Enquanto o fogo voa as estrelas caem (1º parte)
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Enquanto o fogo voa as estrelas caem (1º parte)
A falta de lenha
Começou a nevar, venta forte, mas não tão forte quanto naquela tarde.
Essa fraca vela que me ilumina o quarto produz-me a lembrança da agonia daquela batalha.
Porém esta também produz uma sombra feminina que me acalma... A mulher encapuzada que me trata.
Reluzente meu aço repousa a meu lado, ainda banhado pelo sangue daqueles que caíram por minha lâmina...
... E as memórias voltam como uma visão projetada naquele quarto...
Era 28 de novembro, tínhamos celebrado o festival do abate matando o gado que tínhamos levado conosco e salgando sua carne para conservá-la; se bem que o frio do inverno já era suficiente para isso.
Montamos cerco à cidade burguesa de Ferenir já no começo da primavera e, desde então, nossos trebuchets disparavam incansavelmente contra as muralhas da cidade.
Uma barbacã fortificada defendia os portões principais da cidade tornando nosso trabalho mais difícil do que parecia quando partimos do norte, de Khopengül: a cidade dos guerreiros.
Os trebuchets atiravam, atiravam, atiravam... Mas muitos dos projéteis erravam, atingiam o chão ou passavam por cima das muralhas atingindo a cidade.
A noite os defensores reparavam parcialmente os danos feitos pelos projéteis aos muros de pedra da cidade, e isso arrastava ainda mais o cerco.
Ferenir era banhada por um vasto rio que tinha sido bloqueado pela nossa marinha, e tinha um enorme porto comercial por onde fluíam imensas quantias de moedas. Tanto que atraiu a cobiça dos nossos líderes e, assim, marchamos para tomá-la.
O que antes parecia um festejo com homens sonhando com as mulheres que estuprariam ou a fortuna que fariam agora transformava-se em lamento em meio a espirros e gemidos de frio dos soldados.
Pelo menos estávamos bem providos. Uma linha de suprimentos enviava constantemente comida, roupa, flexas e uma vasta floresta ao leste nos mantinha bem abastecidos com boa lenha para que pudéssemos enfrentar o inverno.
Eu era líder de um grupo de contato direto, cavaleiros e cavalos com armaduras de placas pesadas, grandes escudos e lanças montadas que se atiravam contra o inimigo com o intuito de fazer desmoronar qualquer parede de escudos que o defensor viesse a montar.
Atacávamos em linha ou com uma formação em V, dependendo do inimigo. Nos colocávamos próximos ao lado uns dos outros e, em sincronia, baixávamos as longas, pesadas e pontiagudas lanças montadas segundos antes de toneladas de aço e músculos se chocarem contra um inimigo que nada podia fazer se não tivesse cavado um fosso, já que os peitorais de aço dos cavalos quebravam ou resvalavam a maioria dos piques que pudessem ser usados pela infantaria inimiga.
O frio se apertava em minha tenda quando fui buscar mais lenha e percebi que esta estava em falta. Estranhei a situação. Tínhamos grupos especialmente destacados para cortarem as árvores e nos abastecerem constantemente com lenha. A floresta demoraria pelo menos 15 anos para ser totalmente cortada, isso se fosse cortada o ano inteiro... Só precisávamos da lenha no inverno.
-Os lenhadores não voltaram da última viagem, milorde. Um grupo de batedores foi enviado para procurá-los na manhã de ontem mas ainda também não voltaram. -declarou um sargento ao ver minha expressão de espanto com a falta de lenha.-
O que poderia ter acontecido àqueles homens? Será que Ferenir conseguira mandar agentes pelas nossas linhas e teria contratado mercenários? Ou será que a lenda dos lobos gigantes era real e aqueles homens tinham sido vítimas de uma alcatéia? Tudo o que eu sabia é que a lenha fazia falta, tanta falta que se não a tivéssemos em quantidade suficiente teríamos de, na pior das hipóteses, abandonar o cerco e voltar para casa derrotados. Pois não poderíamos sequer cozinhar.
Voltei ao meu alojamento e alertei meus homens.
-Estejam prontos para montar após o almoço, precisamos descobrir o que acontece nas florestas ou morreremos todos congelados!
Partimos logo após a refeição, todos bem armados e com poucas provisões, já que não pretendíamos passar a noite acampando entre as árvores.
Pode parecer estranho ter cavaleiros com pesadas armaduras em meio a uma floresta, mas isso dificulta o sucesso de emboscadas que podem vir de qualquer canto. Passamos o dia vasculhando os sítios de extração de lenha. Rastros de sangue, ferramentas abandonadas, um cavalo que se perdeu em meio ao combate, tudo o que poderia nos indicar o destino de nossos camaradas poderia nos ajudar. Porém mal encontrávamos pegadas e, quando as encontrávamos, eram de algum animal selvagem que por alí havia passado. A neve caia sem cessar e os 30 homens que eu tinha levado comigo começaram a reclamar do frio e da noite que se aproximava. Passar a noite alí era assinar uma sentença de morte por diversos motivos... Mas algo não permitia que eu deixasse o local então tomei uma decisão um tanto amalucada: mandei meus homens sob a liderança do meu segundo em comando voltarem para o cerco antes de mim; eu ainda tinha negócios inacabados.
Fim da primeira parte.
Começou a nevar, venta forte, mas não tão forte quanto naquela tarde.
Essa fraca vela que me ilumina o quarto produz-me a lembrança da agonia daquela batalha.
Porém esta também produz uma sombra feminina que me acalma... A mulher encapuzada que me trata.
Reluzente meu aço repousa a meu lado, ainda banhado pelo sangue daqueles que caíram por minha lâmina...
... E as memórias voltam como uma visão projetada naquele quarto...
Era 28 de novembro, tínhamos celebrado o festival do abate matando o gado que tínhamos levado conosco e salgando sua carne para conservá-la; se bem que o frio do inverno já era suficiente para isso.
Montamos cerco à cidade burguesa de Ferenir já no começo da primavera e, desde então, nossos trebuchets disparavam incansavelmente contra as muralhas da cidade.
Uma barbacã fortificada defendia os portões principais da cidade tornando nosso trabalho mais difícil do que parecia quando partimos do norte, de Khopengül: a cidade dos guerreiros.
Os trebuchets atiravam, atiravam, atiravam... Mas muitos dos projéteis erravam, atingiam o chão ou passavam por cima das muralhas atingindo a cidade.
A noite os defensores reparavam parcialmente os danos feitos pelos projéteis aos muros de pedra da cidade, e isso arrastava ainda mais o cerco.
Ferenir era banhada por um vasto rio que tinha sido bloqueado pela nossa marinha, e tinha um enorme porto comercial por onde fluíam imensas quantias de moedas. Tanto que atraiu a cobiça dos nossos líderes e, assim, marchamos para tomá-la.
O que antes parecia um festejo com homens sonhando com as mulheres que estuprariam ou a fortuna que fariam agora transformava-se em lamento em meio a espirros e gemidos de frio dos soldados.
Pelo menos estávamos bem providos. Uma linha de suprimentos enviava constantemente comida, roupa, flexas e uma vasta floresta ao leste nos mantinha bem abastecidos com boa lenha para que pudéssemos enfrentar o inverno.
Eu era líder de um grupo de contato direto, cavaleiros e cavalos com armaduras de placas pesadas, grandes escudos e lanças montadas que se atiravam contra o inimigo com o intuito de fazer desmoronar qualquer parede de escudos que o defensor viesse a montar.
Atacávamos em linha ou com uma formação em V, dependendo do inimigo. Nos colocávamos próximos ao lado uns dos outros e, em sincronia, baixávamos as longas, pesadas e pontiagudas lanças montadas segundos antes de toneladas de aço e músculos se chocarem contra um inimigo que nada podia fazer se não tivesse cavado um fosso, já que os peitorais de aço dos cavalos quebravam ou resvalavam a maioria dos piques que pudessem ser usados pela infantaria inimiga.
O frio se apertava em minha tenda quando fui buscar mais lenha e percebi que esta estava em falta. Estranhei a situação. Tínhamos grupos especialmente destacados para cortarem as árvores e nos abastecerem constantemente com lenha. A floresta demoraria pelo menos 15 anos para ser totalmente cortada, isso se fosse cortada o ano inteiro... Só precisávamos da lenha no inverno.
-Os lenhadores não voltaram da última viagem, milorde. Um grupo de batedores foi enviado para procurá-los na manhã de ontem mas ainda também não voltaram. -declarou um sargento ao ver minha expressão de espanto com a falta de lenha.-
O que poderia ter acontecido àqueles homens? Será que Ferenir conseguira mandar agentes pelas nossas linhas e teria contratado mercenários? Ou será que a lenda dos lobos gigantes era real e aqueles homens tinham sido vítimas de uma alcatéia? Tudo o que eu sabia é que a lenha fazia falta, tanta falta que se não a tivéssemos em quantidade suficiente teríamos de, na pior das hipóteses, abandonar o cerco e voltar para casa derrotados. Pois não poderíamos sequer cozinhar.
Voltei ao meu alojamento e alertei meus homens.
-Estejam prontos para montar após o almoço, precisamos descobrir o que acontece nas florestas ou morreremos todos congelados!
Partimos logo após a refeição, todos bem armados e com poucas provisões, já que não pretendíamos passar a noite acampando entre as árvores.
Pode parecer estranho ter cavaleiros com pesadas armaduras em meio a uma floresta, mas isso dificulta o sucesso de emboscadas que podem vir de qualquer canto. Passamos o dia vasculhando os sítios de extração de lenha. Rastros de sangue, ferramentas abandonadas, um cavalo que se perdeu em meio ao combate, tudo o que poderia nos indicar o destino de nossos camaradas poderia nos ajudar. Porém mal encontrávamos pegadas e, quando as encontrávamos, eram de algum animal selvagem que por alí havia passado. A neve caia sem cessar e os 30 homens que eu tinha levado comigo começaram a reclamar do frio e da noite que se aproximava. Passar a noite alí era assinar uma sentença de morte por diversos motivos... Mas algo não permitia que eu deixasse o local então tomei uma decisão um tanto amalucada: mandei meus homens sob a liderança do meu segundo em comando voltarem para o cerco antes de mim; eu ainda tinha negócios inacabados.
Fim da primeira parte.
Última edição por Panzertruppe em Qua Fev 08, 2012 3:52 pm, editado 1 vez(es)
Re: Enquanto o fogo voa as estrelas caem (1º parte)
Que cool! <3 Viajei lendo sua fic e acabei tendo umas idéias pra minha. *-* Parece que você entende bastante do tema.
As outras partes serão postadas aqui no concurso mesmo ou serão feitas como contos à parte?
As outras partes serão postadas aqui no concurso mesmo ou serão feitas como contos à parte?
Re: Enquanto o fogo voa as estrelas caem (1º parte)
As partes "de guerra" dela serão postadas aqui.
Só não sei se devo postar neste mesmo tópico ou criar outro p'ras outras partes (?)
Essa fic vai ter uma parte "pacífica" depois que talvez postarei na área de fanfics.
Só não sei se devo postar neste mesmo tópico ou criar outro p'ras outras partes (?)
Essa fic vai ter uma parte "pacífica" depois que talvez postarei na área de fanfics.
Re: Enquanto o fogo voa as estrelas caem (1º parte)
Amei. Bem escrito e trouxe um clima bom.
Eu disse que leria e li.
Eu disse que leria e li.
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