávamos no santuário e o Millo sussurrou algo sobre: Prisão estelar. Lua Arianaur? Talvez tenha alguma relação.

- Não estou muito bem... Ele era uma pessoa importante para mim. -- Azriel olhou para o rosto de Millo, depois virou-se novamente para Adeline. --"Banimento?" Na verdade, ao que parece, ele foi o preço pago pela minha consulta ao Ancião. Ele só piorou desde então, até... ficar como você o está vendo agora. E ele está nesse estado atual já faz alguns minutos. -- Azriel levou novamente a mão aos olhos.

Depois de ouvir a resposta da garota para Hyouka, Azriel diz a ela:

- Eu estava receoso a respeito da batalha contra o Rei Celestial, afinal, o poder do Rei nos é desconhecido, mas espero que possamos cumprir essa tarefa, como você disse. Admiro seu otimismo. -- Azriel olhou novamente para a garota, tentando esboçar um sorriso.

Ao ouvir Hikaru dirigir-se a ele, o Líder ficou pensativo por um momento.

- Você tem razão, Hikaru. Pensei que Millo estivesse delirando, mas pode ser que Adeline saiba de alguma coisa.
Adeline, você tem conhecimento sobre essas palavras que Hikaru acabou de mencionar? Elas foram as últimas palavras sussurradas por este homem antes que ele morresse.

Cheia de si por se sentir astuta, ela abriu um sorriso e disse:

- Lua Arianaur? É claro que eu sei! É um dos lugares mais mórbidos do Plano Astral Estelar, que é onde cintilam todas as estrelas e todas as luas, mesmo que os humanos da Terra do Exílio não possam enxergá-las. A Lua Gwyrddfor, de onde eu vim, é um verdadeiro paraíso prateado onde cidades cristalinas brilham eternamente para clarear as noites sem fim. Mas Arianaur é muito diferente... lá é o lugar onde fica a chamada Prisão Estelar. É para onde vão as almas que são banidas de seus corpos geralmente por não cumprirem uma promessa ou por terem que pagar uma espécie de penitência. Assim que toquei o rosto desse rapaz adormecido, soube que era esse o caso. Mais alguma pergunta?

Ela colocou as mãos na cintura, sentindo-se a mais sábia de todas as garotas.

Azriel quase ficou sem palavras.

- Então... Então, pode ser que ele esteja lá?! Você disse "adormecido", então isso significa que a alma de Millo ainda está viva na Prisão Estelar? E você sabe se existe alguma maneira de recuperar uma alma banida? Primeiramente, é possível ir até lá?

Azriel parecia entusiasmado.

Adeline deu uma risadinha e falou:

- Claro que é possível! Como acha que eu fui parar lá? Você apenas precisará de um robe das estrelas ou de algum outro artefato mágico semelhante. O meu já estava muito velho e gasto, sempre errava a localização exata na hora do teletransporte, então tive que jogá-lo fora quando cheguei à Terra do Exílio, não queria que pessoas conhecidas me vissem usando uma coisa horrorosa daquelas! Felizmente eu tenho um conhecido em Shandrya que poderia tecer um novo a qualquer momento. Posso pedi-lo para ele fazer um masculino, quem sabe no formato de um manto, para que você possa usar e ir atrás de seu amigo! Tenho certeza de que ele está vivo e de que ele está esperando por você, ainda mais se ele tomou consciência de sua localização e ainda conseguiu informá-la à vocês antes mesmo que fosse completamente afetado pelos efeitos do banimento.

Shiki repentinamente se aproximou e interrompeu a conversa.

"Certo, certo, que felicidade. Agora, podemos conversar enquanto andamos ou fazemos alguma coisa? Caso contrário, eu vou me sentir inclinado a matar um de vocês, no mínimo. E eu não gosto de matar vidas que eu acabei de salvar."

Adeline olhou para Shiki com desdém.

- Uau, temos aqui um mestre da simpatia, que tocante.